tag:blogger.com,1999:blog-82309016902028869602024-02-06T20:55:34.300-08:00(En)fada(da) do larOrganização, arrumação e perfeição não são o meu forte...Projetos inacabados, arrumações sem fim, novas ideias entusiasmantes, mas que nunca passam da minha imaginação e muita, muita coisa por fazer, eis aqui, o diário dos meus fracassos...Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.comBlogger97125tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-14355661692211509102021-04-25T15:50:00.001-07:002021-04-25T16:31:44.934-07:00<p style="text-align: center;"><span style="font-family: courier; font-size: medium;"><b> 25 do 4</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: courier; font-size: medium;"><b>Explica-me o que é, que eu não entendo!</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: courier; font-size: medium;"><b>É aquela luz para lá das trevas? Ou não passa de um cravo na lapela?</b></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; font-size: large; text-align: center;"><span style="font-family: courier;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzzDtUfB30Wq9v8eW58DpPMGOv7Tpq2klEaRuqd5AQQ0RQWzo2zfLd7y2VfnsKne23Ghi5UlrmCkI5Wp60FrcbiGVBwfS-qa7y8INy4WuFhnhS38BCKfHX1cE94D_tbH3JIyticVcttdU/s2048/25+de+Abril.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzzDtUfB30Wq9v8eW58DpPMGOv7Tpq2klEaRuqd5AQQ0RQWzo2zfLd7y2VfnsKne23Ghi5UlrmCkI5Wp60FrcbiGVBwfS-qa7y8INy4WuFhnhS38BCKfHX1cE94D_tbH3JIyticVcttdU/s320/25+de+Abril.JPG" width="320" /></a></span></div><span style="font-family: courier;"><br /><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span style="font-weight: 700;"><br /></span></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span> </span>Neste dia, as ruas enchem-se de paradas. Vilas e cidades, por este País a fora vestem-se a rigor e observam com ar solene os seus representantes locais a hastear bandeiras, ao som de bandas filarmónicas, nos seus melhores trajes. </div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> Na Capital, as ruas enchem-se de cravos nas lapelas, e ouvem-se os costumeiros chavões <i>o povo unido jamais será vencido....</i> Festeja-se a liberdade, vive-se a alegria da rutura com um passado sombrio e obscuro. Apregoam-se vitórias populares e diviniza-se o povo, o grande motor do sucesso da queda do <i>fascismo</i> em Portugal. Sabem o que é fascismo? Sabem que nunca houve fascismo em Portugal????</div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> Não tenho bem a certeza, mas sou capaz de apostar que este povo aguerrido, ao chegar a casa, no conforto do sofá, ouve e vê as notícias do País. E agora pode ver tudo com muita clareza e transparência, pois homem sisudo do <i>lápis azul </i>já foi banido do sistema. E viva a liberdade de expressão! </div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> Adiante, <i>o povo unido</i> revolta-se com as notícias, a corrupção, os tachos, a falta de honestidade, de rigor... Então, o <i>povo</i> <i>une-se</i>, cada um no seu sofá, cada um na sua casa tece soluções, reclamações, <i>eu fazia isto, eu abolia aquilo, onde já se viu...</i> Tudo sem sair do sofá, mas ainda assim continua sendo useiro e vezeiro do maldito chavão que não deixa o País andar para a frente - <i>Ninguém faz nada!!!</i><br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><i> </i>Pois, sem sair do sofá é difícil. Aqui só entre nós, vou dizer uma coisita. Quando em nasci, em 1977, o meu Pai estava na cidade do Porto. Na altura, pertencia ao Regimento de Engenharia n.º1 como Oficial de Engenharia Militar, Capitão Máximo. </div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span> </span>Para quem não sabe, e porque há milhares de pessoas que não sabem muito bem as razões das paradas a que assistem com furor, no 25 do 4, o golpe de Estado rebentou, de madrugada, ao som da <i>Grândola Vila Morena</i>, situando-se o Centro de operações no Quartel da Pontinha, sede do Regimento de Engenharia 1.<br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span> Ou seja, tudo isto para dizer que sou filha de um Capitão de abril. </span></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span> Por</span> graça apetece-me contar que uma jovem estudante de Belas Artes, um Engenheiro Militar e uma cadela Cocker preta, por magia do amor transformaram-se num belo casal com dois filhos e sucessivos amigos de quatro patas. Se se lamenta que ao atropelar a cadela Iara, que se lançou à estrada, ela se tenha magoado, <i>menina</i> de orelhas pretas compridas, que eu tanto puxei, só posso estar eternamente agradecida.<br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> E foi precisamente no 25 do 4 que a minha Mãe (que na altura ainda não o era) se arranjou a rigor, como sempre, para enfrentar mais um dia de aulas. Eis senão quando...<i> trimmm trimmm</i> <i>Oh Elsa, não sais de casa, não perguntes nada e fica em casa!!!</i><br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><i> </i>Ao som da música do Zeca Afonso, aos poucos a cidade e um pouco por todo o País ouviam-se gritos de revolta, os megafones divulgavam a mudança, apelavam à revolta. Militares armados, tanques de guerra, carrinhas do Exército. <br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span> Na António Maria Cardoso fazia-se um cerco aos carrascos, esses demónios pidescos que arrancavam unhas, privavam os prisioneiros do sono e outras tantas maldades inspiradas nos Tribunais da Inquisição.</span><br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> Marcelo Caetano foi levado para O Quartel da Pontinha, para o dispensar de um linchamento anunciado. Julgando ser arrastado por um carrasco da revolução, foi um sortudo, calhou-lhe um Oficial de abril amável, humano, sensato e inteligente. Foi então o tal do Capitão Máximo que teve a incumbência de dar o <i>corpinho</i> para fazer de escolta perante o populacho descontrolado. Ainda conservo o bilhete de agradecimento que entregou ao meu Pai, ao partir para o exílio.<br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> Revolução, mudanças, conquistas e liberdade não me dizem nada. Não passam de chavões. Na minha modestíssima opinião, a <i>liberdade de expressão</i> tida, como a maior das conquistas, é a maior conquista do 25 do 4.<br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span> Finalmente somos livres de dizer as baboseiras que quisermos, falar do que não sabemos, criticar no vazio da nossa ignorância e, finalmente, sermos historiadores da Revolução de abril.</span><br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> O que sabemos dela afinal? Sou historiadora da contemporaneidade, investigo há muitos anos certas áreas do Estado Novo, com a partida do meu saudoso Pai, consegui aceder a alguns documentos do Exército que me abriram nos dados e conhecimentos. E ouvi muitas histórias de tentativas de ocupações, de arrastar pessoas pelos cabelos injustamente e por <i>diz-se que diz-se....</i> </div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> Mas o melhor de tudo foi o facto de o meu Pai ter tido muita sorte ao não ter morrido quando lhe puseram uma bomba no carro na cidade de Pinhel. Pois, <i>quem goza com quem trabalha</i>, em tempos de <i>povo unido</i>, pode não durar muito tempo. </div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span> Quando o agora Major X, de Lisboa, pediu ao meu Pai que organizasse uma campanha cultural para o povo, estando em Pinhel a trabalhar para a reconstrução nacional no MFA como Engenheiro Militar, não priorizou a proposta, muito pouco útil, aliás. </span></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"> Foi assim que o seu humor sarcástico e inteligente quase lhe roubou a vida - <i>Olha, estou a construir estradas e a dotar o país de infraestruturas,</i> para campanhas culturais não há vagar. Já que estás empenhado, trás braços para trabalhar!<br /></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: center;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>BUMMMMMM</b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="color: red; font-size: x-large;"><b>💣</b></span></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span> A minha Mãe conhece melhor do que eu quanto o meu Pai sofreu ao ver os resultados de um golpe em que participou, em que depositou sonhos, expetativas, esforços... E foi compadecida desta sua dor, que me pediu que escrevesse à Presidência da República.</span><br /></div><div style="text-align: justify;"><span><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span><span> E eu escrevi....</span><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span><span><br /></span></span></div></span><p></p><p class="MsoNormal"><i>Excelentíssimo Senhor Presidente da República Portuguesa,<o:p></o:p></i></p><div style="text-align: justify;">
<p class="MsoNormal"><o:p><i> </i></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><i>Dirijo-me a Vossa Excelência na qualidade de filha de um
falecido Oficial de Engenharia Militar, Major José António Batista Máximo,
nascido a 9 de setembro de 1941 e falecido a 4 de abril de 2007, aos 65 anos,
vítima de doença prolongada. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>No mês passado, condecoraram-se personalidades de
reconhecida intervenção na implementação dos objetivos do golpe de Estado de 25
de abril de 1974.<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Os protagonistas da História não têm todos a mesma
visibilidade. Não pela maior ou menor importância, mas devido à sua personalidade,
forma de estar na vida ou convicções. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Como cidadã e historiadora, dirijo-me a Vossa Excelência,
suplicando-lhe que não permita que o papel e empenho dos Militares de
Engenharia do Exército Português, no Movimento da Reconstrução Nacional, se apague
da memória coletiva. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Como ele, houve muitos outros valorosos oficiais de
Engenharia Militar que, pelo País profundo, dinamizaram, habilitaram e
desenvolveram populações, vilas, aldeias e lugarejos. Não gravitaram no palco
político, participaram na construção do cenário. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Foi outra estratégia de batalha pela igualdade social e
cultural. Empenharam os seus esforços a fazer o que melhor sabiam. Colocaram os
seus conhecimentos técnicos ao serviço da igualdade de todos. Unificaram o
País, encurtaram as distâncias físicas, traçaram estradas e muito mais, para
que os portugueses se fossem libertando dos grilhões do isolamento. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Não se pode falar de conquistas do 25 de abril sem mencionar
igualdade económica, social e cultural. Assim, calar a intervenção destes
valorosos homens de comando é calar uma parte importantíssima das conquistas do
25 de abril. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>A maior das conquistas, julgo eu, não é a liberdade de
expressão. É a de fazer o bem, fazê-lo bem, com consciência de dever, com
empenho, sem perder de vista a universalidade dos direitos, liberdades,
garantias e deveres, única condicionante do exercício de uma cidadania
consciente. Julgo que deixar na sombra este ensinamento da nossa História é
limitar o potencial do futuro. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>O meu Pai integrou o grupo restrito de Capitães de abril,
onde na altura se encontrava aquartelado, no Regimento de Engenharia n.º 1.
Fiel a si próprio, era uma pessoa reservada, dinâmica e muito pragmática.
Portugal carecia de infraestruturas básicas e esse era o seu treino, a sua
competência, a sua missão e o seu espírito de dever.<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Acerca dele em particular, passo a citar um excerto de um
louvor que lhe foi atribuído a 24 de julho de 1975, pelo Sr. Coronel de
Engenharia Arménio Gomes Santos Silva:<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>(…) Capitão de Engenharia n.º 50774911 – José António
Batista Máximo pela forma entusiástica como se tem dedicado aos trabalhos
atribuídos ao R.E. 1, como missão principal no âmbito da reconstrução Nacional.
(…) Com a sua alegria natural, a sua aptidão especial para tratar com as
populações, o seu humanismo e abnegação, tem criado sempre um ambiente de
descontração e entusiasmo, quer entre os seus subordinados, quer entre as
populações, no seio das quais os trabalhos se desenvolvem. Sempre atento e
interessado na resolução de todos os problemas técnicos e humanos que vão
surgindo, está o Capitão Máximo contribuindo de forma altamente positiva para a
ligação POVO – MFA.<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>(tenho outros documentos na residência da minha Mãe, sua
viúva)<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Porque não existem Movimentos duradouros sem milhares de
intervenientes, e porque por vezes os protagonistas que sobem ao pódio da
memória, não são necessariamente quem mais solidificou as grandes viragens
históricas, quem detém a representação soberana do País, também tem a
oportunidade e a honra de reconhecer quem lutou com outras armas, que não as
palavras, por um Portugal melhor. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Não preciso que façam do meu Pai um herói, ele foi-o, é, e
sempre o será para mim. <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Permita-se que se traga à luz o papel dos Oficiais de
Engenharia Militar que, calcorreando o País, deixaram um verdadeiro rasto de
espírito de revolução. Ainda hoje, usufruímos dos seus feitos. Temos o dever de
os honrar! <o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Respeitosamente e com muita gratidão pela atença dada a esta
mensagem,<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal"><i>Subscrevo-me</i><o:p></o:p></p></div><p style="text-align: center;"><span style="font-family: courier;"></span></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span><br /></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span><br /></span></span></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span><br /></span></span></div><div style="font-size: large; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><span> </span><br /></span></div><p></p>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-50091212895060704622020-05-11T10:42:00.001-07:002020-05-11T10:42:29.780-07:00Agora, Todos Espreitamos pela Mesma Janela<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiSSaIjOHFF-X1_M1WMOBxzcVhvHT_ge_XgJU17auCcpu84XLbtw84dqulE38z75LlUJ7VbKbJAbKFMIu7ice_eWkBI3k3rytB5O3CJRVQgb0ALPD0S-HpD69zi0d5fxmN6UwxOlxiigA/s1600/IMG_20200404_172637.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiSSaIjOHFF-X1_M1WMOBxzcVhvHT_ge_XgJU17auCcpu84XLbtw84dqulE38z75LlUJ7VbKbJAbKFMIu7ice_eWkBI3k3rytB5O3CJRVQgb0ALPD0S-HpD69zi0d5fxmN6UwxOlxiigA/s320/IMG_20200404_172637.jpg" width="240" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Ah pois é!</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Em tempos de confinamento social, devido à pandemia do Covid19, ficámos todos reduzidos à igualdade. As epidemias à escala global oferecem-nos estas lições de vida.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Historicamente, as pandemias têm o condão de brindar a Humanidade com a tão almejada<b> Igualdade</b>. Embora esse conceito esteja na boca do mundo, poucos são aqueles cuja língua não é traída pelos comportamentos e ações. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Já tenho vertido muitas letras sobre o preconceito que ensombra os portadores de doença mental. Como membro dessa<i> comunidade</i> já vivi e presenciei o samaritano humanitário a desprezar os <i>loucos</i>. A minha experiência nestas lides é tal, que adquiri a capacidade de "ouvir" a cara daqueles que dizem desprezar quem nos despreza. E da cara ecoam outras palavras…</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><i></i><i></i><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O preconceito é fruto da ignorância, do desconhecimento e falta de informação. Se nem todos podemos ser informados e gostar de procurar informação, todos temos o dever de estar quietos e calados, mesmo tendo vontade de menosprezar e maltratar alguém gratuitamente. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Há uns tempos, gente de valores dúbios, empenhou-se em destruir a minha família (por motivos que não vou mencionar) apropriando-se do facto de eu sofrer de doença bipolar. Não foi difícil inventar umas larachas bizarras para ser incriminada. Afinal, ser-se bipolar ou agressora e criminosa era a mesma coisa. Não houve lugar a grandes averiguações, dado que a bipolaridade seria em si a explicação. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Algumas das pessoas que tomaram parte neste "evento", são exatamente as mesmas que, publicamente e, através dos seus cargos também públicos, se pavoneiam em escolas e sessões, apregoando os valores da igualdade, da tolerância e da paz entre todos. Pior, há quem esteja ligado ao ensino. E, revolveu-me as entranhas saber que disseram ao meu Filho, na escola, que a mãe era maluca. Eis ao que chega a maldade dos<i> tolerantes dissimulados</i>.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O meu Filho, quando tinha seis anos, ao ser arrastado para esta mar de maldade, não conseguia compreender por que razão o facto de a mãe ter uma doença era motivo de gozo. A sua lógica era muito simples - porque gozam, se podem ficar doentes? Sempre soube que o M. era uma criança inteligente. Mas dada a sua tenra idade, pergunto-me: ele é muito inteligente, ou há adultos demasiados estúpidos? Fica a pergunta no ar.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Contextualizado o problema da discriminação, dos efeitos nefastos e devassos do estigma nos doentes e respetivas famílias, passo ao cerne da questão.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Em séculos idos, também as pestes atingiram camponeses, clérigos e nobres, tanto inferiores, superiores e poderosos entre si, em vida, como reduzidos a ossos, todos iguais, na morte. Tempos que esporadicamente foram contrariando a ideia de que existem pessoas mais importantes do que outras. Épocas que reduzem os homens à mesma<i> pobre</i> igualdade, grandeza ou insignificância. </span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Nas Catacumbas de Paris, a visão de milhares e milhares de ossos, que nem a vista alcança, depressa nos transporta para a certeza de que, um dia, também os nossos ossos se confundirão com todos os outros. A Capela dos Ossos, em Évora, integra essa corrente social, que invadiu toda a Europa, também ela invadida por epidemias mortíferas e em grande escala.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Hoje, assistem-se a fenómenos estra</span><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">nhos. No mesmo prédio, onde cai a lágrima, ao ouvir a notícia de que o médico acabou de salvar outra vida, risca-se-lhe o carro, por ter lá o seu apartamento, e ter o descaramento de ir lá descansar, depois de um turno de 48 horas, a tentar salvar mais uma vida, mas ainda assim, tem a ousadia de poder vir a contaminar os vizinhos. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Mas será que ocorre aos habitantes desse prédio que, numa ida ao supermercado, poderão, também eles, voltar contaminados, e por sua vez, ostracizados por quem, há dias atrás, discriminava em uníssono consigo?</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A minha experiência, infelizmente, diz-me que a discriminação, apesar de sintomática do calibre social, mental e humano de quem a pratica, investe o seu agente de uma presumida superioridade face ao alvo. O mesmo é dizer que a pessoa que incorre no crime da discriminação julga-se legitimamente impune face à sua prática. Numa linguagem mais bárbara, o mesmo é dizer que, aquele que discrimina coloca-se a si mesmo num plano de superioridade, face a outras camadas populacionais. E eis-nos numa idade social, pouco mais evoluída, do que a dos tempos medievais.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não sou versada em Antropologia ou Sociologia, mas recorrendo a alguns conhecimentos científicos e à minha experiência pessoal, de muitos anos como vítima de preconceito, permito-me ter uma opinião formada acerca do tipo de pessoas que adota estas posturas. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Infelizmente, muitas pessoas, julgando-se num ilusório plano de superioridade pessoal, social e intelectual, encontram-se tão convencidas da realidade da imagem que fizeram de si mesmos, que, quando cai o pano, e se apercebem que valem tanto, ou tão pouco como todos os outros, sofrem. Sofrem porque só sabem viver ostracizando e inferiorizando os denominados<i> diferentes</i>. Só aí, conseguem cair na sua vulgaridade e, com sorte, se apercebem que também fazem parte deste bolo que é a Humanidade.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Nesta Humanidade, em tempos idos, apedrejavam-se os leprosos. Mas as leprosarias estavam povoadas por muitos daqueles que, meses antes, se riam e atiravam pedras e esses pobres excluídos, grupo a que passaram a pertencer. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Há fenómenos que têm destas coisas. A lepra, a peste negre, a SIDA, a COVID19, a<i> loucura</i>… </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">R<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">eduzem-nos à igualdade. </span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Pena que seja desta maneira, mas a verdade é que me agrada ver que, quer queiramos, quer não,<i> agora todos espreitamos pela mesma janela...</i></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><i></i><i></i><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><i></i><br /></div>
<div>
<br />
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><i></i><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br /></div>
Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-47690680508782563062019-09-10T17:06:00.002-07:002019-09-10T17:06:50.223-07:00Muda o Filme e Compra as Pipocas (A Minha Rentrée III)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVwRSQuwNi3vJpZLalSkOiBVdE6wL49ZP9aUodOLEPi7Kpt_TQ5tNpLNR0b8UuEU_lIXuSMAqmhuLQbPneM4uXUAON33VoCFm_8rEHgZPqDE83yJJeF3UHiMtwrHH67pbhmpjhqa9vHZA/s1600/IMG_20190415_164213.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVwRSQuwNi3vJpZLalSkOiBVdE6wL49ZP9aUodOLEPi7Kpt_TQ5tNpLNR0b8UuEU_lIXuSMAqmhuLQbPneM4uXUAON33VoCFm_8rEHgZPqDE83yJJeF3UHiMtwrHH67pbhmpjhqa9vHZA/s320/IMG_20190415_164213.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Este blog, para mim, para além de ser um lugar de partilha de informação, de <i>modus vivendi</i>, de receitas e afins, nestes últimos tempos, acabou por se transformar num muro onde derramei muitos pensamentos, certas revoltas, mas também muitas verdades sombrias acerca da natureza humana que, quando aliada ao<i> não sei de nada</i> e<i> a culpa não foi minha</i>, assume contornos macabros e mesmo inimagináveis.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">É hábito dizer-se que,<i> o sol, quando nasce, é para todos</i>.<i> O Triunfo dos Porcos</i>, por seu turno, é bem claro quanto à igualdade dos seres humanos, pois uns são "mais iguais do que outros". Quanto a mim, no alto dos meus 42 anos vividos, julgo que a história do sol é a correta, mas como o quotidiano português se faz de igualdades mais iguais do que outras, só existe um remédio para se ter direito ao sol - LUTAR!</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Não aquela luta baixa da prepotência e do coletivo anónimo contra o ser individual, mas da luta pela verdade e pelo que se acredita. Por vezes, é preciso calcorrear muito, não à procura da verdade, porque essa não se muda, mas do rasto da verdade. Como investigadora, versada em pesquisa documental, consegui seguir o rasto desse caminho, encontrei-o e estruturei-o. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Sempre achei o povo luso pouco dotado de ação e muito versado em conversa sobre a ação que<i> os outros</i> não têm coragem de fazer. Ou seja,<i> falam, falam, falam</i>… Sofri problemas gravíssimos relacionados com corrupção moral, difamação, obstrução de justiça, abuso de poder, e confesso que ainda não corri o<i> Código Penal</i> até ao fim, para continuar a somar os c. de que a minha Família foi vítima. Tomando o fio à meada, foi-me pedido (em contexto de sigilo profissional) os meus contactos para auxiliar vítimas como eu (sim, nós não fomos os únicos). A triste verdade é que o medo continua a imperar neste Portugal que, afinal, não difere daquele dos poderes primitivos e arbitrários. O sistema local, para mim, consegue assumir contornos verdadeiramente, não pidescos, pois isso é eufemismo, mas estalinistas. Já para não falar da ignorância generalizada acerca de muitas coisas. Mas a pergunta permanece sempre na minha mente - Se não sabe, por que é que fala???</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Passado é passado, atos são atos, declarações são declarações, registos são registos, verdades são verdades e, como contra fatos não há argumentos, já está longe das minhas mãos, não são contas do meu rosário e, doravante, somos apenas aqueles que viram, sentiram, viveram e gastaram… <i>para o que der e vier</i>...</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Adoro de coração os "virar de páginas". Quando a tragédia bate à porta, vai-se à luta, cai-se por terra, levanta-se, torna-se a cair, mas eu acredito que acabamos sempre por superar. Sofro de perturbação bipolar, e quando adoeço não tenho esta capacidade funcional, pois fico simplesmente catatónica, na pior das hipóteses, e obviamente, não tenho forças para nada. Mas estes, são aspetos ignorados por muitas pessoas, pois acredito (ou quero acreditar) que se não fossem tão ignorantes não fariam ou diriam certas coisas. Fiz este à parte para que, alguém que me esteja a ler e seja também portador desta doença, não julgue que não é capaz de ir à luta como todas as outras pessoas. Estas coisas não são condicionadas por doenças, mas por formas de estar na vida.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">A verdade é que há coisas que nos passam por cima, como se de um tornado se tratasse. À sua passagem, fica um rasto de destruição. Mas tudo o que é destruído, se faz falta, precisa de se reconstruir. Nessa reconstrução, repensam-se as estruturas, reforçam-se as paredes e previnem-se estragos futuros. O tornado perde a força, e, se houver próximo, tudo será diferente e menos difícil. Nós, como família, mas principalmente como casal, pois o nosso Filho tem que ser preservado a todo o custo, estamos mais felizes, mais coesos, mais unidos e mais unidos do que nunca! </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">O ano letivo começa dentro de poucos dias. Este ano estivemos um mês e meio na praia. Houve espaço para descanso, sabor a vitória e um bronze daqueles que não tinha há muitos anos! Como passámos muito tempo fora, e fomos para uma casa nova que está ainda pouco equipada, a bagagem era mais do que muita. Trouxe também a roupa da estação nova, para o miúdo, uns trapos para mim e para o mais que tudo. Como viciada em produtos alimentares de toda a sorte, aproveitei para adquirir especiarias várias, ingredientes para bolachas caseiras, massas, etc.. Já cá estou há quase uma semana e ainda falta acabar de reestruturar os frascos da cozinha, de forma a poder encaixar estas coisas novas.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Há mais do que um ano que não conseguia ter aquela rotina que tanto me apraz. Na verdade foi tudo muito complicado, uma neurocirurgia tão delicada à coluna, não é compatível com tudo de que fomos vítimas. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Agora, posso sentir aquela satisfação que as rentrées sempre me deram. Tenho estado a trabalhar sobre planos de toda a ordem. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">As minhas atividades são mais que muitas. Há projetos pessoais que cristalizaram por via das circunstâncias, objetivos familiares em mira, ideias relacionadas com a gestão doméstica e orçamental. Em suma, a palavra de ordem é "colocar tudo em ordem". As atividades desportivas são para continuar, a alimentação para controlar e disciplinar. Farturas, churros, bolas de Berlim na praia e gelados precisam de ser banidos para repor a saúde do organismo (eu nem fui a que cometeu mais asneiras). Voltemos à rotina dos pequenos almoços nutritivos, apetitosos e saudáveis, bolachinhas caseiras (maioritariamente light, mas por vezes tradicionais), um bolo à quinzena (a meias com o meu ajudante de palmo e meio), elaboração de menus diversificados e completos e tantas outras coisas mais.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Quanto às atividades lúdicas em Família, optámos por manter o "Dia da Família", que é aquele dia fixo que tiramos apenas para usufruirmos uns dos outros. Aproveita-se para ver uma aldeia nova, rumar a uma feira local, fazer um picnic ou, em dias mais escuros e chuvosos, ir brincar na piscina usufruindo do bilhete familiar.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">De resto, haverá muita matéria nova para estudar em casa, fichas de avaliação para as quais será preciso treinar, gramática para explicar, contas para fazer e todas essas coisas que fazem parte da parentalidade participativa e consciente, nosso apanágio desde sempre. De resto, não nos podemos queixar, o M. é um menino inteligente, gosta de aprender, tem facilidade em fazê-lo, mas como todos os gaiatos, nem sempre tem a paciência necessária para estudar. Mas confesso que, muitas vezes, quando acordava de madrugada para poder estar "das nove às 5" no Arquivo em investigação para o Doutoramento, nem sempre tinha a paciência e energia necessárias para trabalho tão extenuante!</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">A mensagem que importa deixar, por hoje, é que, mais uma vez, volta a rentrée, pintada do encanto que eu gosto e me conforta. Não gosto muito de ter certezas quanto ao futuro (sei que há matérias que me vão ocupar bastante), mas manifesto muita vontade de retomar, exatamente onde fiquei. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Quanto ao blog, tentarei manter a assiduidade que era habitual, reabilitarei certas páginas que ficaram uma pouco abandonadas, e claro, a gerência doméstica reocupará o seu lugar. A organização da vida familiar será partilhada na sua vertente organizacional. Tenho muitos e variados interesses, tratar da minha família e ser mãe é uma prioridade e uma missão de vida, para mim. Com esta inspiração nasceu o <i>(En)fada(da) do Lar</i>, e será sempre esta a minha mira.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Chegou a rentrée, por favor, <i>troquem o filme, e comprem-se as pipocas</i>..</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Nota - Ressalva-se a inverdade de alguns conteúdos.</span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-66083800118199123172019-07-22T07:07:00.002-07:002019-08-02T18:06:49.733-07:00Tantos Livros Que Eu Já Li...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8-YkPYpgG2_m_7Yr4wKFHrJaA0RtvdYolBGZhVdUd1zFnvR2W2v9_PfcR2Djfa40IbRKHQSYEY4M9dY3mgRukfREbU5XCfGz6AwcQ7WOFjTsI37TryLYLDF_w41BqmmTHjG0sO6HKRms/s1600/IMG_20190620_234852+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8-YkPYpgG2_m_7Yr4wKFHrJaA0RtvdYolBGZhVdUd1zFnvR2W2v9_PfcR2Djfa40IbRKHQSYEY4M9dY3mgRukfREbU5XCfGz6AwcQ7WOFjTsI37TryLYLDF_w41BqmmTHjG0sO6HKRms/s320/IMG_20190620_234852+%25281%2529.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Parece que foi ontem. Numa última <a href="https://enfadadadolar.blogspot.com/2018/09/a-minha-rentree-ii.html" target="_blank">subida ao terraço</a>, do prédio, despedia-me das férias, sem saber o que seria o futuro. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não tarda, fará dois anos de uma enorme provação de toda a ordem. Se algum dia cheguei a duvidar que a noite deixasse, para sempre, a verdade escondida na sua escuridão, hoje, volto às terras de Caparica, certa de que cada pedacinho da história, cada palavra, cada ato, a claridade do dia abarcará. Quando se vive uma experiência, sabemos exatamente aquilo por que passámos. Hoje, amanhã ou daqui a um mês, diremos sempre a mesma coisa.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Qual detetive, após desvendar O Mistério, sinto um enorme alívio. Confesso que com tanta salganhada, já duvidava de mim mesma. Não que me sentisse insana (para azar de muita gente), mas porque não queria acreditar em muitas coisas que via desenrolarem-se à minha frente. Tão enganada andava eu, acerca da natureza humana. Acho que, quando temos a felicidade de estarmos rodeados de pessoas maravilhosas, não conseguimos conceber que resida tanto ódio, ganância, mesquinhice e tantas outras coisas feias, demasiado abjetas para estragar o texto.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Já fiz parte de um rebanho mais vasto, chamado Corpo Docente. Não no sentindo pejorativo, atenção. Para ser franca, não querendo ser parcial, a classe docente é uma das mais indispensáveis para um País. Pelos Bancos da Escola, passa o Portugal de hoje e do amanhã, mas também passou o de ontem. Os professores ensinam os filhos da Nação. Por seu turno, as crianças, adolescentes e jovens adultos, levam muita dessa educação para casa. O inverso também acontece, mas, muitas vezes, da pior maneira. Os miúdos trazem problemas graves, a nível comportamental, e os professores, a bem da prática harmoniosa das atividades letivas, precisam de ajustar estratégias capazes de manter um salutar convívio entre todos. Ser professor é um trabalho admirável, vital para o desenvolvimento da sociedade, acima de tudo, na sua génese, resulta da necessidade coletiva de se projetar no futuro, como se de um instinto de sobrevivência se tratasse. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Pena de que, de que um Niagara tão profícuo, jorrem, por vezes, águas tão poluídas. Há quem consinta na violência dentro da escola, se é para não ter trabalho ou não, não sei, mas sei que ouvir da boca de alguém que se diz professor:<i> são brincadeiras normais entre as crianças</i>, é aberrante. Se for daquelas<i> brincadeiras</i> que dão direito a Urgência Hospitalar, então, não tenho qualificativos para me referir a professores de tão fraca formação académica e pessoal! </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A escola é o laboratório onde se preparam seres humanos para rumarem ao futuro, munidos de utensilagem intelectual, psicológica e social que lhes permita fazer face à mudança, num esforço coletivo, tendo como objetivo a construção de um Portugal dinâmico, sério, sustentável e meritocrático e íntegro. E eu pergunto-me: onde é que fica a parte de resolver os problemas à estalada?? </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Numa escavação arqueológica: um diz que encontrou um percutor em quartzo e que é necessário referenciar, mas o colega diz que é só um pedregulho. Pois então, treinemos as nossas crianças para resolver estas questões ao murro, e ao pontapé! </span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Infelizmente, em muitas escolas, por via da estratégica "cabeça na areia", é confortável apelidar a violência de<i> brincadeiras normais</i>. Por essas e por outras, o meu Filho já está no Karaté. Quem sabe um dia, apanha no trabalho, um colega formatado neste discurso do coice!</span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><i></i><i></i><i></i><i></i><i></i><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Na minha Família, pela via materna, sou a terceira geração de professoras. Línguas Românicas, Educação Visual e História respetivamente. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Com a minha Avó Lu, aprendi, fundamentalmente, a Ciência da Didática, que ela transformava em arte de ensinar, não tivesse dado à estampa dezenas de manuais de Francês. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Com a minha Mãe, como sou pouco dada, ou interessada em Belas-Artes, conversei sobre História de Arte, mas, essencialmente, ela ensinou-me tantas, mas tantas coisas, na área da pedagogia. Mais do que décadas a dar aulas, meteu-se de cabeça a ajudar centenas de adolescentes, com os mais diversos problemas comportamentais. Tirou, cursos, formações, dominou problemáticas como a toxicodependência, delinquência infantil, abusos de menores, e tantas coisas mais. Tem o jogo de cintura que é preciso para dominar violência numa escola. Quer a nível de prevenção primária, quer secundária. Acabou por regressar à Universidade, onde fez uma dissertação sobre o assunto, conseguindo compilar toda uma séria de aprendizagens teóricas, bem fundamentadas no terreno. Uma escola na periferia de Lisboa, não é um sítio calmo para se trabalha, muito menos depois de perder um filho. Lamenta-se a existência de professores (pouco dignos do título e com práticas duvidosas) que estejam a leste disto tudo. A isto eu chamo de letargia social e profissional.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">42 anos, uns dirão que sou nova, outros que já sou cota. Não tenho a idade dos anos que vivi, mas do que muito vi. Há anos que passam por nós com menos tempestuosidade, outros nem por isso. Não me posso orgulhar de ter tido uma vida sem percalços, mas acho que isso deve ser transversal a muita gente. No entanto, o que tenho tido de feliz, tenho de complicações. Às vezes chego a pensar que a missão de vida de muitos infelizes, é moer a cabeça de gente sã e satisfeita.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Superei muitos obstáculos, perdi muitas batalhas e, pior do que isso tudo, perdi pessoas muito amadas. Amo, das mais diversas formas, muitas pessoas, sou amada e estimada por outras tantas. Tenho um casamento maravilhoso e, com a minha cara metade, divido a parentalidade de um menino que muito amamos e estimamos. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Quanto à minha Mãe, cujo amor incondicional por mim não tem par, não há qualificativos possíveis para definir uma relação tão peculiar e boa. No fundo, somos duas mulheres feitas que, com a força das circunstâncias, tiveram que aprender a não baixar a guarda. Costumo dizer que somos as sobreviventes da Família.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Há muitos anos, tendo deixado a vida laboral, consegui dedicar-me a muitos outros assuntos importantes, e até a tarefas, que um dia julguei ocas, mas que enchi de um importante conteúdo. Há umas semanas, recebi uma proposta para dar aulas numa Escola Superior de Educação, em Lisboa, e foi surpreendente a prontidão com que não aceitei. Há anos, isto seria impensável, mesmo com problemas de saúde, atirar-me-ia a uma missão destas, como já fiz no passado.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Que sou de saúde frágil, não é segredo para ninguém. Sou bipolar e, no dia em que o soube, recebi uma das melhores notícias da minha vida. A partir de então, orientei o meu caminho. À custa de medicação, sim. Ser doente ou tomar psicofármacos, embora constitua um pecado social, é um ótimo detetor de parvoíce e estupidez. São tantas as "bácoras" que se ouvem que, nem sei se ria, se chore!!</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Somam-se 24 longos meses, durante os quais, a minha Família foi atirada ao pântano. Eu, que sempre nadei em águas cristalinas, vi-me perante o desafio de ter de tirar o lixo do caminho. Tanto que eu aprendi. O que as pessoas fazem pelo poder, pela vingança, pela simples cobiça, ou puramente para salvar a pele. Foi mau, mas a verdade é que aprendi muitas coisas. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Uma das coisas que eu aprendi, é que muitos males fortalecem as famílias, em vez de as separarem. O meu Filho sofreu muito, mas a verdade é que sofrer também é crescer. E foi gratificante perceber que ele está fortalecido. Continua dócil, mas quando lhe batem, sabe defender-se. Se nos disserem, o seu Filho queria bater no colega porque este lhe bateu, e não é assim que se resolvem as coisas. Ai não? Decidam-se. Constou-me que, alguém disse a uma certa pessoa que eu cá sei, que foi lá fazer uma visita de vistoria, que a tareia é uma <i>brincadeira normal entre as crianças</i>. Pelos vistos, só quando o meu Filho apanha é que é <i>normal</i>! Quanta imparcialidade...</span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Eu tenho uma doença, que, do ponto de vista social, é das mais estigmatizantes. Cheguei a ser vítima de insultos verbais, de voz bem alta, na via pública (uma tipa aos berros na rua a chamar-me maluca?!). Digo isto, não pela importância que dou a esses gestos de baixo nível, mas para dizer que o meu Filho, como parte integrante desta dinâmica familiar, está devidamente consciente do assunto. Como pais responsáveis que somos, pedi conselho a uma amiga pediatra acerca da idade ideal para, os dois, fazermos uma visita formativa, a uma médica pedopsiquiatra. A mãe louca, de quem todos falam, não é a mãe que o M. vê em casa. Que seja um adulto bem formado, humano, empático e sensível, é o meu desejo. É para isso que me esforço como Mãe.</span><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"> Quantos aos <i>outros,</i> que continuem a fazer bom proveito de certas aprendizagens escolares e familiares, e resolvam os seus assuntos à chapada! As farmácias agradecem.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Quanto a mim, e ao nós familiar, continuaremos na nossa quintinha pacata. Não sabemos o que o futuro nos reserva, pois por vezes a podridão teima em não desintegrar-se facilmente. Mas ficamos com a certeza de que, depois de tanto que vivemos, num ano em que comemorámos uma década de matrimónio e, em que eu ganhei uma nova vida com as vértebras arranjadas, nos amamos e defendemos ainda mais. O M. interiorizou, à custa de muito sofrimento, que na verdade, na defesa pessoal pacífica, e no respeito pelo próximo, é que está a arte de viver com retidão. Podia ter virado, a despeito de todos os nossos esforços, mas não… </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Aqui fica um trecho de uma canção que escreveu, quando as aulas terminaram, chama-se -<i> Somos todos iguais.</i> Ainda para mais, um aluno de excelência. E sim…. tem <i>brincadeiras normais entre as crianças</i>, mas não incluem murros, nem pontapés….. Por cá cultiva-se o cérebro e não a violência!</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Quanto a mim, foram mais penas, mais aprendizagens, mais informação assimilada e aprendida, muitas pesquisas, muitas viagens, muita perseverança, muitas descobertas, desmontagem de muitos esquemas insólitos… a esplendorosa amoralidade de uma sociedade apodrecida, parca de valores elementares. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Sempre a crescer e a aprender. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A somar aos tantos livros que eu já li...</span><br />
<br />Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-9730687996464442482019-05-12T14:05:00.000-07:002019-05-12T14:05:06.044-07:00Derrubar Muralhas & Destruir Mitos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinEFyk3sQiUbvdLc4P0jikDJ4zztXlD8umtuy8N58BxTqUZ-cFm0AX6fR3lvtwKWGG7Q59Fz41lJmfcdjlHBDjrGQG4eEiUgBfTdQFJbSZTKIigcAzLdwWHfPjCv1rvs-XfENSEBNBDtk/s1600/Sic.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="383" data-original-width="680" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinEFyk3sQiUbvdLc4P0jikDJ4zztXlD8umtuy8N58BxTqUZ-cFm0AX6fR3lvtwKWGG7Q59Fz41lJmfcdjlHBDjrGQG4eEiUgBfTdQFJbSZTKIigcAzLdwWHfPjCv1rvs-XfENSEBNBDtk/s320/Sic.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Devo confessar que estou a transbordar de felicidade e de esperança. Não é segredo para ninguém o desprezo que sinto por qualquer forma de julgamentos gratuitos, insensatos, cruéis e movidos pela ignorância aleada a uma estranha e perversa maldade. Já verti muita tinta sobre o flagelo de todo o tipo de descriminação que se exerce sobre os portadores de doença mental, por estas terras a que chamamos país. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Pouco dada a misticismos, devo reconhecer que já passei por coincidências, no mínimo estranhas. A minha vida anda há mais de um ano a aguentar as consequências de eu ter visto os meus mais elementares direitos de dignidade humana violentados a céu aberto, porque carrego no corpo os genes da doença bipolar. Há um ano atrás, teria pensado que tal facto, no Portugal de 2019, não seria possível. Um ano volvido, porque estamos sempre a aprender, perdi a minha ingenuidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Enquanto tudo isto decorre, leio a famosa obra de Hitler, <i>A Minha Luta,</i> e não deixo de sorrir com a ironia de ter o desprazer de observar belos filantropos, da atualidade, a fazer exatamente a mesma coisa. Com um pouco de sorte, nas aulas de História, comentam a monstruosidade da doutrina nazi, e ensinam Cidadania, aquela acerca da qual não entendem um chavo! </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Estou sempre a ser aconselhada pelo meu amado Marido no sentido de me conter nas palavras. Melhor do que ninguém, ele sabe que sou muito pouco dotada de inteligência emocional. Não tenho queda, nem jeito, nem capacidade, para dizer o que se quer ouvir. Para mim as coisas são o que são, não douro pílulas, não invento histórias e, dentro da legalidade, movo-me pelos meus direitos, pelos direitos da minha família, tendo sempre presente o respeito pela minha integridade e honestidade que sempre me foi incutida. Nesta vida, se há coisa que não trago são pinóquios/as feitos de carne e osso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Neste país, onde abundam doutores e engenheiros que, desde a psicologia de bolso, à medicina em dez lições, são versados num pouco de tudo. Por todos os lados se ouve toda a sorte de opiniões bizarras que, mais do que parcas de conteúdo, se erguem em pés de barro. Acredito até que, quem as profere não sabe nem sonha que, tudo aquilo que se afirma tem que ter por detrás o conhecimento científico. O meu saudoso Pai, relativamente a isto, tinha uma expressão engraçada, da qual não me irei esquecer. Era engenheiro civil de profissão. Era comum, junto a obras na rua, estar um grupo de senhores reformados, observando as máquinas a trabalhar e tecendo as mais diversas teorias em relação aos trabalhos. A estes senhores, o meu Pai referia-se com ironia, tratarem-se dos <i>engenheiros de obras feitas</i>. Quando a conversa terminava, a obra estava feita!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">No fundo, ao nosso redor há um pouco de tudo, médicos, engenheiros, professores, advogados…. São normalmente pessoas desta estirpe, as primeiras a apontar o dedo, a desviar-se das responsabilidades das suas próprias faltas e as mais criminosas no que toca à descriminação do próximo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Preocupa-me este estado de coisas. Estou de momento a ler um livro que versa sobre o drama da segregação vivida nos EUA, enquanto membros do KKK matavam indiscriminadamente aqueles que, com base nas suas teorias biológicas, não mereciam tratamento humano. Verifico, no entanto, que, não sei por que artes mágicas, os preconceituosos estão infinitamente convictos de o não ser! Não admirando nenhum grupo segregador, confesso que tenho em melhor conta o KKK. A sua postura em relação à teoria das raças, pelo menos era admitida!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A discriminação só é crime se houver uma decisão tomada com base no tratamento diferenciado. Infelizmente, já fui vítima deste crime. Obviamente que será um crime praticado à vista de todos e consentido por todos. Hoje em dia, quando certas pessoas se atrevem a dizer-me que não me estão a discriminar, não tenho pejo em dizer que a conversa é bonita, mas que comigo não pega. Sim, tenho este grande defeito que só me faz arranjar problemas, pois muitas pessoas não gostam de ficar sem a máscara protetora do seu cinismo social. Para dizer <i>que sim, mas que também</i>, prefiro estar calada. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A triste realidade é que tenho um problema de saúde ao qual não posso fugir. Mas é verdade, também, que tenho de me defender dos bombardeamentos constantes de que sou vítima. E como já fui cravada de tantas balas, nada como uma boa vacina para ganhar imunidade. Confesso que, quando o meu Filho sofreu na pele as consequências da ignorância popular, custou-me horrores ver, impotente, a mágoa a que o expuseram porque a sua mãe, eu, fui socialmente catalogada de criminosa, por crime de doença congénita. Com as balas que me atingem, posso eu bem, mas fazerem o meu Filho pagar por isso é cruel. Vacilei, a minha alma tremeu e o meu coração entristeceu-se, mas cobriu-se de um negro, tão negro, como aquele que só as mães sabem sentir quando querem proteger os filhos. Perante a crueldade alheia, só me restariam duas opções, cair e esmorecer ou erguer a cabeça e lutar contra este crime hediondo, digno de neonazis desinformados. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não é meu apanágio, nem fugir dos problemas, nem esconde-los ou, mesmo, aceitar resignada injustiças ou faltas de respeito por mim, e pelos meus. Há alguns anos atrás, para minha surpresa, comecei a perceber que ser bipolar era vergonhoso. Ou melhor, que era algo que se devia esconder muito bem escondidinho. Devo dizer que demorei algum tempo a perceber os motivos desta ideia instalada. Hoje, sei que assim é porque, infelizmente, no Portugal democrático do pós 25 de Abril, está tudo rigorosamente na mesma, quiçá, pior! O populacho é mau e, ao que parece, a parábola bíblica do bode expiatório, é reflexo da natureza dos "vencidos da vida"!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Já conheci pessoas de várias idades, de vários níveis culturais e das mais variadas profissões, que padecem da mesma doença que eu. Na verdade, sou requisitada por muitas amigas da minha Mãe para falar com este ou aquele familiar. O busílis da questão é sempre o mesmo - medo do julgamento social face à doença mental! Isto é uma pouca vergonha! Acho desumano toda e qualquer forma de coação que imprima no doente a impossibilidade deste fugir a uma vida miserável. Quem está errado não é quem carrega a doença, mas quem violenta o doente, fala sem saber e julga sem moralidade!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Há muitos anos que me movo no combate à discriminação. No passado dia 26 de Abril, a convite da Sic, prestei-me a dar uma entrevista acerca da forma como se vive a bipolaridade, quer a nível pessoal, quer a nível social. Desde que me forneçam um microfone, falarei até que voz me doa, e quando já não conseguir falar, continuarei a escrever. Uma coisa é garantida, esta luta contra o estigma e contra o crime abjeto e socialmente consentido, da discriminação face ao portador de doença mental, ainda agora começou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Com a minha exposição pública, consegui reunir um grande grupo de pessoas que sofrem por ser doentes, que sofrem com a dificuldade em ajudar os seus entes, que sofrem miseravelmente esta dor inexplicável, sentida na costura entre o corpo e a alma, corrosiva, como só uma depressão major pode infligir. Estou satisfeita por ter conseguido encontrar um espaço de encontro entre nós, adaptado à realidade nacional, que diariamente vai tendo novos membros. No entanto, não deixo de estar muito desiludida com o que tenho visto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Revoltam-me as histórias de sofrimento atroz por que muitas pessoas têm passado. Pessoas excluídas, maltratadas, incompreendidas, ostracizadas, desprezadas e, sinceramente, não encontro mais palavras para descrever isto. No entanto, perdoem-me a petulância, mas, se nós somos desprezíveis, não sei o que serão aqueles que nos atribuem um sem número de designações bizarras. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Quem está a pensar mal? Hitler ou os judeus? Os negros ou o KKK? Onde fica a empatia, a humanidade, a compreensão pelo outro, a solidariedade? Enquanto não falarmos abertamente sobre a doença mental, sem tabus e sem vergonhas, ela não sairá do baú dos segredos. Certa vez, li um estudo acerca de<i> A Minha Luta</i> em que o historiador defendia a tese de que o livro devia ser legalizado em todos os países, como qualquer outro. Ele argumentava que, enquanto o livro fosse escondido do público, mantém o seu estatuto de "endeusado". E eu, embora também historiadora, atrevo-me a transpor esta teoria para o objeto em análise, considerando que esconder a doença mental contribui para perpetuar o seu estatuto<i> demoníaco</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><i></i><i></i><i></i><i></i><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">No fundo, no fundo, porque também tenho uma dose de gozona, quando surge em conversa, eu dizer que sou bipolar, aparece logo a exclamação cliché:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">- Ah! Não tem nada aspeto disso!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">- Pois, sabe, do aspeto não me queixo!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">E por aqui me fico!</span></div>
Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-91137375805342994272019-03-08T05:52:00.001-08:002019-03-08T05:52:30.431-08:00Tristes almas não dão lugar a Carnavais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvj-GAojB-s0xgt_u9ZlMieVr_i5EzGHTv4-2zX2suKtQX4nb1ty-9GtFIrQizSOIIKMKmVrFpm0K7el_HVELww-A1TZKLuVKUyKoaRfITHjJbSwJ2Uj1EkllsGOmq6miWheLQ59WpvgU/s1600/Carnaval+2019.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1023" data-original-width="767" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvj-GAojB-s0xgt_u9ZlMieVr_i5EzGHTv4-2zX2suKtQX4nb1ty-9GtFIrQizSOIIKMKmVrFpm0K7el_HVELww-A1TZKLuVKUyKoaRfITHjJbSwJ2Uj1EkllsGOmq6miWheLQ59WpvgU/s320/Carnaval+2019.jpg" width="239" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Carnaval que é Carnaval, além de música, é alegria e folia genuína. Há corsos, e corsos, desfiles e desfiles, fatos e fatiotas, mas no extravasar da alegria é que está a alma deste negócio que é a vida. É certo que o simbolismo da tradição está muito desvirtuado, mas também é certo que a sociedade, para seu bem, não se pode cristalizar. Aquilo que, desde a Grécia Antiga, tempo a que remonta esta tradição, não se terá alterado é o facto de podermos usufruir de uns dias de uma alegre liberdade.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><i>É Carnaval, ninguém leva a mal</i>, remete-nos para essa alegre liberdade. Sou amante acérrima da liberdade, mas daquilo que chamo de verdadeira liberdade, ou seja, da liberdade responsável. Não é porque me sinto livre que posso prejudicar gratuitamente a vida do próximo, claro está. Ao mesmo tempo, essa liberdade obriga-me a estar mais informada e a ser mais prudente no uso da mesma. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Imagine-se 365 dias de Carnaval em Portugal (embora não se ande longe). Vou então contar-vos uma história.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Era uma vez, há muitos, muitos anos… bem, não há tantos como isso, na cidade de Lisboa, uma jovem gaiata, começou a achar que brincar ao Carnaval até que era muito divertido. Apanhou-lhe o gosto.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Desde a escola secundária, passando pela faculdade, pela docência e pelo mestrado, sempre fez muita questão de se aprimorar ao máximo nessa festa sagrada, clímax da mascarada. Por voltas que a vida dá, e porque a sua grande companheira de saídas carnavalescas, regressou aos EUA, sua terra natal, não tornou a celebrá-lo da mesma forma.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Viveu muitas experiências. Levava à risca a regra dos três dias. Para três dias, três máscaras. Sendo que na véspera do Entrudo se encarnava a personagem principal.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">No seu perfecionismo, nunca deixava a elaboração d<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">as máscaras por mãos alheias. Pensava tudo ao mais ínfimo pormenor. E se era para ser fiel à ideia, assim seria. A criada fina teve direito a um vestido vermelho de seda natural com uma grande racha, a Marnele Furacão rasgou a bela da meia de rede, tinha as ligas à mostra e exibia um cabelão azul elétrico. A cigana apregoava mercadoria e gritava amargurada à passagem da autoridade policial, nas ruas do Bairro Alto. O inesquecível casalinho de emigrantes, a Celestina aperaltada com os seus vermelhos e dourados, o Onofre tilintando os seus ouros ganhos na árdua labuta da distante França, ambos dizendo <i>vien ici</i> aos amigos que passavam. A clássica Bruxa, uma Eva, num fato feito à medida, da cor da pele, com as parras nos sítis certos, sem peruca, porque o cabelo era muito longo e de um dos braços pendia uma serpente, culminando na maçã do pecado. Vivenciou-se porteira dos bairros de Lisboa e arredores, bata, luvas de borracha, fita e mola na cabeça. Numa noite de pouca imaginação, duas agulhas de tricô e um longo vestido chinês de um exótico cor-de-rosa, trazido de uma viagem a Hong Kong, desenrascaram uma das noites secundárias. Uma morta-viva, cuja maquilhagem ao acentuar a tez de natureza pálida e o olhos verdes, me assemelhavam à pequena Reagan, imortalizada no<i> Exorcista</i>, até uma minhota estridente e exuberante e tantas outras personagens que me diverti a elaborar e encarnar, que seria exaustivo enumera-las a todas.</span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Carnaval era também amena alegria entre amigos. O grupo, em grande escala reunia-se, por norma semanalmente, no mínimo, mas no Carnaval essa reunião tinha um sabor diferente. Não era a Maria, A Rita, O Manel, mas o Caricas Metal, o Mário Corleon</span></span><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">i…</span></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Como a casa de Lisboa é muito grande, durante uns anos algum pessoal reunia-se lá para se mascarar e maquilhar. Como o meu Pai fez algumas incursões por África, na projeção de grandes obras de engenharia, trouxe muitas vestes locais. A minha Mãe retirava essas roupas do baú que ganhavam vida e, por uma noite se transformaram em Cleópatras, Quéfrôs, e tantas outras personagens. Jamais esquecerei um grande amigo, que veio a falecer mais tarde, de origem guineense, filho de embaixador e porte elegante, que no seu corpo escultural, exibiu um antigo vestido de gala da minha Mãe, dos seus tempos de juventude, com uma linda camisa vermelha de seda natural e uma longa peruca loira. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Foram anos divertidos, hoje já não é assim, apesar de ser divertido de outra forma. Não voltava atrás no tempo, mesmo se pudesse. Mas as memórias destas festas e destas imagens, essas, não me as podem tirar. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br /></span></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><i></i>No plano ficaram muitas máscaras por concretizar, pois seriam precisos muitos carnavais para colocar em prática tantas personagens que eu teria gostado de encarnar. A verdade é que a essência desses carnavais residia apenas e tão só na possibilidade das pessoas se poderem divertir sem o olhar acusador de alguém. Porque há sempre um olhar acusador.</span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Apesar destes momentos divertidos que estas festas me proporcionaram, houve sempre um denominador comum nelas todas - os<i> parvalhões do costume</i>. Nesta altura do ano há quem troque a diversão e felicidade genuína pela água, pela farinha, pelos ovos, pela lama, etc.. Depois de atirarem estas coisas às pessoas, í sim, ficam muito contentes e isso faz com que<i> ganhem</i> o Carnaval. Eu nunca tive o azar de ser atingida por estes imbecis com cérebro de ervilha. Os infelizes não gostam de ver pessoas felizes, é o costume. Já vi este filme vezes demais...</span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><i></i><i></i><i></i><i></i><br /></span></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Hoje, por cá, o Carnaval já não é celebrado como era. Tanto que vivo numa zona do País que não parece ter grande euforia carnavalesca. Os meus disfarces não têm passado de pequenos apontamentos. Logo no primeiro ano em que me mudei para cá, acompanhei o desfile dos meninos da escola, onde o meu Filho também ia, eu levava uma bandelete em forma de orelhas de ovelha. Não tardou a ouvir que estava a fazer uma<i> figura triste. </i></span></span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Almas tristes em belas, mas tristes terras, só dão lugar a Carnavais tristes. Foi isso que aqui me trouxe, hoje. Este ano, decidimos ir a um Concelho próximo, pois publicitava-se uma grande festa de Carnaval. Um enorme desfile. Muita música, barraquinhas e animação para as crianças. Chegámos, abeirámos-nos à estrada a ver o desfile a passar. Nas mãos, tínhamos confetis e serpentinas. Os carros alegóricos sussurravam músicas, as pessoas que desfilavam pareciam enfadadas, rapazes e raparigas dos bombos tocavam com uma mão e com a outra, controlavam os smart-phones. Atirámos serpentinas e confetis a medo, muito a medo… acabámos por tornar a guardar o "material" no saco. Apesar dos apesares, e como não podia dar a viagem por perdida, e como não resisto aos ritmos, ainda me abanei um bocadinho.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A meio do desfile o miúdo disse:<i> Isto não tem nada de divertido!</i></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não me admira nada, um dia normal em minha casa consegue ser mais divertido do que aquele desfile de carnaval.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Que gente estranha esta que nem no Carnaval tem alegria na alma. Este último ano ensinou-me muito acerca destas gentes de um território há muito votado ao abandono, tanto pelos filhos da terra, como pelos responsáveis pelo País. Parecem cultivar um hermetismo, em que nem sequer o Fado de Lisboa, da Saudade e da Tristeza, parece conseguir entrar. Nada se pode oferecer para além do turismo, que não é fruto da construção, nem do trabalho, mas do que simplesmente já cá está. A hospitalidade é como o queijo e as batatas, vende-se. A alegria, bondade e gentileza não são genuínas.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não vislumbro nestes carnavais nada para além de anúncios na rádio e ocupação de tempos livres. Como pode haver alegria em terras onde as pessoas correm atrás do cheiro dos euros, para a Capital ou para a França, mas correm à pedrada potenciais "ladrões" de euros? Onde pode haver alegria em terras que vão cada vez mais perdendo a sua identidade, não porque ela não exista, mas porque há cada vez menos pessoas capazes de a recuperar.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O Carnaval, aqui, resume-se, à máscara, Carnaval! Pois que, aqui, Carnaval que é Carnaval não entra!</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><i></i><i></i><i></i><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><i></i><i></i><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-73727298506982498892019-01-05T19:05:00.001-08:002019-01-05T19:05:15.846-08:00Os meus doces recomeços<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitVNst4hrHFziv0l7GnBFB5vNE8GcVSEqjz2bdeQGx1AVIg1uVn_m4l7siUL5hQ7FZfdFqba435hCpmDCD5DWZ2VPdGWPzzrIWmg_gaajOFrBVG2PyTExpKSbvA_OuEtZRrSABzDw0K4E/s1600/48423369_1172573626252623_288394190499348480_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitVNst4hrHFziv0l7GnBFB5vNE8GcVSEqjz2bdeQGx1AVIg1uVn_m4l7siUL5hQ7FZfdFqba435hCpmDCD5DWZ2VPdGWPzzrIWmg_gaajOFrBVG2PyTExpKSbvA_OuEtZRrSABzDw0K4E/s320/48423369_1172573626252623_288394190499348480_n.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Um pouco pela vida fora, fui tropeçando, caindo e reerguendo-me. Tudo o que, para mim, possa simbolizar virar de página ou ter sabor a recomeço, agarro com garra, impulsiono o passo e atiro-me de cabeça. A vida é polvilhada de muito boas alturas para equacionar e repensar as coisas. Em termos puramente temporais, faço, muitas vezes, uso das segundas-feiras como pretexto para redefinir certas metas ou introduzir algumas mudanças. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O meu ano de 2018 trouxe-me muitas surpresas desagradáveis, mas muitas experiências fantásticas. Por vezes são precisas más experiências para tornar outras muitíssimo belas. Sendo que a minha Família foi posta à prova de tal maneira que se revestiu de uma coesão inimaginável. Estranhos caminhos estes os dos detritos humanos que, na ânsia de fazer o mal, nem podem imaginar todo o reverso dessa malvadez. Pelo caminho houve lamentáveis destroços, mas como diria uma amiga,<i> a Terra é redonda</i>. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O ano, em termos de saúde, ficou marcado por uma delicada cirurgia, cujos resultados ainda me escapam. Por outro lado, fui brindada com a maior alegria de todas - tratamento farmacológico para a perturbação afetiva bipolar, que iniciei em Julho de 2017, fruto de recentes investigações, trouxe-me o ano mais saudável da minha vida. Acho que nunca tinha visto antes, na vida, o sol a nascer 365 dias no ano. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não posso negar que, em termos vivenciais foram meses desgastantes e stressantes e, mesmo, de extrema preocupação. Sei que na hora H, nem sempre percebemos a verdadeira dimensão daquilo que acontece. Penso que este terá sido o ano em que mais pus à prova a minha capacidade de resistência perante a adversidade. Acho que por esse prisma foi importante perceber a verdadeira mãe que reside em mim. Sempre fui muito ciosa da minha função cuidadora no seio da família. Estes últimos meses, dada, muitas vezes, a impossibilidade física de estar à altura desse papel de forma briosa, desenvolvi uma presença familiar mais afetiva do que antes. No verão, por exemplo, graças a esta postura, passei as melhores férias em família, da minha vida.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Este desgaste vivido ao longo de tantos meses, tendo-se devido essencialmente ao facto do populacho cá do sítio estar infeliz com a vidinha reles que leva e tendo, por isso, necessidade de descarregar as suas frustrações em pessoas felizes, aleado ao desmazelo e bandalhice profissional de outros tantos, provocou-me muitos momentos de cansaço, agravados pelo sofrimento infligido ao meu Filho, no entanto, veio provar-me que, afinal, sou mais robusta do que pensava. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Porque atrás de uma tempestade vem uma grande bonança, resolvi implementar com o M. aquilo que denominei de <i>Dia da Diversão</i>. Para relaxar a cabeça, às sextas-feiras, após as aulas, ia com o M. fazer um programa qualquer. Um museu, uma ida à biblioteca, ou mesmo uma simples ida ao parque dos baloiços. Na altura, fi-lo essencialmente para dar um pouco de paz e segurança ao meu Filho. Sentia que os dias passados na escola aguardavam, com ânsia, a chegada do último dia da semana, para, em tom de recompensa, o brindar com a descompressão de que a vida não são apenas maus-tratos na escola e cuspidelas de ódio por parte de adultos irresponsáveis. A verdade é que os nosso <i>Dias da Diversão </i>se tornaram mais do que meros momentos de descontração. Como a mãe que há em mim vem crescendo à medida que o miúdo cresce, não deixa de me surpreender a forma como amadureço a forma como vivo a maternidade.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Eu sei, de fonte segura, porque tenho muitos contactos e conhecimentos, que, nas terras pequenas, quem protege os filhos não tem bom destino, principalmente se implica com as "máfias" locais, mas isso nunca irá demover-me de o fazer. Porque estou a refletir sobre os acontecimentos de 2018, não posso esconder que tenho uma muito forte sensação de que o que nos aconteceu, principalmente à vítima principal, o Martim, não foi em vão, não pode ter sido em vão. Perspetivando as coisas, olhando do passado para o presente, se tivesse de fazer um gráfico, a linha do amor, da união, da coesão e da cumplicidade entre mim, o meu Marido e o meu Filho, registariam uma curva ascendente surpreendente. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Aqui, por terras do interior, sempre nos mantivemos à margem da vida social. Nenhum de nós nunca se interessou em relações de convivência com estas pessoas (à exceção das poucas vizinhas do lugar). Não foi por nenhum motivo em particular. Calhou ser assim, pois sempre afirmei que não vim para aqui para fazer amizades. Tenho muito bons amigos, com quem mantenho um contacto regular. Por outro lado, vou frequentemente a Lisboa, o que me permite bons momentos de convívio com quem realmente importa.<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> A verdade é que a vida veio a dar-me razão, ter privado com alguns destes espécimes teria sido uma péssima perda de tempo. Como se diz na minha terra - isto foi um<i> aviso à navegação</i>! Continuarei<i> Orgulhosamente Só</i> com a certeza de que não estou a perder nada de interessante.</span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Foucault ensinou-nos que o presente é uma "projeção" do passado. Apesar de reconhecer na filosofia foucauniana uma infinda panóplia de conceitos ideológicos, não posso deixar de reconhecer nesta, a mais bela praxis quotidiana. O mesmo é dizer que, no mais pequeno gesto empreendido, mais ou menos rotineiro, consigo ter uma perfeita perceção da importância de transportar para a vida aquilo que ela realmente comporta. Viver não é o mesmo que sobreviver. A experimentação não conduzirá, por certo, à perfeição, mas conduzirá, a cada pedacinho, a ser mais e cada vez melhor. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Tal como percebi que há problemas que não são assim tão dramáticos, quando o meu Irmão morreu, também percebi, se dúvidas houvesse, que ter-me mudado para uma quinta isolada na serra foi a melhor decisão que nós tomámos. Eu sei que os portugueses, em geral, são um povo atrasado e corrupto. Sendo que a escolha da localidade, dentro da região, foi completamente aleatória, estou certa de que o cenário não muda muito de aldeola para aldeola. Embora, em 2018, tenha vindo à luz um estudo que indicou este concelho como tendo índices duvidosos de seriedade (ou falta dela). Nada que eu não tivesse já constatado. Pior do que a corrupção corriqueira, para mim, continua a ser a moral.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">2018 foi também um ano em que fui ameaçada vezes sem conta. Confesso que, como investigadora do Estado Novo, vivia na visão ignorante de que já não se governava pelo medo, desde 1974. Como estava enganada! Certamente que nunca temi ameaças, não fosse eu filha de um Oficial do Exército de alta patente. O que eu estranho, de fato, é que existam pessoas que<b> temem</b> as ameaças. Ora vejamos, li cartas anónimas que invocavam o anonimato pelo temor das represálias. Ora, fazendo um exercício de lógica e sem precisar de grandes capacidades cognitivas, depreende-se que - quem teme represálias, exerce represálias. De outra maneira, como lhes ocorre temer represálias, quase no final do primeiro quartel do século XXI? Num país da UE, ainda por cima??!! Lá está, um erro muito nacional - avaliar os outros pela sua bitola! À laia de conclusões, e como nunca fui cobardolas em momento algum da vida, não foram as ameaças em si, mas a estranheza na manutenção da sua existência com prática quotidiana. Mas isto é assunto para outro projeto em maturação…</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não foi o bullyng, não foi o preconceito, nem o assédio popular à minha Família que saldou o ano. Foi a força com que, juntos suportámos tudo. Foi a satisfação de ouvir um grande amiga dizer -<i> O teu casamento é para a vida</i>! Não sei o dia de amanhã, as estruturas familiares não são um dado adquirido, mas quem conhece esta família sabe bem que este nosso trio é um clã muito coeso. Cada vez mais coeso. Eu e o R. somos um casal muito feliz, apaixonado, cúmplice e amigo. Sei que seria possível, mas a verdade é que não consigo imaginar a minha vida sem ele. Se a este amor tão grande adicionarmos o nosso menino, a felicidade é suprema. Por vezes é cansativo, bem sei. Sou humana e sofro muito com dores dilacerantes a qualquer hora do dia ou da noite, por isso, nem sempre a canseira das tarefas quotidianas me dá a melhor das disposições. Mas isso não faz de mim infeliz, mas simplesmente cansada. Ter dois<i> putos</i> em casa aos saltos, na risota e na palhaçada de volta de mim, enquanto trato do jantar, parece divertido, mas sistematicamente, consegue dar-me cabo da cabeça (embora me enterneça por dentro). Já para não falar daquelas alturas em que o Pai, depois de lhe dar banho, põe o secador dentro das calças do pijama para as ver fazer uma espécie de balão, para o miúdo se rir, enquanto eu chamo desesperada para o jantar, que está na mesa a arrefecer. Mas quando aterro na cama, enroscada numa botija de água quente, enquanto leio um livro, sinto aquela leveza de quem ama e é amada. De quem vive uma vida simples e sincera. De quem não se quer ligar a nada nem ninguém, para além de quem e do que realmente importa.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Para rematar 2018, vivi experiências improváveis, fruto de uma série de coincidências aleadas a timings certos. Decidi que iria com o meu Filho a Lisboa, durante a primeira semana de férias do Natal. Como a excitação da viagem era mais que muita, não perdemos tempo, duas horas após o fim das aulas, lá estávamos nós no comboio, rumo à minha terra natal. Planeei muito bem cada dia, para que pudéssemos rentabilizar o tempo. Fiz, previamente, um levantamento daquilo que ele desejava ver e fazer. A altura foi boa, no Natal Lisboa enche-se de luz e de cor. Viajámos aos buracos negros no Planetário, espreitámos as múmias no Museu de Arqueologia, percorremos a génese da evolução humana e observámos a imponência dos mamutes e dos tigres dentes-de-sabre. Fomos ao Museu dos Coches e eu constatei, com orgulho, que o meu Filho soube estar à altura de uma visita desta natureza. Revi o meu Padrinho de casamento e respetiva família, com quem não estava há algum tempo, que nos ofereceu convites para o Circo Cardinalli. Fomos ver o Homem-Aranha ao Centro Comercial Colombo com um grande balde de pipocas. Passámos pelo Pavilhão de Portugal, onde nos deslumbrámos com um esqueleto de um t-rex fêmea, verdadeiro, de enormes proporções. E como esta exposição era interativa, fugimos de dinossauros, procurámos fósseis, grafitámos um t-rex, impressionámos uma fêmea, participámos num quiz, não sem muita risota pelo meio. A melhor parte desta exposição foi o facto de termos o espaço todo só para nós. Andámos no teleférico e fechámos com chave de ouro - Wonderland no Parque Eduardo VII, onde andámos na roda gigante e vimos a Avenida toda iluminada, com lindas luzes natalícias. Optei por fazer deslocações em transportes públicos, dado que a minha casa fica junto a uma estação de Metro. Desta forma era muito simples e rápido ir de um lado ao outro da cidade. Numa ocasião embarcámos num autocarro da Carris, experiência inédita para o Martim, e quanto a mim, estava nos confins da memória. Longe vão os tempo em que, <i>com ou sem bandelete</i>, eu apanhava o 7, <i>mas pela viagem</i> até à Faculdade!</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Após um Natal passado na serra, com os respetivos avós reunidos, tornei a rumar a Lisboa, desta vez para assistir ao <i>Lago dos Cisnes</i>, no Coliseu dos Recreios, representado por uma companhia russa de bailado. O primeiro de muitos, espero!</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Agora, que começou 2019, está na hora de virar a página. Tropecei muitas vezes, mas as pessoas como eu prezam-se de ter mãos amigas estendidas para as ajudar a levantar. É este não estar só que me prende e fortalece. Desde o amor da cara-metade, do Filho, da Mãe, dos amigos e familiares, tudo em mim é vida e alimento. Sem a força deste amor por mim, pelos outros e pelo que deposito em tudo aquilo que faço, dificilmente chamaria de meus estes doces dias. E porque nunca é demais recomeçar, reformulando, venham eles…. os meus doces recomeços!</span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-34228018134381027942018-11-26T19:17:00.000-08:002018-11-26T19:17:09.719-08:00Filho és, Pai serás<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIrzgTqYFlg7BAfT6TeaSyV89ZLP_o6sKXkwWwq_1Db9uNpqs5fg55xJHrZYn3hZjvoHhzVUBkP9TJUAl42XaQeczhMgp39S41vdLrsmiL3_PEruQ4Eb7ioeCDD39sPvygKCJRC20PF80/s1600/29366247_968077043368950_6754269941989341274_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="816" data-original-width="612" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIrzgTqYFlg7BAfT6TeaSyV89ZLP_o6sKXkwWwq_1Db9uNpqs5fg55xJHrZYn3hZjvoHhzVUBkP9TJUAl42XaQeczhMgp39S41vdLrsmiL3_PEruQ4Eb7ioeCDD39sPvygKCJRC20PF80/s320/29366247_968077043368950_6754269941989341274_n.jpg" width="240" /></a></div>
<div>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Pese embora toda a estravagância e loucura que me possa ser atribuída, pois já não me iludo com aqueles que se dizem livres de ideias parvas e feitas, fui, e sou dona de uma vida pacata e normal. Movo-me dentro de um corpo, agora frágil, amanhã não sei. Não estou só no mundo. Tenho família e bons amigos. Tudo gente boa e séria. Pessoas dóceis, amáveis, empáticas e sempre presentes nos bons e nos maus e nos piores momentos. Conto já com um pouco mais do que quatro décadas. No fundo, apesar dos apesares, consigo vislumbrar que tive e tenho uma vida boa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">É certo que me debato com questões um pouco complexas, que não são, por ora, oportunas de mencionar. Mas problemas endógenos e intrínsecos, que insistem em boicotar-nos o simples viver quotidiano, quem não os tem? Como toda a gente, tenho dias bons e dias maus. Não sendo uma pessoa, por norma, pessimista, há dias em que não consigo ver a luz. Mas, não sei bem como nem porquê, possuo esta estranha capacidade, quiçá réstia de um passado de atleta, de, num repam, dar um salto mortal, e inverter mentalmente a situação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Não sou de baixar a cabeça perante uma injustiça. Seja lá qual ela for. Se contar o rol de histórias caricatas, possivelmente não sairia daqui. Certo dia, em pleno Metro de Lisboa à hora de ponta, estavam bancas onde se tratava do cartão Lisboa Viva, numa altura de transição. Estava eu na fila, quando me apercebo que um fulano, a ser atendido, se zangou com a menina que estava a trabalhar. Percebi rapidamente que ele estava apenas a descarregar as suas frustraçõezinhas pessoais, como ela era brasileira, soltava-lhe impropérios. Porque estava na terra dele, porque nem português falava (brasileirês, não sei!), porque vai para a tua terra, porque assim e porque assado…. A garota chorava. Pudera! Uns polícias faziam a ronda, e o parvalhão chamou-os para se queixar (vá-se lá saber porquê!). Os senhores fardados estavam baralhados com o discurso acelerado e nervoso. Só se ouvia: <i>Eu pago os meus impostos! Eu pago os meus impostos! </i>A menina chorava… Num meio que não era o seu, na confusão da hora de ponta, eu não teria feito outra coisa. Como sempre me acontece nestas ocasiões, subiram-me as náuseas que sinto quando observo o extravasamento de assuntos mal resolvidos, vertidos violentamente em quem se sabe poder magoar impunemente. Vomitei! Dirigi-me rapidamente aos polícias, dizendo que tinha assistido à cena toda, que o queixoso foi mau, rude, deseducado e desrespeitador para com a menina. E tudo desnecessariamente. Eis se não quando, o povoléu à minha roda, junta a sua à minha voz. Imediatamente abandonei a cena. As pessoas ficaram todas a falar com os polícias, e o ordinário saiu em passo apressado, soltando granidos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Haja coragem. Coisa que não vejo muito à minha volta. Surpreende-me ver pessoas auto votarem-se ao silêncio e à prepotência de outrem. No episódio atrás relatado, foi impossível não ouvir mentalmente a famosa música de António Variações - <i>quando fala um português… </i>- Estranho país este, em que as pessoas exercem a sua mais séria cidadania em discussões futebolísticas, se engalfinham com a claque do outro clube e gritam na TV a plenos pulmões que o árbitro é um ladrão. Mas sair do rebanho para defender quem está ao lado a ser espezinhado, ou pegar numa caixa que ficou à porta de um café com uma gata lá dentro e levá-la para casa, na esperança de lhe encontrar uma casa nova. E chorar porque fez tudo para a salvar, mas ela definhou de desgosto provocado pelo abandono. E casar uma semana depois de coração cheio e alma triste. Foi premonitoriamente batizada por mim de Aba, diminutivo de abandonada. Abandono que lhe traçou o destino. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Assim passo eu pela vida, apelidada de louca, bruxa má, alcoólatra e madrasta prepotente. Quem me conhece, conhece também a minha natureza sincera, frágil, combativa, impulsiva, aventureira, atrevida e livre, mas má nunca! Fiz as minhas maldades, é certo. Por vezes um pouco premeditadas. Costumava fazer parelha noturna com uma grande amiga, e a verdade é que a nós duas, ninguém nos agarrava ou punha freio. Andanças à parte e vinho à pressão de lado (de que nem sinto o cheiro há mais de uma década), não sou má. Por vezes, confesso que adorava sê-lo. Prefiro o apelido de justiceira, se é que sou digna de algum.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Os meus pares, quando lhes dou conta de lutas e causas, ouvem-me, dão-me crédito. Compreendem o meu sofrimento. O certo é que, pedantismos à parte, tenho sempre razão. Quando ergo a espada da determinação porque farejo o laxismo, sei que podia passar por<i> Rei Artur</i>. E porque a corrupção moral (porque a outra é-me um tanto indiferente) polvilha este nosso Portugal, o certo é tudo ficar na mesma. Sei que há um ou outro organismo que funciona com seriedade, e esses já têm intercedido por mim, no entanto, quem erra não quer ficar mal na foto. Mas a verdade é que erra e, para lá da foto, está a radiografia…</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Durante bastante tempo, dediquei-me a salvar, mimar, acolher, alimentar, tratar e afins, de gatos de rua, abandonados, maltratados, doentes, recém-nascidos sem mãe, etc.. Vi coisas terríveis. Orelhas cortadas, escalpes arrancados, patas retorcidas, queimaduras provocadas por cigarros apagados em lombos de felinos fofos, dóceis e inocentes. Uns, provavelmente mais doridos dos tratos humanos, olhavam-me com desconfiança. Por vezes soltavam sibilos para espantar o predador. Outros, também vergonhosamente enxovalhados, não perdiam a sua docilidade intrínseca, confiavam, eram dados. Quando alguém aparecia com o desejo de adotar, seduziam os potenciais donos, que muitas vezes se rendiam aos seus encantos. Quem sabe mais inteligentes, com a noção de que a entrega e uma nova tentativa de confiar, lhes pudesse garantir um lar e uma vida nova. Também lidei com feras, cheguei a ir parar ao Hospital por causa de uma valente dentada. Mas continuo a dar-me descontraidamente ao primeiro gato que se cruzar no meu caminho. Nunca me neguei a agir perante uma causa que ache que valha a pena. Não me quedo na preguiça de achar que outros farão qualquer coisa para mudar. Nem sequer sou de me sentar no sofá a dizer que está tudo mal e ninguém faz nada. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Certa vez, ao saber da demolição de um bairro de lata, cuja desratização se faria dali a um par de semanas, eu e mais quantas, arregaçámos as mangas e revirámos os escombros à cata de ninhadas, gatos encolhidos e amedrontados debaixo de telhas de zinco, etc.. À luz do sol e da lua, fizemos o que pudemos. Não! Acho que não sou má. Tenho, sim, sentimentos. Mas a verdade é que estes são sinceros, e se é para dizer mal, digo, se é para lutar contra o mal, luto! Não me chame eu Elsa!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Nestas últimas semanas, tem-me acontecido algo inédito em mim - repouso forçado. Como estou com problemas graves a nível da espinal-medula, as dores, cada vez mais atrozes, obrigam-me a muitos momentos deitada, ao longo do dia. Aproveito para ler, mas também para me encontrar. Às vezes, confesso que me apetece fugir de mim mesma. Como ando revoltada e espantada com o poder da estupidez coletiva, a corrupção moral, a prepotência, o abuso de poder e outras tantas atrocidades sociais, perco-me em pensamentos negativos. Hoje, ao telefone com a minha Mami, ela empregou uma expressão muito adequada,<i> acontecimentos venenosos</i>. Coisas de quem vive em terras de almíscaros!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Refletir sobre a vida, nunca foi o meu forte. Analiso sempre tudo muito meticulosamente sob o ponto de vista prático, da ação. Quando o problema surge, não há nhonhôs. À boa maneira popular<i> - encara-se o boi pelos cornos.</i> Mas a minha ingenuidade é tal, que quando parto para resolver um assunto, seja ele qual for, já estou a par da legislação toda para não incorrer, nem no erro, nem na ilegalidade. E ingenuidade porquê? Por exemplo, já tem acontecido, que nem sequer os próprios agentes do órgão sabem bem como se trabalha e o que está estipulado. Chega a ser tal o bizarro da coisa, que já me disseram que o artigo de um diploma, que vem primeiro, anula o que vem depois. Qualquer coisa do género:<i> não vê que o 6 vem antes do 88?</i> E estão estas alminhas alapadas ao tacho!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Ora, estou eu no sossego dos meus períodos de descanso, quando dou por mim a pensar profundamente na vida. Como deixei o egoísmo para trás no dia em que fui mãe, é essencialmente um coração fora do meu que sinto a bater. Ando, honestamente angustiada. Posso até estar a ser pessimista. Mas de momento não consigo vislumbrar a esperança de que tanto necessito. Nada como um filho para nos mudar tão drasticamente. Não aquela mudança de natureza, pois essa manter-se-á. Mas a mudança de quem nunca valorizou a interiorização dos sentimentos, dando sempre primazia à ação e ao atirar para trás das costas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Eu tenho um Irmão que nunca mais vou abraçar, ou pelo menos nesta vida cá na terra. Ele abandonou o corpo com a tenra idade de 24 anos, no ano 2000. É impossível esquecer o baique que a minha vida levou nesse dia 20 de setembro. Tal autómato, nunca cheguei a perceber o meu papel nas cerimónias. Acho que a única pessoa que realmente sabia que ele estava morto, era a minha Mãe. Tenho a estranha sensação de que eu estava num canto, rodeada de amigos, sem lhes ver a cara. O meu Pai estaria rodeado de familiares e colegas, dezenas deles. As pessoas não paravam de chegar. De todos os cantos do País. Nessa manhã, antes de ir para a Igreja, a minha Mãe disse-me, <i>vai bonita para te despedires do teu irmão</i>. Vesti umas calças pretas, uma camisolinha branca e um lacinho na cabeça, também branco. Poucos dias depois, após olhar para o céu e ver o seu corpo esfumar-se pelo ar, subi a um barco, nas praias da Caparica, onde a minha mãe verteu as suas cinzas, que eu quis sentir por entre os meus dedos e que foram desaparecendo na imensidão do mar...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Os dias, os meses, os anos passaram, terminei o curso, fiz-me professora. Tirei o Mestrado com a nota máxima, embora com a alma em luto por ter visto partir o meu muito amado Pai, sete dias antes de estar perante um jurí de catedráticos, a defender um trabalho de anos. Ao longo desses anos de investigação, e porque adoeci gravemente, tendo sido submetida a dois internamentos psiquiátricos, agarrei-me à estrela que há quatro anos olhava por mim. E porque a vida tem destas coisa, ali estava eu, de pé, tão serena como quem está deitada na areia da praia, somente a ouvir as ondas que batem na areia devagarinho, e com essa serenidade, que também não sei de onde veio, da minha boca soou uma pequena e doce dedicatória à memória do Senhor meu Pai. Em redor da sala, vertiam-se lágrimas de tristeza e saudade, mas eu sentia-me feliz dentro da amargura. Feliz porque sabia que ele devia estar muito orgulhoso de mim. E ainda hoje consigo ver uma cópia da minha tese na mesa de cabeceira do Hospital, que ele começou a ler e que ainda conseguimos discutir os dois, em memória dos bons velhos tempo, mas que não conseguiu terminar…</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Não sofri a dor de perder um Filho, embora esse seja um espetro que irá pairar para sempre na minha cabeça. Com todos os problemas que o meu Filho teve de enfrentar no passado recente, sabendo eu que ele não está bem, é óbvio que sofro. Esse sofrimento é acicatado pela raiva que tenho a quem lhe fez mal. Não consigo compreender como se pode utilizar um menino para atingir alguém. E como conheço bem demais, dada a minha natureza de tratar as coisas a fundo, tudo aquilo que foi dito e feito, a quantidade de impropérios infundados, sonegação de informação e documentação e tudo o mais que o meu saudoso Pai se aqui estivesse diria, que a minha moral e educação nem me permite catalogar, não posso deixar de considerar que o meu Filho foi atirado a um poço de violência gratuita. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Para além de lhe proporcionar o tratamento adequado para que ele possa ultrapassar o mal que lhe foi feito, sempre o levei aos melhores especialistas que conheço em Lisboa, seja para o que for, apenas lhe posso garantir a toda a hora o meu amor incondicional. Não cesso de lhe dizer aquilo que sempre me disseram a mim - <i>Vou gostar sempre de ti, faças o que fizeres, aconteça o que acontecer.</i> <i>Não haverá no mundo ninguém capaz de te amar mais do que eu.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Os meus pais sempre me amaram incondicionalmente, esta é uma expressão que ouvi muitas vezes ao longo da minha vida. Mas agora sou capaz de a entender e sentir. Porque, filho és, pai serás… </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><i></i><i></i><i></i><i></i><i></i><i></i><br /></span></div>
Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-68209896826753275122018-11-04T18:47:00.000-08:002018-11-04T18:47:01.498-08:00As coisas são o que são...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPfYbzCE_Js3383xDcz_QFh5lKF7Y7M3IhFW31usTqXLtZTES0sDXpDrysdPoLAp0Ro8FCuF-zoeDjGo0lLRsOVZ1e6L8DAvH9_uqP2yBtUxz2bz6RLP8IPHMUhasoB2uBlc4EMOK80mA/s1600/Nova.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPfYbzCE_Js3383xDcz_QFh5lKF7Y7M3IhFW31usTqXLtZTES0sDXpDrysdPoLAp0Ro8FCuF-zoeDjGo0lLRsOVZ1e6L8DAvH9_uqP2yBtUxz2bz6RLP8IPHMUhasoB2uBlc4EMOK80mA/s320/Nova.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Como ultimamente não me tenho cansado de dizer, os últimos onze meses foram de muita aprendizagem. Aperfeiçoei bastante o meu olhar crítico perante as instituições, as suas funções sociais e os desajustes das gentes que as compõem. Sempre fui mulher de causas e de amor às camisolas que fui vestindo ao longo da vida. O meu falecido Irmão dizia uma coisa que repito para mim, dezenas e dezenas de vezes ao dia:<i> as coisas são para fazer com empenho</i>. Nem sempre terá sido fácil consciencializar o desrespeito existente pelas vidas alheias, bem como o medo pidesco que se vive em certas zonas do País, relativamente a poderes instalados. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Apesar de nunca ter dado grande relevância à estupidez alheia, a verdade é que desta vez, esta, por ter sido exercida de forma coletiva e de ter perturbado bastante o equilíbrio emocional do meu Filho, me cansou bastante. É óbvio que jamais simpatizarei com a maioria destas gentes. Não foi fácil, mas foi possível, e hoje é perfeitamente natural passar pelas pessoas e nem sequer as ver. É simplesmente comco se fossem transparentes. Sempre achei que<i> um Bom Dia até a um pobre se dá</i>, mas parece-me que este dito se aplica apenas à pobreza material, pois a outra não merece o mais pequeno esforço vocal!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Estes foram tempos de mudança e longos meses de adaptação. Como referi, detetei muita inocência em mim. Por outro lado nunca me tinha apercebido tão bem do privilégio que tenho em ser capaz de ter um<i> olhar</i> global sobre a realidade sociológica do País. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Tenho um pé na Capital, um na praia e outro no interior. A minha vida foi feita em Lisboa, sempre passei fins-de-semana e férias na Caparica. Vivi muito por lá, acabei mesmo por casar com um caparicano. Conheço toda a envolvência e modo de vida dos pescadores e suas famílias, cresci com eles. Desfrutei da languidez da vida despreocupada em que o tempo não se contava, não havia para onde ir, nem onde estar. O mar engolia o sol todos os dias e nós desfrutávamos essa imagem, sentados na varanda da esplanada, que hoje não existe. A minha Caparica já não é a minha Caparica. Isto são contas de outro rosário...</span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new";">Também conheço de perto a infância vívida nos pátios dos prédios, onde depois da escola, andávamos de skate e de patins, e por vezes os tombos faziam quebrar os vidros das portas. A vizinhança chamava a polícia, à noite, por causa do barulho de bandos de adolescentes, agarrados às violas, todos juntos, a cantar.</span><br />
<span style="font-family: courier new;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Conheço o ram ram do autocarro, do metro e das corridas, em salto alto, carregada de livros, para não me atrasar para o exame, porque nesse dia a Carris fazia greve. As noitadas de estudo, os prazos para a entrega de trabalhos. Como professora, o stress das aulas, a agressividade dos alunos que, por mais grave que fosse a falta, era resolvida na hora!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A agitação das noites no Bairo Alto ou no Cais do Sodré, para onde caminhava semanalmente, sem antes ficar meia hora defronte ao espelho a encher-me de rímel e riscos nos olhos. À saída, enquanto esperava o elevador, costumava cantar para a minha Mãe - <i>Não venhas tarde...</i></span><br />
<i><span style="font-family: courier new;"><br /></span></i>
<span style="font-family: courier new;">Já para não mencionar o breve período em que vivi em África, me punha a saltar de baixo das chuvas trocais tórridas e costumava apanhar ananases, que me picavam os braços...</span><br />
<i><span style="font-family: "courier new";"><br /></span></i>
<span style="font-family: "courier new";">Seria exaustivo analisar tudo o que aprendi e vi nas viagens que fiz, que ascendem às duas dezenas. Vi muito, experienciei muitas coisas e conversei com muita gente em vários cantos do mundo. Desde países evoluidíssimos até ao mais completo oposto, comporto um manancial rico no que toca a observar aquele que é agora o meu mundo.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"></span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";">Há meia dúzia de anos que me mudei para a minha quinta no interior. Acho que já estou cá há tempo suficiente para afirmar que, por aqui, nem sequer tenho o estatuto de portuguesa. Não digo isto com base nos acontecimentos mais recentes. É notória a ostracização profissional e social a que somos votados. Pese embora a minha profissão ou habilitações, serei sempre desqualificada em relação a<i> afilhados/as</i>, independentemente dos canudos (ou falta deles). Não demorei muito tempo a chegar a essa conclusão. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">No entanto, acabei por tomar a melhor decisão da minha vida - <i>A minha Missão é a minha Família</i>. Quem sabe se até poderia ter sido uma boa profissional (principalmente a avaliar pelo estado deplorável em que estão os museus da terriola). A verdade é que, a despeito do grave problema de dores que tenho, prefiro um milhão de vezes contribuir para a felicidade dos meus, do que ter de estar no meio de pessoas que não conheço e a fazer sabe-se lá o quê. </span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";">Voltando ao cerne da questão, interessa-me, aqui, estabelecer uma espécie de mapa de vida do Portugal que eu conheço. No fundo, sei que este é o meu lugar. Mudámo-nos para aqui para o melhor e para o pior. Tanto eu como o R. somos aficionados pela natureza, pelo ar livre, pela atividade física entre as árvores. Adoro nadar no rio frio nos dias quentes de verão, principalmente agora que o M., de braçadeiras, me acompanha de uma ponta à outra. A risota e brincadeira naquelas águas cristalinas é algo que não tem preço. Quando eu estava melhor da coluna, costumávamos, os três, fazer grandes caminhadas no mato, subindo montanhas e, no final, tirava o podómetro da cintura e via se tínhamos superado a caminhada anterior. Gosto dos Sábado de manhã, em que faço um pequeno-almoço princepesco, agarro no M., e abalamos para o parque, uma exposição, um museu ou mesmo uma igrejinha nas imediações. </span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";">Aos Domingos, que apelidei de <i>Dia da Família</i>, tiramos proveito de um dia na semana para, simplesmente estarmos juntos. Dar um passeio, trabalhar na quinta, apanhar lenha ou, apenas ficar no salão a brincar, contar histórias ou ver bonecos animados, num dia frio e chuvoso. Como há uma sessão matinal de cinema infantil gratuito, por perto, de vez em quando é uma opção. Estou sempre a engendrar atividades para fazer com o miúdo, desde mais simples a mais complexas. Por vezes basta dar-lhe uma massa de pizza e ingredientes e estar a fazer a outra pizza, para passar bons momentos com os nossos rebentos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";">Apesar dos apesares, não posso dizer que simpatizo com as gentes em geral, mas a mais pura das verdades é que adoro tudo isto. No fundo, a escolha é minha. Pude, um dia dizer, vou escolher onde vou morar - na cidade, na praia ou no campo. Escolhi a pureza do ar e das paisagens. A vida no interior tem isto de bom. É uma vida saudável, o M. pode brincar na terra, ao ar livre. É bom ver que as calças de inverno chegam ao verão, sem servir, e rotas nos joelhos. São incontáveis as vezes em que está de joelhos, lá fora a empilhar pedras ou a revolver a terra, a plantar feijões e batatas por aí, cujas plantas brotam dos sítios mais inesperados. Já para não falar nas nódoas de plantas tintureiras ou de outra coisa qualquer, que eu passo horas a tentar tirar!</span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";">Sabemos que a vida é boa quando acordamos e temos vontade de enfrentar o dia. Tenho rancor das pessoas que me boicotaram a vida, é certo, mas por outro lado tento compreender o fenómeno. De manhã, pelas 8 horas, à porta da Junta de Freguesia, na aldeia, a cerca de 4km, diariamente aguardo com o M., a camioneta que o leva à escola. Entretenho-me sempre a ver os cartazes, cartazes esses que refletem muito do Portugal profundo. Cultura é baile, feiras de vinho e enchidos e excursões a Fátima. Não se anda longe dos três F's. Como dizia o meu Pai: <i>O futebol é que induca e o fado é que enstrói!</i> </span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";">Neste país de contrastes, onde o que se diz é verdade, pois Portugal, à volta de Lisboa e Porto, é paisagem. Não falo de árvores nem de prédios, mas de outras estruturas. A estrutura das mentalidades. O interior humano não vive no século XXI, mas as tentativas de alcançá-lo, em tudo o que ele tem de pior, são desesperadas! Tem a sua piada ver raparigas as volante, com o carro encostado, em grandes aceleradelas em manifesta mostra de emancipação. Demarcando-se assim da imagem da mãe ou da avó que, de lenço na cabeça e balde no braço, vai de madrugada pela estrada afora, até ao prédio, onde tem a sua leira, apanhar as couves para os coelhos e para o caldo. Vai-se cedo à lavra e ao Domingo à missa, nunca se faltando a um velório, não vão os outros pensar isto ou aquilo. Ser viúve e não trajar preto é sacrílego... e isto e aquilo...</span><br />
<span style="font-family: courier new;"><br /></span>
<span style="font-family: courier new;">Não vejo mal nas gentes de lenço, muito menos na sua genuinidade, mas confunde-me esta negação da essência do ser e das origens. A hibridez dá azo ao resultado de ser-se nada ou algo muito estranho. Tirando as máscaras, o atraso é grande e o analfabetismo funcional é avassalador, mas no fundo, eufemismos à parte, as coisas são o que são...</span></div>
<br />Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-81458856511098504892018-09-16T19:53:00.001-07:002018-09-16T19:53:51.375-07:00A Minha Rentrée II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUmPQq3pgiy0KZCJapSgWRJnSE0AfKMFv_VuTvnOmatR5YF3VVojTtMnfkVwBwUZwWm0osN3lprrl3Uh9a7F3SBG94OrOfUl6elym5IQDz42UWmKN7eE9nMfGPs6bOIuEtwFWcYDtQmSU/s1600/Queixo+erguido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUmPQq3pgiy0KZCJapSgWRJnSE0AfKMFv_VuTvnOmatR5YF3VVojTtMnfkVwBwUZwWm0osN3lprrl3Uh9a7F3SBG94OrOfUl6elym5IQDz42UWmKN7eE9nMfGPs6bOIuEtwFWcYDtQmSU/s320/Queixo+erguido.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Estamos em plena véspera de mais um ano letivo. Setembro, desde que me lembro de mim, tem tanto ou mais significado do que Janeiro. Ao longo de toda a vida, quase tudo se (re)iniciou em Setembro. Fui aluna ou professora (ou ambos) e, como mãe em "regime exclusivo", esta altura do ano continua a ter um sabor especial. Como pessoa feliz, realizada e otimista por natureza, que sou, os recomeços traçam-me sempre novas metas. Há sempre novos desafios impostos pelas circunstâncias, e os passados recentes ensinam-nos sempre muitas coisas.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">O ano anterior ficou, sem dúvida, marcado por uma das mais arriscadas manobras físicas a que já fui sujeita. Não foi de ânimo leve que fechei os olhos por seis horas enquanto se escarafunchava na minha espinalmedula, se retorciam vértebras e se instalavam próteses. O frenesim de gente amada à minha volta, que constantemente me apoiou, junto de mim ou à distância, fez-me sentir feliz dentro da minha fragilidade e desânimo face às dores.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">O meu "mais-que-tudo" ficou a cuidar do nosso Filho e, há distância de mais de 200km, ficou a aguentar o barco da ansiedade que se sente nestas circunstâncias. A minha Mãe permaneceu sempre junto de mim no internamento hospitalar. Sofreu com a angústia da espera de quem já tinha sentido a dor de perder um Filho.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A chegada a casa foi triunfante. Olhar para os olhos de felicidade dos meus Amores, espelhando o alívio de quem já tinha superado mais esta etapa. Custou-me a falta das correrias costumeiras direitas aos meus braços do M., depois de horas de escola ou de outra ausência qualquer. Como menino dócil e respeitador dos sentimentos dos outros, num ápice compreendeu as minhas limitações físicas. Com o desenvolver, embora lento, da minha desenvoltura física, foi-se tornando um ajudante de peso, chegando-me uma coisa aqui e apanhando outra ali. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">De resto, todo o meu núcleo foi um poderoso apoio, num ano muito problemático. Na verdade, posso mesmo dizer que foi o facto de estar rodeada de pessoas de muito valor, integridade e inteligência que me fez crescer, aprender mais e certificar-me de que a "estrada" por onde decidi seguir pela vida, é a da virtude, do bem e a da honestidade.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Amanhã, pela manhã, largarei o meu Filho na carrinha da escola em direção ao primeiro dia do seu 2.º ano de escolaridade. Há um ano letivo pela frente que se deseja melhor do que o anterior. Todos crescemos um pouco com o trágico episódio de bullyng perpetrado ao meu Filho. Desde idas ao SU, choradeira, apatia, aneurese e pesadelos noturnos, o meu Menino, de apenas seis anos, foi sujeito a duras provações. Não se quedando por aqui, o assédio físico e psíquico de todo o tipo de funcionários da escola, enraivecidos por terem sido chamados à razão pela sua vergonhosa negligência, também se fez sentir.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Esta história triste hiperbolizou-se porque se passou numa terra que, apesar de não ser uma aldeia, a mentalidade é altamente tacanha e aldeã, à laia de Salem. Como Mãe, não pude deixar que o M. continuasse a ser um "saco de porrada", à mercê de meninos perturbados que espraiavam as suas raivas pessoais num menino frágil e dotado de muita assertividade.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A verdade é que só tomei conhecimento de toda esta violência quando, depois da escola, tive de ir direta para as Urgências Hospitalares. Nunca me disseram nada. Indecente! Informar para quê? Permito-me pensar que nunca me disseram nada para eu não "atrapalhar" os hábitos instalados. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Não fica por aqui, a história elevou-se a contornos macabros. Face à inoperância da escola, tive de resolver o problema por mim. Claro que, no entretanto, o M. continuava a ser a chacota dos agressores, valeu-lhe mais uma urgência hospitalare e muitas marcas no corpo (pescoço, ombros, orelha...). Estranhamente e com muita estupefação da minha parte, os paizinhos viraram-se todos contra mim. Pessoalmente, considero esta atitude muito descabida. Pese embora esta gentinha goste muito de se imiscuir na vida uns dos outros, eu sou de outra estirpe. Não tenho de justificar as minhas ações ao popularucho que, hoje, depois de tudo, genuinamente desprezo e com razão. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Um pedido desesperado à Inspeção do Ministério da Educação e Ciência despoletou diligências que, segundo palavras do Inspetor, me vieram dar toda a razão. Ainda assim, as gentes do burgo continuavam muito revoltadas. Certo dia, fui a uma reunião da Associação de Pais(Associação esta, que também dava azo a outra postagem), o que lá vi e vivi, só filmado. Muitos pais clamavam por provas, explicações, muita berraria dirigida a mim entre muitas outras coisas que nem vale a pena descrever, dada a sua baixeza. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Fomos também a uma reunião com o diretor, convocada por pais enraivecidos contra nós. Estavam revoltados porque havia um funcionário a vigiar o M., e outro para os restantes 150 alunos. ???Afirmou-se entre linhas, que jamais teriam descanso se o nosso Filho continuasse a frequentar a escola. Entre tantas outras barbaridades. A piada mor foi o facto de o pedido para a reunião ter sido assinado por cerca de 16 pais, e apenas compareceram nove. Vá-se lá saber...</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">É óbvio que tudo isto é muito descabido e irregular. Não existiu qualquer sentimento de empatia pelo facto de uma criança de seis anos estar a ser sistematicamente perseguida e agredida física e psiquicamente em espaço escolar. O que existiu realmente foi uma coletividade enraivecida por ter sido posta em causa, afinal de contas, quem veio agitar as águas nem é conterrânea, nem vai à missa ao domingo para socializar. Tenho muita dificuldade em compreender estes mecanismos mentais perversos que não olham a meios para atingir fins.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A agravar a situação do povo, a descoberta de que eu tinha uma doença, nas suas cabecinhas pequeninas, muito "perigosa", à boa maneira da mais rotunda ignorância, condenaram-me por esse <i>crime</i>. A citação diria: <i>Perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que dizem</i>. Eu permito-me acrescentar: <i>eles não sabem nem sonham do que estão a falar, pois não passam de uma corja de medíocres, ignorantes, incultos e preconceituosos</i>.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Por coincidência, estou a ler<i> O Livro Negro do Comunismo</i> e nem se podem imaginar as semelhanças entre esta história e as purgas estalinistas. Esta gente está completamente apodrecida, os seus valores estão invertidos, embora eu duvide que os tenham.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Quanto à escola, são contas de outro rosário. Aprendi que quem está junto das crianças, nem sempre quer o melhor para elas. Aprendi que quando se tem quezílias com os pais, quem paga são as crianças. Elas acabam por ser meios para atingir fins. As declarações prestadas pela instituição por intermédio dos seus intervenientes, revestem-se de autênticas formas de<i> esquivar-se o mais possível aos erros cometidos para salvar a reputação, evitar futuros problemas</i>, para não referir as contas que prestam à consciência.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Porque de consciência falamos, não posso deixar de referir que, aquilo que me tranquiliza e me serena é o facto de saber que fiz o correto e salvei o meu Filho (os pais do agressor tiveram a ideia peregrina de o retirar da escola). Agi sempre dentro da legalidade e da racionalidade e, apesar de ser Bipolar, ultrapassei esta má fase sem adoecer, felizmente, apesar de tantos ataques cerrados, não caí numa depressão profunda. Muitas pessoas das minhas relações acompanharam atónitas, à distância esta história pesada. Lançaram raios e coriscos a pessoas tão más, que nem sequer tiveram o cuidado de reparar que, no meio, estava apenas um menino. Voltando à questão da consciência, continuo a reafirmar que me pautarei sempre pela dignidade que imprimo aos paços que dou. Foi assim que fui educada e a minha vasta instrução e cultura também não me permite ser de outra maneira. Volto a referir que o Senhor meu Pai incutiu em mim o mais digno dos valores: a integridade. Nas suas inúmeras condecorações militares como Oficial de Engenharia, estão mencionadas as estradas que rasgou nesta zona do País. Hoje, estou em crer que a esmagadora maioria destas gentes, que vergonhosamente pisa o seu contributo à Nação, não merece um grãozinho do seu alcatrão, pois jamais estará à altura de quem as projetou. Estão a vasta distância de quem me educou! E eu pedantemente digo e assumo-o, por estas terras, tenho as minhas duvidas que haja mais do que algumas pessoas que se me equiparem. E esta afirmação, assino-a e assumo-a. Há quem não saiba o que significar Assumir os Atos ou as Palavras!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Outro dos contornos foram as cartas anónimas. As pessoas podres e baixas escondem-se por de trás do anonimato quando sabem que estão a dizer coisas muito estúpidas. Não vejo outra explicação. Quando temos vergonha daquilo que dizemos, ou não dizemos, ou escrevemos uma carta anónima. Claro que a cobardia é a explicação mais óbvia. A verdade é que este <i>modus operandi</i> é digno de gente "que olha para o chão". O conteúdo das cartas consegue ser mais absurdo que o ato em si, mas pelo menos permitiu-me perceber a justificação do crime (cometido por mim, entenda-se) - nasci doente bipolar! Apesar dos Médicos Anónimos Populares me terem diagnosticado outras tantas coisas, mais um sem número de sintomas, não deixa de ser triste verificar o nível de ignorância das pessoas em relação a estas matérias. Serem uma grande cambada de ignorantes, não me surpreende, o que é grave é que transmitam estas ideias aos filhos, que serão os adultos preconceituosos do amanhã, perpetuando-se assim o ciclo do obscurantismo.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Também foi muito fácil perceber que um dos defensores anónimos do meu Filho (motivação altamente hipócrita, apenas um fim para atingir os meios) é membro do corpo docente da escola (que eu, por acaso, até sei quem é). Para além de ser uma missiva anónima, embora muito<i> caridosa</i>, que para mim pouco mais é do que lixo, faz diagnósticos no âmbito da pedopsquiatria. Não compreendo os motivos que levam as pessoas a proferir sentenças que não são do seu pelouro. Ora vejamos, das duas uma, ou este povo é pura e simplesmente um cérebro oco coletivo, ou em cada casa há um médico. Se assim for, digam, estou com uns problemas na tiróide, talvez haja um endocrinologista aqui na Ordem Municipal dos Médicos.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Para terminar e à laia de conclusão, o grande problema foi que a ignorância coletiva deu-me como "louca", seja lá o que isso for. Para ajudar à festa, nós somos uma família migrante e este povo de emigrantes do Interior do País, estranhamente, é muito xenófobo, só os emigrantes que passam cá o mês de Agosto é que são os "forasteiros benquistos". Ou seja, ter-se-á juntado o útil ao agradável e tentou-se que os invasores abandonassem a terra. Como se enganaram! Gosto de morar aqui por ser campo e estou-me nas tintas para a paisagem humana cá do sítio. Não resisto a acrescentar que, certo dia, uma mãezinha desatou aos berros para mim no meio da rua. Disse muitas coisas estranhas, falou em maluca e manicómio. Como tenho classe e sou educada, obviamente não proferi uma palavra. No entanto, pergunto: quem está perturbada? Apesar de ter sido acusada de andar a chamar nomes às pessoas (numa carta assinada por um anónimo), de tarde à porta da escola, naturalmente que nunca o faria. A minha educação não o permite. Ironicamente, o acusador anónimo esqueceu-se que eu estive entrevada desde Março a meados de Junho devido a uma profunda neurocirurgia à coluna. Lá diz o velho dito:<i> mais depressa se apanha um mentiroso...</i></span><br />
<i><span style="font-family: "courier new";"><br /></span></i>
<span style="font-family: "courier new";">Quanto à CPCJ local, se eu contasse o que sei... Fico-me por sugerir a leitura da legislação acerca da forma como os seus membro são escolhidos. E já agora, se tiverem paciência, investiguem documentação sobre os regentes escolares, entre 1935 e 1940, depois... comparem informações e retirem as vossas conclusões!</span><br />
<i><span style="font-family: "courier new";"><br /></span></i>
<span style="font-family: "courier new";">E assim termina mais este episódio da vida da minha família, recheado de ataques pessoais, preconceito, muita vigarice e que, lamentavelmente, apesar de todas os nossos esforços em ajudar o M. e canaliza-lo para todo o tipo de acompanhamento, a verdade é que se tornou um joguete nas mãos da ralé, para nos atingir.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Cada uma das personagem externas à família, saberão ao certo quais as suas motivações e as razões dos seus ódios de estimação. Fiquem-se com eles!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Quanto a mim, a Rentrée já está preparada. A normalidade reinstalou-se, as rotinas de trabalho retomam-se e a coluna, desta vez sim, melhora a olhos vistos. Esta semana retomo a Natação e dentro de uma semana partilharei a organização caseira, pois tenho muitas novidades!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Um excelente Ano Letivo 2018/2019! Esperando que cada qual se meta nas suas vidas.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">NOTA: Esta história aplica-se apenas aos supostos envolvidos na narrativa, no entanto ressalva-se que pode ser ficcionada. </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "courier new";"><u><span style="color: #000120;"><br /></span></u></span></div>
Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-23567086158214587332018-07-21T06:20:00.001-07:002018-07-21T06:20:33.957-07:00Tudo isto é Triste, mas não é Fado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1IMu0ypsSQznDcShOQbCUwYA0Tpy_o58vK3dZ5TCwHVVVQhKu3JO9QoTEikbXpBl_nO1rK0NyYGyA9qyVU465ugNuiCrhPxaYq9sR4NVCu4pJ2TQWLBCEbewwxfHCwS2VHxbUodqkQ0o/s1600/Albert+Einstein.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="336" data-original-width="619" height="173" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1IMu0ypsSQznDcShOQbCUwYA0Tpy_o58vK3dZ5TCwHVVVQhKu3JO9QoTEikbXpBl_nO1rK0NyYGyA9qyVU465ugNuiCrhPxaYq9sR4NVCu4pJ2TQWLBCEbewwxfHCwS2VHxbUodqkQ0o/s320/Albert+Einstein.png" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace; font-size: x-small;">Imagem retirada da internet</span></div>
<div>
<br /></div>
<div align="center">
<i><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho a certeza absoluta</span></i></div>
<div align="center">
<span style="font-family: "courier new"; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div align="center">
<span style="font-family: "courier new"; font-size: x-small;">Albert Einstein</span></div>
<div align="center">
<span style="font-family: "courier new"; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Estou, finalmente, em vésperas de umas férias bem merecidas, em Família. Este verão vai ser diferente, mais entusiasmante, mais comprido e mais divertido. Será altura de recuperar o tempo perdido por via da neurocirurgia. Haverá divertimento a três, com passeatas, dinossauros, museus, feiras. Sardinha assada, do mar para o fogareiro que está no terraço, com direito a jantar na varanda alta, tendo por panorama o sol a perder-se no azul do mar. Churrasco no quintal, na companhia dos avós todos. Como a estadia vai durar, tenho mais planos na manga. Juntar amigos, visitar família alargada e proporcionar aos priminhos momentos de brincadeira. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Apesar das limitações físicas que ainda enfrento, tenciono "ir a banhos" à moda antiga. Feita matrona, refastelar-me-ei numa confortável cadeira, à sombra de um chapéu de sol porque detesto bronzes e de livro na mão!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Na maioria das vezes que me desloco à minha terra, faço-o de relance ou com férias cheias de dias preenchidos e uma correria de afazeres. Parece-me que, pela primeira vez, vou mais descontraída. Não poderão faltar as rotineiras prospeções no Martim Moniz, em busca de cheiros e sabores do mundo. E por falar nisto, eu e o R. aproveitaremos para fazer, pelo menos, um almoço a dois. Por norma, como por cá, contamos essencialmente um com o outro, nunca podemos dar-nos ao luxo destas coisas. Sabe-nos bem estar assim, mas a verdade é que quando damos por nós, achamos que devíamos estar os três a partilhar iguarias japonesas.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">À medida que vou amadurecendo, que o meu casamento se consolida com o passar dos anos infindos, que vejo o meu Filho crescer, interagindo nas conversas cada vez com mais fluência, tenho o fortúnio de me sentir mais feliz e realizada a cada dia que passa. Tive perdas cruéis ao longo da vida. Estas fizeram-me sofrer muito. Passei por situações que não desejo a ninguém. Mas felizmente ultrapassei-as e sobraram as aprendizagens que ficaram cravadas em mim.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">A saída, por uns tempos, terá um sabor diferente por via dos acontecimentos mais recentes da novela de cordel. A verdade é que tenho certos e determinados valores por fundamentais e, quando verifico que o vulgo os desconhece por completo, fico com náuseas. Sou filha e neta de pessoas muito íntegras, honestas e instruídas. O meu Pai foi, sem dúvida, um grande agente da minha educação. Nele, mais do que as suas palavras, foram os seus exemplos de vida que, ao longo dos 27 anos que tive o privilégio da sua companhia, que sempre pude observar. Era um homem inteligentíssimo, Engenheiro Militar, Oficial de alta patente do Exército português que, acima de tudo, me formatou na importância da integridade humana, na honestidade, na coerência naquilo que dizemos e na defesa da verdade. É humano errar, mas podemos sempre assumir o erro e desfazê-lo. Não custa nada, não envergonha ninguém e só prova o nível da pessoa. Quanto a esta questão de assumir posições, independentemente de estarmos a fazer o mais acertado embora tenhamos a convicção de que sim, e corrigi-las quando é necessário, digamos, tratar-se de um fenómeno finito. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Recordo-me de estar a aprender o infinito em Matemática, nos bancos da escola, e ter alguma dificuldade na apreensão do conceito. Este pensamento terá caído no esquecimentos até me cruzar com situações e vivências tão esclarecedoras acerca do assunto. Nunca pensei deparar-me com uma verificação, tão óbvia, que me tem passado despercebida. A estupidez humana é infinita! Não há exemplo mais concreto.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Versar sobre estupidez seria vasto. Na verdade, tenho a cabeça polvilhada de tantas ocorrências que seria complicado referi-las. No entanto, não é esse o meu intuito. Gosto pouco de <i>diálogos unilaterais</i>, pouco democráticos e parcos em respeito pelo próximo. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Em termos mais gerais, impressiona-me bastante a facilidade com que as pessoas fantasiam situações em proveito próprio. O reino da fantasia não é ilícito, por isso as pessoas escrevem romances. Quem gosta de inventar devia ponderar seriamente em dedicar-se à literatura de ficção, pois pode estar-se a desperdiçar-se um verdadeiro talento. Sei que há muitos leitores, por esse mundo fora, sequiosos de novas intrigas comezinhas. Mas atenção, primeiro é preciso dominar muito bem a Língua Portuguesa. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Não me quero perder na infinitude da estupidez humana, mas importa dizer que é uma característica muito popular fazer uso de cargos e, auto proclamados poderes, para exercer vinganças pessoais por intermédio de assuntos oficiais. Penso que, em terras lusas e corruptas, em geral se trata de um <i>modus vivendi</i>. Pessoalmente, considero este nível de estupidez humana completamente inqualificável. É como tudo, uns só sabem ser assim, outros não sabem ser assim. Gente <i>pequenina</i>, como diz a minha Mãe.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Adoro os especialistas de bolso que "rapam" dos compêndios de <i>Medicina em 10 Lições</i> ou outros que tais, e tecem grandes teorias acerca do que não sabem do que estão a falar, julgando-se passar por grandes teóricos da coisa. Confesso que ao longo da vida, pude assistir a querelas destas, acerca das quais termino sempre com o mesmo sentimento - pena do orador. Não se julgue que o desconhecimento dos temas constitui, em si, uma falha. Cada um sabe o que sabe, estudou o que estudou e leu o que leu. Não tenho pena da ignorância em si, mas principalmente da atitude leviana de versar convictamente sobre o que não se sabe. Há muitos e longos anos aprendi uma máxima: só estou apta a aprender se me capacitar que sei muito pouco. Há cerca de uma década que enceto investigações acerca de um tema muito restrito, e às vezes dou por mim perante a pequenez do meu conhecimento. Trata-se de um sentimento inquietante. Recorrer a este esquema por rotina faz o orador tropeçar na sua própria armadilha. A título de exemplo denotam-se contradições, incoerências, discursos envoltos em nevoeiro dignos de <i>As Brumas de Avalon. </i>O meu Pai, pessoa dotada de grande sentido de humos, quando via um grupo de gente, normalmente homens, em redor de uma obra a decorrer, tecendo as mais variadas teorias, chamava-lhes os <i>engenheiros de obras feitas</i>. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new";">Hermenêutica, ora aí está uma tão peculiar ciência e também tão utilitária e tão ignorada. Se pegarmos num texto de quatro páginas, selecionarmos oito palavras ao longo do texto e se fizermos uma citação que resultem numa frase com (...) pelo meio, temos... tcham! tcham! - a frase que quisermos!! Meus caros, isto não é NADA! Claro que, uma obra de referência de semântica ou mesmo um dicionário temático, protegeriam o autor de pertencer ao grupo da <i>infinitude da estupidez humana.</i> </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Quase diariamente se ouvem notícias de missivas com o espaço da assinatura em branco - cartas anónimas, portanto. Eu tinha ideia de que a <i>Revolução dos Cravos</i>, após tantas décadas de implementação, já tinha sortido os seus efeitos. A PIDE desapareceu há muito tempo e os seus elementos já não gozam de poderes, além de que muitos já são muito velhinhos. Mas, pelos vistos, frequentar as festas comemorativas do 25 de Abril, é como ir à missa ao domingo. </span><br />
<span style="font-family: Courier New;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">É claro que um gesto de tão infinita estupidez, apesar de não revelar o autor, revela mais do que isso, a natureza do autor! Daqui depreenda-se o que se entender. Acho até um tanto <i>engraçado</i> o argumento das represálias. Como gosto de refletir sobre as coisas, um pretexto destes pode querer dizer inúmeras coisas. Assumir o que se diz e faz, não é para todos. Só os fortes e corajosos o fazem. Os chamados cagadinhos, não! Mas continuo na minha, a coragem não é para quem quer, é para quem pode. Há, claro está, as represálias dos professores de Português. Consta-me, no entanto, que alguns dão muitos erros.</span><br />
<span style="font-family: Courier New;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Se, por ventura, um espécime desta estirpe infinita se cruzou por aqui, importa tornar a referir que, quanto a mim, se está sempre a tempo da "redenção". Até a considero bastante valorosa e um profundo gesto de auto honestidade.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">A grande vantagem da infinitude da estupidez humana é que nos põe a nós, pessoas íntegras, instruídas, educadas e honestas, sempre em constante exercício mental. É que a infinita estupfação humana é, em si, um grande desafio! Esboço agora um breve sorriso, à laia de recordação de uma cena que presenciei no outro dia: estava uma senhora no meio da rua, aos gritos para alguém imaginário, e, descontroladamente, mandava esse vulto imaginário para o manicómio, chamando-o de louco. Muito lamentavelmente, deve ser mais uma daquelas pessoas que, por medo ou vergonha, não se quer tratar. Hesitei se lhe perguntaria ou não, se se sentia bem ou se precisava de ajuda. Devia ter ajudado, mas estava atrasada para a fisioterapia...</span><br />
<span style="font-family: Courier New;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Tudo para concluir que, dentro em breve, levarei na mala para as férias, muita alegria, amor, cumplicidade, planos de diversão e, preferencialmente, um pequeno SPA. Por cá ficam os assuntos menos agradáveis porque não fazem falta no destino. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Como ainda tenho um tempinho e, para não desvirtuar o conteúdo essencial do blog, tenciono regressar, em breve, para versar acerca da bagagem da família e toda a logística inerente a uma estadia que, desta feita, será mais relaxada. Está em construção.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Até lá, há sempre a hipótese de ir subtraindo valores ao infinito...</span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "courier new";"></span><span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-13397645702312638792018-07-11T08:50:00.000-07:002018-07-11T08:50:34.881-07:00A minha Natureza e a Natureza do meu Coração<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2YW9-DPiP3FHiOsgtL2JRoQT4JOtYBikhw0JIZ2csSJTmx0MDR3VCbLrQ1Z_oWjBtZlInukNOTq_HWlY-20clW1KNat9w-NcF9MyE4p4nEvRniaNk19Rl2JDDFif8D8LTxidd0q1KdQ0/s1600/CORA%25C3%2587%25C3%2583O.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2YW9-DPiP3FHiOsgtL2JRoQT4JOtYBikhw0JIZ2csSJTmx0MDR3VCbLrQ1Z_oWjBtZlInukNOTq_HWlY-20clW1KNat9w-NcF9MyE4p4nEvRniaNk19Rl2JDDFif8D8LTxidd0q1KdQ0/s320/CORA%25C3%2587%25C3%2583O.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não restam dúvidas, sou da urbe. Foi lá que nasci, cresci, fiz amizades duradouras, estudei, trabalhei, casei e me tornei mãe. Foi também de lá que embarquei para correr mundo, por vezes mundos tão distantes, que nem me davam a certeza de voltar. Foi também lá, que disse um adeus forçado e derradeiro a pessoas que amei com todas as minhas forças. Mas abandonei a urbe por escolha e vontade. Troquei os prédios, as bibliotecas, os museus, os arquivos, a folia das festas de Lisboa e o burburinho constante, por uma vida no campo.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"></span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Por ocasião das férias do mais-que-tudo, fomos a banhos à Caparica, como é habitual. À parte estas férias em Família, é relativamente frequente ir à Capital. Tenho sempre coisas para tratar, nem que não seja ver a Mãe ou até uma amiga que viva no estrangeiro, e calhe passar por lá. Gosto também de me abastecer de ingredientes asiáticos e comidas exóticas no Martim Moniz, ver as tendências da moda, passear na Baixa ou vir com o gaiato a um qualquer espetáculo infantil. Enfim, há um sem-número de afazeres que arranjo para dar lá um pulinho.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"></span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Desde há um ano a esta parte, nada tem sido fácil na minha vida. Destaco o bullyng sofrido pelo meu Filho e o sofrimento que isso lhe causou e a minha neurocirurgia à coluna. Tenho sofrido de dores excruciantes que tento combater com analgesia prescrita, embora com pouco resultado. À parte todas estas circunstâncias muito pouco simpáticas, nada é comparável à felicidade que atualmente se estampa no rosto do meu Filho. O nosso duro combate contra quem teimosamente fechou os olhos à violência infantil que o M. sofreu pode, finalmente, colher os seus frutos. Ver o M. feliz a brincar na quintinha não tem preço. Este, será um tema para outra missiva que, de momento, não reúno condições para escrever. Estou ainda a digerir.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Mas voltando ao que aqui me trouxe, importa dizer que de cada vez que abandono temporariamente a minha acalmia campesina, ninguém diz que fui nada e criada na urbe. A maioria das gentes das minhas relações partilhou comigo as origens sociais, são pessoas pouco acostumadas a deslocar-se aos ambientes rurais sem ser em viagens pontuais. Nasceram ou estabeleceram-se em Lisboa ou nas áreas adjacentes, por lá têm as suas vidas e criam os seus filhos. Conheço, inclusivamente, pessoas que até são aparentadas com gentes rurais, mas que não nutrem grande apreço por se deslocarem até lá, ainda que por pouquíssimo tempo. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new";">A minha Mãe, nascida na freguesia da Lapa, bem no centro de Lisboa, cresceu entre a sua casa e a casa das avós, também por ali. Na juventude, calcorreou as ruas da Baixa, onde frequentou as Belas-Artes. Ainda hoje, acomodada ao seu carro, percorre os shoppings, as ruas da Baixa em busca de lojas antigas, que vão resistindo, que vendem produtos específicos, ou até mesmo umas quantas que ainda vão sobrevivendo nas Avenidas Novas. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new";">Eu própria, até ser já bem crescida, ainda sou daquele tempo, saudosismos à parte, em que comprava a roupa mais fashion nos Por-fí-rios ou na Casa Africana. Mas havia muitas mais. Quando fiz 18 anos, o meu Pai ofereceu-me uma ida à Baixa no próprio dia 17, um Sábado, se bem me recordo, para um grande passeio a mirar lojas e comprar roupa ao meu contento. Como esquecer esse dia... </span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new";">Ainda bem miúdos, eu e o meu Irmão, no início de cada estação, lá rumávamos a uma sapataria na Baixa (cujo nome não me recordo) para comprar as sandálias ou os sapatos. Havia também grandes armazéns de roupa, onde desfilávamos contentes com as potenciais peças novas. Era um tempo diferente do atual. Hoje, já não estou a crescer, nem preciso de comprar roupa a cada estação, ainda assim não consigo resistir à "loucura dos trapos".</span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new";">Era frequente percorrer com o meu pai as marisqueiras da Cidade. A loucura do lugar para o carro, o barulho e o cheiro a marisco que se sentia por entre as tascas de Alcântara serão, sem dúvida, memórias cravadas no universo da minha história. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new";">Por Fortúnio e "boa média" formei-me na Universidade de Lisboa, a 20 minutos de casa, de Metro. Passei noites em claro, com os olhos enterrados nos livros e nos apontamentos, em Santos no Ágora, um espaço de estudo para universitários, aberto 24 horas por dia. Após terminar a licenciatura, enveredei pelo Ramo Educacional, findo o qual me esperava um estágio, a lecionar a tempo inteiro com Seminários académicos. No estágio, calhou-me uma escola em Alcochete, na altura não passava de uma pequena vila. Não terá sido com muito agrado que me via desterrada para um local que nada me dizia. Não tanto pelo local em si, mas mais pela distância a que ficava do meu "mundo". Revelou-se, afinal, um ano muito alegre e diferente. Tive oportunidade de ter a meu cargo uma turma de alunos da Academia do Sporting, no seio da qual se encontrava o atual Guarda-Redes da Seleção. Do ponto de vista das relações humanas, foi uma época enriquecedora. Toda a bagagem teórica relativa à psicologia do adolescente, de que era detentora, espraiou-se naturalmente no exercício das minhas funções. Encontrei-me profissionalmente, consegui certificar-me de que todos os meus esforços e empenho na aprendizagem de um míster não caíram no vazio. Em cada aula que preparava e dava sentia-me uma estrela cintilante, certa de guiar os meus alunos ao encontro do Conhecimento. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Nessa época da vida, havia já passado por muito. Tinha, no entanto, a frescura e a leveza da vintena sobre o corpo. Sentia-me livre e despreocupada, um tanto selvagem, até. A vida pertencia-me por inteiro, tinha nas mãos o destino. Era de natureza jovial, divertida, de sorriso fácil, carregava angústias e já se vislumbravam algumas garras afiadas. Então, como hoje, os gatos transmitiam-me calma, aquela calma que a minha alma tormentosa nem sempre encontrava. Entregava-me horas infindas a tratar de gatos sofridos e traumatizados na União Zoófila de Lisboa, ou acorria a pedidos para acolher temporariamente gatos ou ninhadas em cuidados. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">No entremeio, dediquei-me à Arqueologia. O mundo do Passado não era desconhecido para mim, abriu-se no entanto um novo universo perante os meus olhos. As plantas, as montanhas, a terra, os insetos, os cheiros por detrás dos prédios, das estradas, das luzes... Na casa dos vinte, vi-me deslumbrada e hipnotizada pela beleza e força inspiradora da natureza, à qual eu sempre pertenci, sem nunca ter sabido disso. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Os últimos anos passados na urbe, preenchidos com muito trabalho, em que a primeira aula se dava às 8.00 h na Escola e a última às 22.00 h na Universidade, enriqueceram-me profissionalmente. Do ponto de vista académico a bagagem que trouxe foi, sem dúvida, monumental, ainda assim, sempre senti um espaço vazio nas profundezas da minha alma. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Comprei uma segunda habitação no campo, onde descansava, qual guerreiro derreado do combate semanal. Aí, a alvorada era espontânea, sem a obrigatoriedade de uma ansiedade antecipada por que tem que ser, porque é preciso ser-se agressivo na cidade. Lentamente fui consciencializando que, quando a estrada se aproximava destas terras, se podia sentir o cheiro relaxante a feno. Podia finalmente sentir-me o animal que sou e sempre fui.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Hoje tenho a minha própria Família, que amo com toda a força das minhas entranhas. Morar aqui, neste sítio que é nosso, onde à nossa volta crescem árvores, flores e até ervas daninhas, onde se pode sentir no corpo as águas frias do rio em dias tórridos, é profundamente encantador. Nesta quinta, onde se planta a minha casinha de pedra, onde me sinto matrona deste lar tranquilo, feliz e afetuoso, tenho uma sensação de pertença nunca antes sentido. É aqui que sou feliz, </span><span style="font-family: "courier new";">é aqui que eu pertenço.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new";">Para onde quer que eu vá, onde quer que eu acabe os meus dias, a minha natureza pode até oscilar, mas todo este verde que me envolve é, sem dúvida, a Natureza do meu coração...</span><br />
<br />Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-61037840164972626262018-06-17T15:59:00.001-07:002018-06-17T15:59:18.098-07:00Comprazendo-me com a Loucura!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjloBxu3aKdWBAJBjWhEkiiZzYOP2dZOpCVXz_jV1d8Wy4vcWS2OPLAluwpON8JFeZ9oEjw1MysMiI7FaAiDv6JFubWHljtz60Dk-y_mvYx5SAIMesr9bWm9PqM7_OXgCZmCcSyciSYB9c/s1600/Regozijo+da+Loucura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="960" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjloBxu3aKdWBAJBjWhEkiiZzYOP2dZOpCVXz_jV1d8Wy4vcWS2OPLAluwpON8JFeZ9oEjw1MysMiI7FaAiDv6JFubWHljtz60Dk-y_mvYx5SAIMesr9bWm9PqM7_OXgCZmCcSyciSYB9c/s320/Regozijo+da+Loucura.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Adoro o mês de Junho! Ao longo de toda a minha vida, este mês, felizmente, tem sido de uma enorme alegria. Não só por ser o mês do meu aniversário, do aniversário do meu casamento e das festas da minha Lisboa. Nativa de Junho, gemeniana pura, com a maioria das casas em Gémeos, segundo uma amiga que percebe do assunto, seja lá o que isso for, assim sou eu. </span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Este mês anuncia a vinda do verão, a minha estação do ano preferida. Verão é divertimento, praia, folia e lazer. Embora para trás tenham ficado os verões entre amigos, divididos em sardinhadas junto ao mar e caracoladas nas esplanadas da praia, hoje o verão tem outro sabor. Embora a morar no interior, verão ainda sabe a praia sempre que quero, ou a saudade da envolvência das origens impera. </span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";">Hoje em dia, o verão é sentido como uma bela oportunidade de usufruir da família. Apesar de passarmos sempre uns tempos na Caparica e Lisboa, a maior parte da estação é passada em nossa casa. Passeios por aldeias remotas, rios, piscinas e picnics, preenchem os nossos dias. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Este ano as férias trazem consigo um novo desafio, pois decidimos ficar com o M. em casa, ao invés de o "descartarmos" num ATL. Para além de uns dias de atividades camarárias na piscina municipal, ele vai ficar connosco. Quando ele entrou para o 1.º ano, em Setembro, eu e o R., assim decidimos. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Quanto a mim, confesso que estou muito entusiasmada com a ideia, mas igualmente um tanto receosa. Quem por aqui me segue, sabe que sou uma pessoa muito metódica e organizada. Há semanas que não para de pensar num plano para nos manter ocupados durantes estes meses. O entusiasmo que sinto, advém essencialmente de estar a sentir muita necessidade de recuperar o tempo perdido destes dois últimos meses. A neurocirurgia à coluna deixou-me muito debilitada, pelo que o contacto sofreu as suas limitações. As célebres correrias para os abraços ao chegar a casa, da escola, com o Pai, tiveram de acabar, por exemplo. Tal como o costumeiro beijinho de boa-noite, pois não é possível dobrar-me para o aconchegar nos lençóis. Já para não falar na usual história para relaxar antes de ir dormir. Só há umas três semanas é que tenho conseguido deitar-me junto a ale para, os dois, a meias, lermos o enredo. Já lê comigo. Como cresceu!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Nem tudo são rosas, há muitos espinhos pelo caminho. Mas eu digo, entre a rosa e o espinho, vive o belo aroma que esta flor liberta. A vida é, para todos nós, polvilhada de desaires e amarguras. É verdade que uns são mais bafejados pela sorte do que outros. Mas é verdade também, que a sorte e o azar, como todos os conceitos, dependem da nossa apreensão. Ou seja, se nos acharmos muito azarados, sentimo-nos muito infelizes. Por seu lado, podemos achar que temos muito azar na vida e ter de lutar um pouco mais, considerando isso uma enorme sorte. E um sem número mais de perspetivas. Nesta última que enumerei eu, nesta fase da vida, incluo-me. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Não posso deixar de considerar que, ter perdido o meu Irmão em idade tão precoce, e o meu Pai aos 27 anos, que por 7 dias não teve a felicidade de me ver Mestre, foi um infortúnio. Causou-me um sofrimento atroz e obrigou-me a vivenciar experiências pelas quais ninguém devia passar. Fui caindo aqui e ali pelo caminho da vida. </span></div>
<div>
<span style="font-family: "courier new";">À parte tudo isto e voltando ao Mês de Junho, hoje, no dia em que festejo as minha 41 primaveras, sinto um grande sabor a felicidade e libertação. Estou leve, alegre e confiante no presente e no que há de vir. Desde há alguns meses que enfrento alguns problemas pessoais, dos quais posso finalmente respirar de alívio. Mais do que qualquer outro ano, anseio veementemente a vida das férias do verão. Só penso em meter mãos à obra, fazer um levantamento de atividades possíveis, fazer planos de estudo e horários para dar aulas em casa e quantas mais ideias tiver. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Sou daquelas que acha que um problema traz mil aprendizagens. De entre as muitas coisas que aprendi nos últimos meses, umas foram mais positivas do que as outras. Fiquei a conhecer aspetos da natureza humana com os quais nunca me tinha deparado. Pior do que tudo, foi ver o menosprezo que muitos adultos nutrem pelas crianças. Por vezes verifiquei isso em adultos com responsabilidades acrescidas nessa matéria. Em termos humanos e humanitários, foi o que mais me impressionou, confesso. Para mim, uma criança só sobrevive com a proteção do adulto. É assim desde tempos imemoriais, desde que vivemos em cavernas. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Aprendi outras coisas curiosos, até caricatas, se não cómicas. A determinada altura do campeonato, devido à forma que escolhi para enfrentar o problema, aleado ao facto de se saber publicamente que sofro de perturbação bipolar (fui à TV falar sobre uma vertente do assunto), istlou-se uma espécie de histeria coletiva. A população do sítio, ao que parece, estava com muito medo de mim. Nas suas cabeças eu seria bastante perigosa. Inclusivamente, tive conhecimento, por interposta pessoa, do envio de uma enormidade de missivas dirigidas às mais diversas entidades, referindo a minha doença. Penso tratarem-se de uma espécie de denúncia por crime de doença bipolar. Como se isto não fosse cómico o bastante, as cartas eram anónimas. No fundo até percebo que os autores deste tipo de baboseiras não queiram assumir a autoria da sua própria ignorância. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Pela vida fora, aprendi a viver com a doença bipolar. Não gosto de ter esta doença, tal como não gosto de ter os outros problemas de saúde que tenho. Ninguém gosta. Reconheço que as doenças psiquiatras têm uma especificidade singular. Quer do ponto de vista do paciente, quer da sociedade. A ciência é simples: Perceber a doença, encará-la de frente, assumi-la, e tentar não permitir que a ignorância social nos derrube. Se partiu um braço é <i>coitado, </i>se é bipolar é <i>louco</i>. Felizmente, por força de caráter ou lá o que for, o que pensam ou dizem é para deitar no lixo. Não é sequer admissível culpabilizar quem quer que seja por ter nascido desta ou daquela maneira. </span></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Abracei a docência pelo gosto de ensinar, pelo amor ao conhecimento. Se na maioria das vezes a ignorância me entristece, neste caso, não posso deixar de comprazer-me com loucura...</span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-43137385496981361962018-05-17T05:56:00.002-07:002018-05-21T17:21:15.582-07:00Por cá, 2018 ainda não chegou...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj_1iKRFFDw6mLNThRG44TVhTrTLL3KiIvYYgikVTSQBqNhpimyHoGKtCPaVoLvsPf-mdmPGLvfFyqxotXfUjQw2TDcv8I0kEbgX00tnrGGmIdfVGYhgk1BV6VLirlvnUfxcQbDoiIlq0/s1600/Castelo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj_1iKRFFDw6mLNThRG44TVhTrTLL3KiIvYYgikVTSQBqNhpimyHoGKtCPaVoLvsPf-mdmPGLvfFyqxotXfUjQw2TDcv8I0kEbgX00tnrGGmIdfVGYhgk1BV6VLirlvnUfxcQbDoiIlq0/s1600/Castelo.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Como é sabido, mudei-me para uma quinta no Interior de Portugal, embora tenha nascido e crescido na Capital. Foi por lá que construí sólidas amizades, que me diverti muito em altura própria, que fiz o meu percurso académico e profissional, que encontrei o meu amor, que casei e que tive o meu Filho. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Mudei-me de armas e bagagens de um ambiente urbano para um muito rural, por causa das paisagens e acalmia circundantes. Trocando as paisagens de betão, pelas vistas verdejantes, a minha Família encontrou um mundo novo para explorar. Aos poucos, fomos aprendendo a tirar proveito de um estilo de vida novo.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">As solicitações consumistas, ao fim de alguns anos, deixaram de fazer falta. Os dias agitados, em que se calcorreavam as escadas do Metropolitano ou as horas de ponta em que, agarrada ao volante, não podia olhar para o lado, ficaram para trás. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Como me afastei da vida laboral, longe vão os tempos em que me dividia a dar aulas entre a escola e a universidade. Apesar de choruda, a maquia trazida ao fim do mês, nunca será suficiente para pagar o tempo que tenho estado com o meu Filho. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Não deixa de ser irónico o facto de ter acabado por escolher este modo de vida, tendo em conta que, há muitos anos, idealizava o oposto. Eu era o protótipo da rapariga urbana bem instalada na vida. Tinha planos profissionais e académicos em mente. Lutei por realizá-los. Pelo caminho calcorreei cidades um pouco por todo o mundo. Conheci de perto a diversão noturna da minha Lisboa. Os meus dias eram longos e preenchidos. Havia lugar para desporto, aulas na faculdade, voluntariado e muitas festas.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">As baterias eram carregadas na Costa da Caparica, onde tinha um grupo de amigas e amigos para a coboiada. Apesar de nunca ter sido fã do bronze, sempre adorei serpentear por entre as ondas do mar. Cheguei a instalar-me no areal, debaixo do guarda-sol, durante tardes inteiras, em que intercalava a correção de provas globais com relaxantes braçadas no mar. Foi também junto ao cheiro a maresia que durante horas e horas esquecidas me preparei para exames ou escrevi capítulos da minha dissertação. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Na infância, como em todas as infâncias, tive a Vó Lu que me contava histórias. Ela própria, uma avó da urbe, licenciada pela Universidade de Coimbra, professora liceal, escritora de dezenas e dezenas de manuais didáticos, era uma mulher dotada de uma enorme cultura. Antes de iniciar a narrativa, fazia-me sempre a mesma pergunta: queres uma história a fingir ou uma verdadeira? Eu queria sempre a verdadeira. Recordo-me de ouvir sempre fascinada os pormenores dos seus relatos expressivos e empolgantes. É possível que dela tenha herdado os genes das humanidades.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Já que de avós falamos, aproveito para dizer que a minha bisavó Laura era divorciada. A minha Avó, apesar de já ter mandado o meu Avó <em>passear </em>há muitos mais anos, só conseguiu divorciar-se oficialmente quando o Estado Novo caiu. Não havia pensão de alimentos para ninguém! Teve de se virar sozinha.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A minha Mãe casou uns 15 dias antes do meu Irmão nascer, numa conservatória em Pinhel, onde o meu Pai estava destacado como engenheiro militar. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A minha Mãe estudou nas Belas-Artes de Lisboa, fez-se professora, tirou o Mestrado em Ciências da Educação, tendo coordenado o seu departamento durante os últimos quinze anos no activo. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Sempre a conheci como uma mulher de armas, destemida e forte. Tenho aprendido muito com ela ao longo da vida. Dado que o meu Irmão faleceu e uns anos depois o meu Pai também, eu e ela ficámos sozinhas. Penso que a partir de então selámos uma aliança muitíssimo especial. Estabelecemos uma importante "parceria" na forma como enfrentamos a vida e nos inter-ajudamos. É raro vê-la fraquejar. Comoveu-me quando eu estava deitada numa maca, prestes a ser levada para o bloco operatório para a neurocirurgia à coluna, ouvi-la sussurar-me ao ouvido e a chorar: <i>Lembra-te disto minha Filha:</i> A<i>conteça o que acontecer, não haverá no mundo quem te ame mais do que eu! </i></span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Sempre fui muito chegada ao meu Pai. Tenho uma enorme admiração e afecto por ele. Na verdade, tive nele um incondicional amigo, um excelente protector e também uma boa companhia em momentos divertidos. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Jamais esquecerei as Galas a que íamos sempre juntos porque a minha Mãe não tinha paciência para isso, indo eu em sua representação. Ele sempre com o seu smoking e eu empiriquitada com roupa, normalmente, preta e prateada, enfeitada com as jóias maternas, que só invadiam os meus dedos naqueles dias festivos. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Preencherá para sempre a minha memória a lembrança das viagens que fizemos pelas cidades, vilas e aldeias deste nosso Portugal. De máquina fotográfica em riste, registei imagens de ruínas celtas e romanas, de muralhas medievais, igrejas e palacetes. Fazíamos uma espécie de passeios temáticos: castelos, praias, Alentejo, Beiras, etc.. Contam-se igualmente as idas anuais ao Porto para comprar roupas giras, num tempo em que havia poucos shopings. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Não sou velha, nem nova. Não se pode dizer que tenha pouca experiência de vida. Já estudei muito, li e escrevi bastante. Quando não sei, não invento ou digo que sei, mas procuro saber. À excepção daquilo que possa acontecer às pessoas que eu amo, nada nem ninguém me mete medo. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Este ano lectivo, ao saber que o meu Filho estava a ser vítima de bullyng na escola, tive de agir no sentido de travar as agressões. Como o concelho em que resido é pouco mais do que uma aldeia, cristalizada nos tempos medievais, tive de enfrentar muitos ódios e dificuldades. Não sou de lá e nas cabeças medíocres dos ali nascidos e criados, não havia problema em o M. ser constantemente agredido. O verdadeiro incómodo foi uma forasteira mexer com os poderzinhos instalados "obrigando" a escola a fazer o que lhe é devido, através de uma inspecção. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">É óbvio que não posso generalizar à escala nacional, mas, tirando honrosas excepções, os campesinos desta terra funcionam à boa maneira feudal. Arbitrariedade, autoritarismo, clientelismo e caciquismo por cá, são um modo de vida. A democracia manifesta-se apenas e só, no dia das eleições. Quem vem de outras cidades é tratado de forma negativamente diferenciada. O que leva estas gentes a tão grande xenofobia quando não passam de um povo de emigrantes, cujas aldeias se invadem de "avecs" no rico mês de Agosto, é algo que, do ponto de vista sociológico, me intriga bastante. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Ainda assim não me arrependo nem por um segundo ter rumado da urbe ao campo para aí criar raízes. As saudades da minha terra e da minha gente colmatam-se com 300 km de comboio ou carro. Sempre que quero ou preciso, vou respirar um arzinho de actualidade e mentes arejadas à Capital. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">As gentes campesinas daqui, na sua maioria, pouco ou nada me interessam. Como costumo dizer: <i>Já tenho 40 anos e não vim cá para fazer amigos. Tenho muitos e bons na minha terra.</i> Do que eu realmente gosto é da vida que encontrei na Serra. Possuir um pequeno pinhal onde se aloja a minha casinha de granito, mais um grande pedaço de terra onde posso cuidar da minha horta, enche-me as medidas. Enquanto o miúdo está na escola atarefo-me com os meus afazeres no mais repleto silêncio. Em frente à janela, a escrever ao computador, posso ter o prazer de passear os olhos pela montanha verdejante que se estende à minha frente.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Neste caso muito concreto e, quanto a mim, não são as pessoas que fazem o sítio. Na verdade, estas são as ervas daninhas que insistem, sem sucesso, em estragar as belas paisagens e qualidades da vida no campo.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Não é mito. Há locais parados em tempos, há muito, idos, em pleno século XXI. Sim, por cá, 2018 ainda não chegou... </span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-15707962599121447242018-05-03T14:02:00.002-07:002018-05-03T14:02:26.017-07:00Enquanto eu acreditar, acontecerá<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgurVIiqRZzvhIai5d7itZKWYWD9mFLPRjCZC9KAElYF3a3C2JXTH9bTzrJCqaeY7byOCpOjTgzaZqCkoHGooyXrodXVEj0YvbVGxVH5dso-QVuz5ovEKr3VlVdtMOLrMtnvXvMKC-RJCs/s1600/Esperan%25C3%25A7a.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="463" data-original-width="696" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgurVIiqRZzvhIai5d7itZKWYWD9mFLPRjCZC9KAElYF3a3C2JXTH9bTzrJCqaeY7byOCpOjTgzaZqCkoHGooyXrodXVEj0YvbVGxVH5dso-QVuz5ovEKr3VlVdtMOLrMtnvXvMKC-RJCs/s320/Esperan%25C3%25A7a.png" width="320" /></a></div>
<div align="center">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span> </div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Há coisa de nove meses, que não aparecia por aqui. O canto não ficou esquecido, mas temporariamente abandonado. Por vezes é preciso reformular a vida. Há abanões que levamos que têm o condão de nos acenar com a felicidade de uma vida simples, humana, sincera e, porque não, sempre igual. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Eu, que há muito me sentia feliz comigo, com a minha alma e o meu corpo, dei por mim a descer um poço fundo, lamacento e horripilante. Mas a verdade é que, mesmo no fundo de um poço, quando se ergue a cabeça, é possível ver a luz do sol. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Os últimos nove meses reservaram-me dificuldades, grandes desafios, aborrecimento, cansaço e problemas de saúde que me derrubaram. Há cerca de um mês fui submetida a uma neurocirurgia complexa e profunda à coluna. Passados uns dias sem me conseguir mexer, comecei a dar uns passos. À saída do hospital, já era dona de um andar vacilante e hesitante. Nas primeiras semanas, senti-me um copo de cristal, prestes a desfazer-se. Embora a saúde, no passado, já me tivesse falhado severamente, nunca eu me tinha sentido tão frágil.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A minha Mãe veio passar uma temporada connosco para deitar a mão. Com um miúdo pequeno e o Marido a trabalhar, não é fácil. Apesar de, ao início, precisar de ajuda para tomar banho, vestir-me, descer escadas e afins, aos poucos as coisas foram regressando ao lugar. Hoje, já faço pequenos cozinhados, arrumo roupa, faço caminhadas um pouco maiores. Ainda não conduzo e não me visto completamente sozinha. Tenho de andar com uma cinta com barras de metal para não me sentir uma gelatina prestes a desfazer-se. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">As dores são outra conversa. Nunca na vida eu pensei que as pudesse suportar a este nível. Apesar de estar com analgésicos fortes, elas cansam a minha cabeça. Apanhei uma infeção pós-operatória e já vou na sexta caixa de antibiótico. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Isto está a parecer conversa de sala de espera de Centro de Saúde, mas tem um propósito. Com todas estas dificuldades físicas inerentes ao pós-operatório, não foi difícil perceber quão boa era a minha vida. É certo que o problema que me levou à necessidade da intervenção cirúrgica não me estava a ajudar. Agora, contudo, tenho a consciência que a curva é ascendente. As coisas vão melhorar. Foi-me oferecida uma segunda vida, e eu vou aproveitá-la ao máximo.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Faço grandes planos para o futuro. Adivinho dias vindouros cheios de alegria, novas experiências, consolidação de laços e muitos e muitos planos de diversão em família. Já aqui tenho dito muitas vezes, não há coisa que seja mais importante para mim do que a família. Quanto à que eu constituí, sou a matrona típica. Levo esta casa para a frente, trato, cuido, organizo, mando e desmando. Canto e danço ao som da música pimba da rádio local, enquanto mexo a panela e o miúdo se ri, ou me diz que danço mal e ele é que sabe como é. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A vida vai voltar a sorrir-me. Tenho a certeza disso. Há momentos da vida que não são fáceis. A par das dificuldades do pós-operatório, enfrento problemas graves que não me estão a deixar recuperar merecidamente. Mas enquanto eu acreditar que a tempestade passará, que eu não baixarei os braços face às adversidades, eu terei forças para fazer chegar o barco à Terra Prometida!</span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-79696078047348896872017-09-15T12:15:00.001-07:002017-09-16T09:38:35.667-07:00O mundo através das grades da ala psiquiátrica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg2Am4RympLhlPeLthPrNmSKSZfxQTZ1aJScwmiUXGNhyphenhyphend0RyApIBG9aaL4kllfKIKxHqDM7MIUZW3M_TWL-C9Ez_2uJQQPS5NUGKMLeB957BZkrTdFi5mmkMPoQ-0TQVwTZP3mF0fH8o/s1600/HCB.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg2Am4RympLhlPeLthPrNmSKSZfxQTZ1aJScwmiUXGNhyphenhyphend0RyApIBG9aaL4kllfKIKxHqDM7MIUZW3M_TWL-C9Ez_2uJQQPS5NUGKMLeB957BZkrTdFi5mmkMPoQ-0TQVwTZP3mF0fH8o/s320/HCB.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Após um internamento de quarenta e quatro dias no Departamento de psiquiatria e saúde Mental do Hospital da zona, cheguei a casa há, precisamente, duas semanas. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A 20 de Julho, metida numa ambulância e muito perturbada mentalmente, guardo fraca memória da minha chegada ao Hospital. Reservo como recordação um banho de chuveiro, após o qual enfiei um pijama da instituição. Devo ter comido qualquer coisa, pois perguntaram-me se estava com fome e acho que me resignei com um par de bolachas e um copo de leite. Seria meio-dia quando a minha Médica de Família chamou uma ambulância para me levar ao Hospital, deviam ser umas dez da noite quando dei entrada no internamento.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Não me lembro se dormi mal ou bem. Nos primeiros dias senti-me uma zombie deambulando pelo corredor ou deitando-me na cama onde me entregava a muitas horas de sono.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Devagar lá me fui endireitando. Não se pode falar de uma recuperação linear, pelo contrário, foi uma recuperação lenta. Fiz muitas análises, o médico foi ajustando as dosagens dos medicamentos e, finalmente, pude vislumbrar um pouco de luz.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Aos poucos, fui conhecendo o lugar e as pessoas. Vi umas entrar e sair e outras a quem só disse adeus na hora de deixar o internamento. No último dia, eu era a "cliente" mais antiga.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">A par da crise em si, outras inquietações perturbavam a minha mente. Com o meu Filho em vias de entrar para o 1.º ano de escolaridade, ao longo dos quarenta e quatro dias, temi não conseguir assistir a tão importante momento. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O internamento psiquiátrico é o lugar onde se entra em estado de extrema confusão mental, de onde se julga nunca mais voltar para casa com a mente refeita. Quando o abismo em que se caiu provoca tão drásticas medidas (internar a pessoa), não nos é possível crer que um dia as coisas voltarão ao normal, que a vida voltará a cair nas mesmas rotinas azafamadas, que a minha capacidade para me amar e estimar voltará.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Neste caso em particular, pois não foi o primeiro internamento prolongado a que estive sujeita, entrei em estado depressivo agudo e ligeiramente psicótico. Com as faculdades cognitivas imensamente reduzidas, é natural que tenha perdido, lá dentro, a esperança de as recuperar, naquele lugar onde a fragilidade que nos cerca nos devora a autoestima. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Do lugar de onde, do seu interior, as grades do internamento da psiquiatria parecem enormes e se olham no horizonte as montanhas da Serra a perder de vista, julguei irremediavelmente ter perdido o amor à minha vida. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Estranho pensamento, este, a de uma mãe! Tal o fosso que criei em relação à Família, que julguei não voltar a amá-la como até então. A doença pareceu ter invadido o meu corpo de tal forma que se terá apoderado dos meus sentimentos mais profundos. Mil vezes se assomou à minha cabeça a dúvida de como poderia eu algum dia voltar a ser quem tinham sido. De como poderia ser novamente capaz de tomar as rédeas da minha vida. Mil vezes me culpei por privar o meu Filho da minha companhia, embora acreditasse com todas as minhas forças que ter uma mãe mentalmente perturbada, irremediavelmente perturbada, não lhe serviria de nada. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Dormi horas esquecidas, inúmeras vezes sem ter vontade de ver ninguém, embora me reconfortasse a presença do R. ou da minha Mãe nas horas das visitas. Não era raro dormir enquanto eles, pobres coitados, olhavam para o ar! Embora isso me fizesse sentir um traste, era bom sentir o amor que emanava da sua comparência assídua, o que era reforçado pelo esforço feito pela minha Mãe, por estar deslocada cerca de 300km da sua casa.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Fui autorizada a estar na presença do meu Filho e do R. durante cerca de 20 minutos do lado de fora das portas do internamento. Das vezes em que isso aconteceu, no final das visitas, ficava exausta e até um pouco aliviada por poder ir para a cama. Tal facto fazia-me sentir bastante mal, mas a verdade é que não conseguia evitar o cansaço que me assolava. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Numa estadia hospitalar as rotinas são rigorosas, o internamento psiquiátrico não constitui exceção. Por vezes fui forçada a desempenhar algumas rotinas básicas do dia-a-dia, como comer ou tomar banho. Em estados depressivos profundos é-se capaz de ficar o dia inteiro a dormir. Não querendo falar pelos outos, no meu caso, faço-o porque sinto muitas dores no corpo, falta de forças e sono (penso que seja uma reação de defesa do corpo). Por este motivo os meus primeiros tempos deste internamento foram passados em grande parte a dormir. Comunicar com as pessoas que me rodeavam (profissionais de saúde e pacientes) foi um mal necessário, reduzindo-se ao indispensável. Excetuando os médicos, como os quais tinha ânsia de falar, na esperança de me retirarem do torpor que me enleava, os diálogos eram escassos. A Elsa sorridente, brincalhona e comunicativa estava adormecida (mas na altura, julgada morta para sempre). Houve alturas em que penso até, ter sido rude para algumas pessoas. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Refugiada na cama que me destinaram, lacrimejei a jorros, odiei-me, alucinei e senti muitas saudades de uma vida que julguei perdida.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">À medida que reaprendi a comunicar, fui conhecendo outras mentes perturbadas que, como eu, devem viver vidas de sofrimento e incompreensão. A vantagem de se passar aqui uma "estadia" é que deve ser dos poucos lugares onde nos consideram doentes "normais". Somos tratados com toda a normalidade, o que cessa quando, à saída, os rostos se voltam para ver quem sai do internamento da psiquiatria!</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">As semanas foram-se sucedendo, tal como as consultas de psiquiatria, as análises, os ajustes medicamentosos, as monitorizações e as pesagens. Como qualquer paciente de qualquer outro departamento, também eu vivi melhorias e retrocessos. Mais uma vez a perturbação bipolar se revelou bastante ameaçadora do meu equilíbrio emocional. Os ciclos rápidos que me caracterizam foram, por certo, foco de algum cuidado na hora da escolha da terapêutica adequada.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"></span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Seria mentira se dissesse que estou como nova. É certo que quando me foi dada a alta, estava na altura de seguir o meu caminho nesta estrada insegura que é a da vida. Há duas semanas que me encontro em casa a reorganizar-me. Não tem sido um processo fácil, tendo em conta que o meu pequeno M. ingressou no 1.º ano. Ainda sinto algumas dificuldades e a minha saúde mental ainda não se encontra restabelecida, pese embora as limitações da minha perturbação psiquiátrica.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";"></span><br />
<span style="font-family: "courier new";">E é nestas breves palavras que resumo estes quarenta e quatro dias em que olhei lá para fora através das grades da ala psiquiátrica...</span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-29433028189932306762017-07-16T12:29:00.005-07:002017-07-16T12:30:12.911-07:00A Depressão vista por mim<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLyjkK0cEOIhBZEkI-Eotgwex_F8-lbf6uq1EGj4_sRUpIUGO22l-WVxngAbAkfY9-Ir2JqwbBroEvltKFMLcDFtWTiGb7ikbp2ghlySjrT6MnNl_8Yeg9KpZzU6oz803jGrvjqjycCwY/s1600/mulher-nova-que-sofre-de-uma-depress%25C3%25A3o-13397374.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="160" data-original-width="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLyjkK0cEOIhBZEkI-Eotgwex_F8-lbf6uq1EGj4_sRUpIUGO22l-WVxngAbAkfY9-Ir2JqwbBroEvltKFMLcDFtWTiGb7ikbp2ghlySjrT6MnNl_8Yeg9KpZzU6oz803jGrvjqjycCwY/s1600/mulher-nova-que-sofre-de-uma-depress%25C3%25A3o-13397374.jpg" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Se fosse poeta, diria que depressão é fogo que arde sem se ver e nos consome o corpo, nos devora lentamente e lega-nos para um plano mais parecido com a morte do que com a vida. Mas como não sou nem poeta, muito menos de renome, resta-me exprimir aquilo que sinto quando sou assolada por uma enorme depressão que me deita por terra, me deixa completamente inoperacional, me sacode o corpo em vómitos compulsivos e não me permite tratar e cuidar da família.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">É muito duro sofrer uma depressão, principalmente tratando-se de uma maleita que não se vê e que a sociedade constantemente desvaloriza. Ou me tomam por maluquinha ou me tomam por preguiçosa. Posso asseverar que não sou nem uma coisa nem outra.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Triste mesmo é saber que tudo o que faço, faço por objetivos que traço para mim própria, e que nestas alturas tudo deixa de fazer sentido, tudo é esquecido e todo o trabalho empreendido até então, se esvai num ápice.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Gosto, por exemplo de planificar as minhas semanas, elaborar os menus da família, estabelecer uma agenda, etc., mas nestas alturas o dia de amanhã é feito de improviso, à pressa e no desenrasca! E como odeio isso!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Ensombra-me o facto de já ter nascido assim, mais me ensombra estar sempre em contacto com o meu psiquiatra que recentemente me disse que o meu problema da bipolaridade está cada vez pior. Se até agora a minha vida apesar de feliz quando estou saudável, tem sido complicada, anteveêm-se dias mais sombrios.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Resta-me a consolação de ter um grande suporte familiar, uma Mãe sempre pronta a ajudar quando fico de cama por dias infindos e um Marido que tem uma paciência de Jó para os meus humores instáveis e que deita a mão quando a coisa está demasiado "preta"!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">E, como dizem os brasileiros "Depressão não é frescura!", é uma doença grave, altamente incapacitante, não é preguiça é falta de força no corpo, não é capricho, é má disposição física, são dores no corpo, é sonolência, já para não falar de uma grande baixa autoestima e em casos extremos de uma enorme vontade de dar um tiro na cabeça!!</span><br />
<br />Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-60120026328057529492017-07-09T14:43:00.000-07:002017-07-09T14:43:14.139-07:00Estou cansada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiej5WZIbcV9dhXjn41xDidqixAlMc7enGPJ7PjHqoAFrDrWxpA0fH3ZdOBFE9Y_ORECwOFByTfOX1v4h3eWnc90FKXpGtU2jjbaIYyyvQF1aYsW_1Z1vA3fJER2MvzQ6ZSYVKY9x5rxNk/s1600/fotos_7293_mental.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="442" data-original-width="590" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiej5WZIbcV9dhXjn41xDidqixAlMc7enGPJ7PjHqoAFrDrWxpA0fH3ZdOBFE9Y_ORECwOFByTfOX1v4h3eWnc90FKXpGtU2jjbaIYyyvQF1aYsW_1Z1vA3fJER2MvzQ6ZSYVKY9x5rxNk/s320/fotos_7293_mental.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Nestas últimas semanas de vida da minha Vó Lu, dei tudo de mim. Todas as minhas forças foram sugadas culminando numa morte trágica que me deitou por terra, por ter sentido a impotência de não me ter mexido a tempo de lhe trazer dignidade aos seu últimos meses de vida. Mas não me posso culpar eternamente por algo que não fiz, por algo que não me passou pela cabeça que estivesse a ser feito. </span><br />
<span style="font-family: Courier New;">Como não sou pessoa de me render às primeiras respostas que me surgem, sinto que começou uma luta amarga, difícil de ganhar. Mas uma coisa é certa, culpada serei eu se não tentar repor alguma justiça nesta história e chamar à responsabilidade pessoas cujos atos foram negligentes já para não mencionar criminosos!</span><br />
<span style="font-family: Courier New;">Como em tudo o que faço, envolvi-me bastante, até demais. Não sou daquelas pessoas capazes de me distanciar das coisas que faço. Isto é, naturalmente uma autocrítica. Já tenho tido muitos dissabores por ser assim. Já fiquei inúmeras vezes doente por me esgotar com todas as minhas energias numa causa. Quando caio no vazio ou quando as coisas me esgotam em demasia, caio doente numa cama. </span><br />
<span style="font-family: Courier New;">A minha Mãe disse-me certo dia, e com razão, que eu não me sei distanciar dos problemas do dia-a-dia. A verdade é que sempre me considerei uma inadaptada para o mundo. Quando era mais jovem, incapaz de lidar com os problemas da vida, refugiava-me no álcool onde encontrei uma efémera felicidade, diverti-me fugazmente, intercalando tamanha felicidade com profundas depressões que me empurravam para a cama por dias infindos, de onde nem sequer saía para comer.</span><br />
<span style="font-family: Courier New;">Nestas fases depressivas a vida deixava de fazer sentido, tendo por vezes tentado o suicídio sem sucesso, esperando simplesmente que a morte me levasse, sentido uma enorme desilusão ao acordar de misturas explosivas que fazia com álcool e medicação. Apenas uma vez, com muita pena minha na altura, fui salva pelo INEM. </span><br />
<span style="font-family: Courier New;">A avaliar pelo que tenho sofrido com esta maldita doença, na altura roguei pragas a todos quantos me tentaram salvar a vida. Foram fases mais difíceis nume altura em que o diagnóstico estava a ser trabalhado e a medicação a tentar ser ajustada ao meu organismo. </span><br />
<span style="font-family: Courier New;">Hoje, felizmente, confesso-me uma mulher feliz, com um casamento feliz, um Filho resplandecente de saúde e meiguinho, boas relações familiares e filiais, mas infelizmente doente. </span><br />
<span style="font-family: Courier New;">Por muito que queira gritar ao mundo que a vida me corre de feição, que sou feliz, que moro onde quero morar, etc. e tal., não me posso confessar feliz com a maleita que tenho que me assola por terra, que me dilacera o corpo e me dá dores por todas as minhas entranhas, que me retira temporariamente a vontade de viver, que me põe a ver e a ouvir coisas que não existem e a questionar se vale a pena cá andar!</span><br />
<span style="font-family: Courier New;">E é assim a vida ambígua de uma Bipolar que apesar de aceitar a doença, dava tudo para a não ter!</span><br />
<span style="font-family: Courier New;"></span><br />
<span style="font-family: Courier New;"></span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-48247929760023935092017-07-04T09:17:00.001-07:002017-07-04T09:17:33.097-07:00Que feliz que eu sou!<span id="goog_886102829"></span><span id="goog_886102830"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTPr6OTq_lCO4AKjejAhcrOiW9h_WoJcSenTSsDZZE8k7lSGaroSZgkDR6CmP0YvwJpo49MdaGegjlFmC8AKxR_vsH4LAyYBqOh5MwjpnXe994syHXk8iDXo0O4Z3uZ6FASamwE7XnjNY/s1600/IMG_20170603_200802.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTPr6OTq_lCO4AKjejAhcrOiW9h_WoJcSenTSsDZZE8k7lSGaroSZgkDR6CmP0YvwJpo49MdaGegjlFmC8AKxR_vsH4LAyYBqOh5MwjpnXe994syHXk8iDXo0O4Z3uZ6FASamwE7XnjNY/s320/IMG_20170603_200802.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Acabei de perder um ente numa morte trágica. Não conheci nada de novo, não foi nada que já não tivesse ocorrido na minha vida. Digo, por vezes em tom de brincadeira, que já trato a morte por tu. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Chorei ao ver a minha Mãe atirar as cinzas do meu Irmão ao mar. Chorei ao atirar as cinzas do meu Pai ao mar. E agora, sinto uma enorme responsabilidade com o fim a dar às cinzas da minha Avó. Mais uma vez, estou encarregue de fazer cumprir um último desejo. Ela adorava flores, árvores e afins. Ficará bem, mesclada com a natureza, numa cidade que ela amou com todas as suas forças.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Os encontros fortuitos que vou tendo com a morte, reavivam em mim memórias dolorosas, bem como despertam pensamentos metafísicos, nos quais equaciono milhares de coisas e acabo sempre por concluir acerca do quão frágeis são as nossas existências.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">A verdade é que temo a morte com todas as minhas forças, não que ela bata à minha porta, mas que bata à porta de quem mais amo e me prive da sua companhia. Queria ter tido mais filhos, pois vivo ensombrada pela ideia de perder o meu. É algo que me transcende, que é irracional, mas que eu não consigo evitar. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Hoje, quando tive de deixar pela primeira vez o M. com pouca supervisão, tive um ataque de ansiedade como nunca tinha tido na vida. Toda eu tremia e estava encharcada em suores frios. Naquele momento considerei-me a pior mãe do mundo por tê-lo deixado ir. Vim para casa, deitei-me e chorei, tremi e suei, até que me deixei levar pelo melhor antídoto que conheço, o sono.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Os contactos com a morte que vou tendo, avivam medos e acordam fantasmas em mim. Sou muito ansiosa, confesso, tenho medo, muito medo que a Morte desate a ceifar todas as vidas à minha volta e me deixe só. Há muito que digo que quero que ela me leve cedo, que não me deixe viver muitos anos. Só aspiro a deixar o meu menino criado e orientado. Se há uns anos, pouco me agarrava à vida, hoje, a semente que cá deixei ensinou-me a amá-la. </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Conheço e compreendo a efemeridade da existência humana, já para não mencionar a sua fragilidade. É esta apreensão da vida que me leva a gostar tanto dela. A vida eterna deve ser aborrecida. A garantia da nossa vitalidade dificilmente nos daria motivação para fazer mais e melhor. É este sentir da sua efemeridade que me permite amar a vida com tanta intensidade. Se há uns anos brigava com as pessoas que me rodeavam, faziam beicinhos e chegava mesmo a amuar, qual criança mimada, tal se deveu, sem dúvida, à fraca consciência que tinha da minha própria fragilidade.</span><br />
<span style="font-family: Courier New;">Se tenho um casamento feliz, boas relações familiares e sólidas amizades a esta consciência da vida o devo. Para mim nunca é demais pensar que, como tudo se esvai num ápice, o melhor é cultivar, regar e tratar tudo o que a vida nos oferece. </span><br />
<span style="font-family: Courier New;">Tenho fraca saúde, mas isso não me demove de viver a vida. Quando olho para o M., resplandecente de saúde, a brincar na terra, a fazer construções de paus e pedras no seu mundo imaginário, só me cabe um dever: o de ser feliz!</span><br />
<span style="font-family: Courier New;">Assim, e não querendo maçar por um discurso que não sendo, acaba por ter contornos meio mórbidos, tal a morbidez da minha cabeça ao momento, resta-me dizer que gosto da vida, que quando a doença não me bate à porta, amo-a com todas as minhas entranhas. E porque só assim sou capaz de amar Filho, Marido, restante família e amigos, não posso deixar de gritar ao mundo - Que feliz que eu sou!</span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-32811926016201354652017-06-21T04:57:00.001-07:002017-07-04T08:58:14.346-07:00Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMfTxeJRys_kI3TDK7Hi_RD4VM1LGw1JZu5dzjtX0URb02adMQORzurVkxTfr9iaZKrSXvFlk1PrOTXDQil8zelafran46FYIhM4LVY-Kn83svuGzCyDjfBONWn0tErXuKsI6zulTuO1Y/s1600/OSSOS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="680" data-original-width="1024" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMfTxeJRys_kI3TDK7Hi_RD4VM1LGw1JZu5dzjtX0URb02adMQORzurVkxTfr9iaZKrSXvFlk1PrOTXDQil8zelafran46FYIhM4LVY-Kn83svuGzCyDjfBONWn0tErXuKsI6zulTuO1Y/s320/OSSOS.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"> (Capela dos Ossos em Évora, Portugal)</span></span></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Os dias são de pesar, pesar nacional e de pesar pessoal. O País arde num incêndio sem precedentes, dezenas de pessoas perderam a vida num ápice. Sonhos desfeitos, expectativas que nos fazem questionar se realmente valeram a pena preocupações desmesuradas com coisas que, hoje, parecem comezinhas. Comezinhas porque na efemeridade da existência humana cada vez mais me contenho com irritações e outras contradições.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Se num momento a vida parece estar aos nossos pés, no outro um telefonema basta para saber que alguém perdeu a vida, que alguém nunca mais vai poder sentir o nosso abraço, sem um último adeus.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Com o ensejo secreto de morrer jovem, a velhice traduz-se numa das mais rotundas fragilidades com que hoje convivo. Ninguém merece sofrer. Hoje estive no Hospital e vi em desespero uma familiar que faz parte da minha história, em profunda agonia física e, quiçá mental. Não sei o que mais me dói, se tentar sentir a sua agonia, se desejar ardentemente um telefonema a dizer que ela partiu para um mundo que ninguém conhece, mas que desejo veementemente que seja melhor que este.</span></span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Por diversas vezes nesta vida me vi confrontada das mais duras formas com a efemeridade da vida humana, foram vários os telefonemas com trágicas mensagens que recebi. Se de umas pessoas tive tempo de dizer adeus, de outras não posso dizer o mesmo. Ainda assim, quando se morre e pronto, a efemeridade vem ao de cima. Quando o meu Irmão partiu não houve tempo para despedidas. O ontem não anteviu o amanhã, não houve tempo de preparação, se é que isso existe quando se vê alguém partir. O mesmo sucedeu com o meu melhor amigo, de quem nem sequer vi o corpo, tal foi o trágico estado em que ficou. Deste restou a consolação de saber que de um segundo para o outro a sua vida se esfumou. Com o meu Pai foi diferente. A doença consumiu-o lentamente até lhe retirar todas as forças do corpo, de um corpo dopado com morfina que o libertou da agonia dos últimos meses. Estou certa de que foi mais duro para mim do que para Ele... felizmente!</span></span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Pior do que ver o cadáver de um ente, é ver um cadáver de um ente ainda com vida, na mais profunda agonia física. Ninguém merece!Jamais esquecerei aquele olhar esbugalhado fitando-me e expressando uma enorme dor e confusão. Aquele olhar que tantas vezes pela vida fora me fitou. Jamais esquecerei aquele colo que tantas vezes me embalou em criança, aquela boca por onde foram proferidas tantas histórias, da qual já nem sai um pequeno sussuro, tal é a falência do corpo. </span></span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">A vida humana é realmente muito frágil. Raramente me arrelio, faço os possíveis por me divertir dentro da minha vidinha rotineira sem grandes sobressaltos. Sou quase doutorada, e não passo de uma dona-de-casa. Não tenho aspirações profissionais. Vivo com pouco dinheiro e sem grandes luxos. Mas nada disso me importa. Não sinto falta de realização pessoal. Só o faria se não tivesse noção de quão efémera é a existência.</span></span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Aos meus anjos-da-guarda, aqueles que olham por mim no Céu, só lhes peço saúde para continuar a criar o meu Filho, assistir à minha Família e que sempre me auxiliem a fazer face às pequenas partidas que podem estar guardadas para mim neste campo de batalha que é a vida de uma pessoa. </span></span></span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Porque a morte acaba sempre por nos levar, que o faça com meiguice e rapidez...</span></span></span></div>
Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-26986703556191761552017-06-10T15:48:00.000-07:002017-06-10T15:48:04.335-07:00A minha paixão pelos gatos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiop8zXn0nk2Hh-SNy_zrA7PT4NrXh-KFD9Wms5l0I0sOpOBlF_RuW2tNs6YBgTZjZ2zQyB7qwO99_7UIoRxZ4IYsEaeF5kgS-iQaiK27s2r60gT1rP36ur4Cj1JeBINy_XgkC_sr5e-JI/s1600/IMG_20170519_132405.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiop8zXn0nk2Hh-SNy_zrA7PT4NrXh-KFD9Wms5l0I0sOpOBlF_RuW2tNs6YBgTZjZ2zQyB7qwO99_7UIoRxZ4IYsEaeF5kgS-iQaiK27s2r60gT1rP36ur4Cj1JeBINy_XgkC_sr5e-JI/s320/IMG_20170519_132405.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Quem bem me conhece, não desconhece em mim uma paixão acérrima que nutro por estes felinos de palmo e meio. A vida poderia ser vivida sem eles, mas tudo em mim me diz que não seria a mesma coisa. Quis o fortúnio que eu viesse parar a uma quinta na serra, mas o infortúnio obrigou-me a entregar à guarda da minha querida Mãe, três meninas pretas lindas, mas que sem esta abdicação, morreriam ao mais leve ataque de cães pastores. Assim aqui me vi sem uma amiga de quatro patas e garras afiadas. </span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Embora de vida preenchida, continuava a sentir aquele vazio de quem muito se dedicou ao cuidado de felinos domésticos, de quem muitos gatos resgatou da rua e de corpo e alma se entregou a encontrar donos responsáveis e a tantos outros trabalhos se dedicou em prol do amor a este animal.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Isto é mais do que um amor a estas criaturas que a natureza dotou de uma beleza ímpar. Não sei dizer ao certo o que me agarra emocionalmente aos gatos. Sou gatófila, consigo passar horas esquecidas a observar os movimentos lânguidos e eficazes deste felino. Numa época da vida em que me encontrei muito lá no fundo, em que estive internada e quase deixei de saber viver, eles, ou neste caso, elas, as gatas da casa, ajudaram-me a reaprender a viver. Sem a sua presença constante na minha cama onde jazi convalescente durante tantos meses, sei ao certo que não me teria reerguido tão depressa.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">O ronronar da minha Mistóflas funciona como um daqueles antidepressivos de que tanto necessito para a estabilização da minha mente. Nada tem o preço da companhia da minha menina. Só eu sei a tranquilidade que ela me transmite quando, noite após noite, se aninha aos meus pés para me acompanhar nas viagens nocturnas ao Morfeu.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">No dia em que me casei, tinha oito gatos em casa, sendo quatro resgatados da rua, com o objectivo de arranjar donos. Quis o destino que eles invadissem as fotos de um dos dias mais inesquecíveis da minha vida! Como não poderia deixar de ser, esta fotos ficou para a posteridade da minha história, porque.... poder podia, mas não seria a mesma coisa! Obrigada, <a href="http://enfadadadolar.blogspot.pt/2015/06/amados-gatos.html" target="_blank">Amados gatos!</a></span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-34163048183324124432017-05-06T10:45:00.001-07:002017-05-06T10:45:34.096-07:00Ser-se Bipolar... A vida por um fio<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZjD7AV3bniNFPjsX30hn6wR7UzTDfXV-k8NjdXPAWvW7AOQ88sXRnH1SChFy-85OMEK2wQ2L-JEu-87o33iokLhE8i-9bHDSIC8j_uJ4cl6iB3PwewiA4OLJh50EgzfjOb6PH2enEB-A/s1600/04_Corda+se+rompendo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZjD7AV3bniNFPjsX30hn6wR7UzTDfXV-k8NjdXPAWvW7AOQ88sXRnH1SChFy-85OMEK2wQ2L-JEu-87o33iokLhE8i-9bHDSIC8j_uJ4cl6iB3PwewiA4OLJh50EgzfjOb6PH2enEB-A/s320/04_Corda+se+rompendo.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;">Imagem retirada da internet</span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Este, como sendo um blog de tudo e de nada, hoje, apetece-me fazer correr tinta sobre o tema da bipolaridade. Ao longo da vida, como toda a gente, tenho passado por maus e bons bocados. Mas sem dúvida que a bipolaridade foi para mim um enorme infortúnio. </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Vivo a vida, não ao sabor de um tempo normal, mas ao segundo. Na verdade nunca sei o que o futuro imediato me reserva em termos de saúde mental. Se de manhã me sinto bem, nunca sei como vai acabar o meu dia. É desconcertante ter uma enorme lista de coisas para fazer e fazê-la apenas pela metade, porque a neura e a irritabilidade se apoderaram de mim num repente e me dispararam para o cantinho dos meus lençóis onde me refugio sem querer ver, ouvir ou falar com ninguém! No dia seguinte, com sorte, as coisas mudaram, ajusto a medicação aos sintomas e rogo para que tudo passe e a normalidade se instale de novo na minha vida.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Ser-se bipolar é viver-se com uma intensidade incomum, é sentir tudo a triplicar. A tristeza é avassaladora e toma contornos altamente depressivos e auto-destrutivos. Ao invés, a alegria é eufórica, a energia electrizante e a vida gira a mil rotações por minuto! Ser-se bipolar é ser-se estranho aos olhos do mundo. Ao longo de grande parte da minha vida fui tida como bizarra pelos meus comportamentos extravagantes em alturas de hipomania, e pelos meus misteriosos desaparecimentos em fases de grande depressividade.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Mas, ainda assim, atrevo-me a gritar ao mundo que sou feliz. Possuo aquela felicidade de saber que a verdadeira essência das coisas está nos gestos simples, nos pequenos actos, beijos, abraços, uma flor colhida no quintal, ou mesmo numa lufada dos ares da montanha. Descobri que o segredo da felicidade se prende com a valorização da normalidade, da banalidade e mesmo da rotina da vida.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Quando caio numa cama, me sinto miserável e auto-destruidora e parece que o mundo inteiro me caiu em cima, sou incapaz de ver a felicidade onde quer que seja. Ela é como o pote de ouro na base do arco-íris... por mais que eu a tente alcançar, ela parece teimar em fugir porque, simplesmente, não está ao meu alcance, tal é a intensidade da minha miserabilidade.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Hipomaníaca, incapaz de ser alcançada por qualquer pensamento mais negro, invade-me uma ilusória felicidade que me eleva aos píncaros da actividade. Sou possuída por uma energia ímpar e alegria contagiante que me permite ser a super-mulher que nunca consegui ser. Mas, como tudo nesta doença, é um presente envenenado. Na verdade, tamanha felicidade tem o preço de uma grande depressão. Quanto mais alto se voa, maior é o precipício que se vai ter pela frente. Mais uma vez urge ajustar medicamentos para travar o excesso de energia. </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">No meio dos extremos está a minha paz interior, a almejada normalidade de uma vida rotineira em que vivo e sou feliz. Uma vida que aprendi a amar, uma saúde mental que aprendi a valorizar e uma integridade física que aprendi a proteger. </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;">Ser-se bipolar é isto, é viver na corda bamba, é não saber o que esperar de mim, é a certeza da eterna inconstância. Ser-se bipolar é também transportar ciclicamente uma dor de alma atroz e arrebatadora, mas é também ser dona de uma felicidade explosiva. Ser-se bipolar significa levar a vida num eterno baloiçar em que se procura aprender a viver assim, leva-se uma vida a aprender a viver assim e nunca, verdadeiramente, se aprende porque constantemente se sente a vida por um fio...</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: small;"> </span></span></span></div>
Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-66915113815353708162017-04-09T12:47:00.001-07:002017-04-09T12:47:53.985-07:00Arrumações Sazonais<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYxMKFQ9u-R8Tewx5I8o3qesPygTnWvrwsBFnj4CUsOkooDfZqLoNYM0osOx8Tnc3r6r0xfxmxKsZhIYls7cOY99VL5mJVlY3RXFQ8Nt0vx7LbEuMEO4R0HzNLunxIz1_MYfmHEp0q8IA/s1600/arruma%25C3%25A7oes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYxMKFQ9u-R8Tewx5I8o3qesPygTnWvrwsBFnj4CUsOkooDfZqLoNYM0osOx8Tnc3r6r0xfxmxKsZhIYls7cOY99VL5mJVlY3RXFQ8Nt0vx7LbEuMEO4R0HzNLunxIz1_MYfmHEp0q8IA/s320/arruma%25C3%25A7oes.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Imagem retirada da internet</span></span></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">Gosto pouco do Inverno, dou-me muito mal com o frio. Fisicamente é muito esgotante para mim as baixíssimas temperaturas que se fazem sentir em terras serranas. A mudança de horário é esperada sempre com muita ansiedade. Os dias mais compridos, a aproximação dos dias escaldantes de Verão e o colorido das roupas estivais convidam a um estilo de vida mais alegre. Eu, pelo menos, sou mais mulher do calor do que do frio. É também a época em que se fazem as plantações, se passa mais tempo na horta, se limpa o mato e se fazem as tão almejadas arrumações sazonais. Digo almejadas porque, apesar de bastante cansativas, adoro fazê-las. A casa suja-se menos porque não se acende a lareira, areja-se mais porque as portas podem estar todas abertas e as temperaturas estão amenas e os dias soalheiros injectam-me energia para tratar de tudo.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">Sou dedicada à casa e à família, não o escondo. Gosto de ter tudo em ordem, de tratar da alimentação, da roupa e das limpezas. Embora me sinta muitas vezes cansada, não escondo a satisfação de, depois de um dia azafamado, ver tudo ao meu contento. É por isso que prezo tanto estas arrumações a que chamo de sazonais. Para viver um Verão me pleno, há que preparar a casa para receber a nova estação. Há quase uma semana comecei a empreender esta tarefa. Neste momento está na fase final. Na verdade estou naquele estádio chato em que tenho a sala atafulhada de caixas cheias de roupas de Inverno, prontas para rumarem à "arrecadação". A minha arrecadação é a parte da casa que antigamente estava destinada aos animais, é um compartimento a que, por aqui, se chama loja.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">Vou então versar um pouco sobre estas lides:</span></span></span><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">- Bi-anualmente faço a operação destralhar. Actualmente tenho muito pouca coisa para descartar, pois é tarefa que vou fazendo pela rama ao longo do ano. Não sou acumuladora. Finda cada estação, faço a análise da roupa que definitivamente não utilizo. A minha regra é relativamente simples: se passaram dois anos sem ser usada é porque não quero saber da peça de roupa. Ensaco as peças de roupa que cabem neste requisito, e levo para o contentor da roupa para doação.</span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">- Quanto à roupa do miúd<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">o<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">, tem que estar sempre a ser doada, pois ele cresce a olhos vistos. <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Fazemos a morosa tarefa de experimentar tudo e, as peças que já não conseguem fazer mais nenhuma estação vão para um miúdo <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">em particular um pouco mais pequeno que o meu.</span></span></span></span></span></span></span><br />
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"> </span></span></span></span> </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">- A minha Mãe adora fazer-me lindos cachecóis, écharpes e barretes em lã, pelo que eu e o miúdo temos muitas peças destas. Lavo tudo devidamente (no programa das lãs, sem torcer e com detergente próprio). Depois de seco, separo tudo por categorias e o que é meu e do R. e do Martim e encaixoto com muita naftalina (é necessário, pois aqui há muitas traças e bicharada afim).</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">- Eu e o R. somamos alguns kispos que ocupam bastante espaço no closet, pelo que este ano, pela primeira vez, resolvi também acomodá-los nas caixas. Lavei-os todos na máquina sem problema, à excepção de um, pois tenho algum receio de o estragar, pelo que está na pilha das peças para a lavandaria.</span></span></span><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">- A roupa de vestir e de dormir foi toda separada por categorias e devidamente arrumada nas caixas, também com muita naftalina.</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">- Quanto à roupa de casa, merece um tratamento semelhante. Tudo aquilo que consigo lavar em casa, lavo. Quanto aos cobertores e edredons, a minha experiência diz-me que a lavandaria da <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">V</span>ila faz todos os anos promoções destas peças. Aguardo pacientemente que a promoção tenha início e mando lavar estas peças que depois são postas em caixas achatadas com naftalina e são colocadas nas prateleiras de cima do closet.</span></span></span><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">- As mantas que salpicam a casa durante os meses de Inverno também têm de ser lavadas e "arquivadas", visto não virem a ser necessárias nos próximos meses. É importante dar bem a volta à casa para me certificar que não me escapa nada. O ano passado esqueci-me de encaixotar umas coisas que depois andaram a rebolar cá por casa sem necessidade. </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;">- Entretanto, as roupas da nova estação que saltam das caixas, para dar lugar às peças invernosas, vão direitas para o estendal para se libertarem do cheiro a canfora ou naftalina, para posteriormente serem penduradas no closet. </span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">- Aproveitei para dar uma grande volta na roupa interior minha e do R.<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">. As coisas não duram sempre e quando a roupa já não está em condições há que des<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">cartá-la. As meias velhas, por exemplo, podem servir para limpar sapatos ou limpar determinadas coisas mais específicas.</span></span></span></span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">- Foi também altura <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">de arrumar as gavetas de panos da loiça<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">, guardanapos, aventais, sacos do pão e afins. Com o uso as gavetas vão-se desarrumado<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"> e duas vezes p<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">or ano,<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"> pelo menos, é importante reorganizar estes <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">pequenos compartimentos<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"> que são utilizados com uma frequência quase diária. </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">- Com a chegada da época dos<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"> picnics que, com tanta frequência se fazem cá em casa, foi também altura de organizar o local onde guardo tudo o que é indispensável às nossas saídas. Tenho <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">uma gaveta onde guardo tudo o que é para este fim. A gaveta<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">, nos meses quentes, permanece sempre organizada e pr<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">ont<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">a para que<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">, na hora de preparar uma saída, tudo esteja <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">à</span> mão de semear para ensacar, <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">juntar a comida e <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">partir para uma tarde ou dia bem passado. Em boa hora tratei desta gaveta, pois <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">ontem<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">, Sábado, tudo estava a postos para partir rumo ao rio<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">!</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: xx-small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Nesta fase das arrumações, tratei essencialmente das roupas. No entanto, esta altura do ano, como convida a arrumações e limpezas mais profundas, pelo menos cá por casa, a saga ainda não acabou. Em breve darei notícias. </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span> </span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></div>
Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-19966551054152647412017-03-31T14:56:00.000-07:002017-03-31T14:56:17.505-07:00DIY na minha cozinha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgOUYWvza9O2zIWLqNfKFd548okMgLq1t7vhB-hrP1pZrYc2CNC73lv6scv2zijxnNk5yyMKBJLENseq9RlIl4zNK9qFQfrwBAGye_r1dDK0HDGIXazVoIh3xi6qe248AytZuRC_NdagU/s1600/IMG_20170330_123954%255B2%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgOUYWvza9O2zIWLqNfKFd548okMgLq1t7vhB-hrP1pZrYc2CNC73lv6scv2zijxnNk5yyMKBJLENseq9RlIl4zNK9qFQfrwBAGye_r1dDK0HDGIXazVoIh3xi6qe248AytZuRC_NdagU/s320/IMG_20170330_123954%255B2%255D.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Hoje, dedico este post a uma das coisas que mais me apraz fazer - gerir a alimentação da família. Este gosto herdei do meu saudoso Pai, que muito me ensinou sobre estas mágicas. Passei horas da minha vida a observá-lo a tratar da carne para congelar, a passar-lhe os ingredientes para a confecção das receitas da sua Bíblia - <i>O Pantagruel</i>, a provar animadamente as iguarias, em tardes cúmplices onde se trocavam confidências, se ouviam conselhos paternos, se contavam anedotas e se discutiam temas dos mais diversos. Com ele aprendi a fazer as minhas compras de supermercado, a gerir o orçamento, a prospectar preços e a escolher os locais ideias onde comprar o quê. Porque a tudo o que aprendemos acrescentamos sempre algo de nosso, orgulho-me de transportar comigo a sua herança nas lides da gestão alimentar, mas também elaborei outras estratégias, umas com base exclusiva nos seus ensinamentos, outras vou aprendendo por aí, e ainda outras advém das minhas necessidades. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Desde que me mudei para a quinta e que tive de lidar com fartura de certos bens alimentares em determinadas alturas do ano, tive de aprender a trabalhar depressa para conservar abóbora, tomate, pimentos, etc.. Foi assim que me comecei a aventurar na elaboração de compotas, marmelada e geleias. Comecei também a utilizar cada vez menos o tomate de lata, sendo que durante seis meses do ano, praticamente não o utilizo. Desta forma dispenso produtos processados, carregados de conservantes e açúcares desnecessários à nossa alimentação. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Hoje, como foi dia de fazer compras de carne e peixe para o mês, vou aqui falar da forma como organizo as coisas cá por casa de modo a facilitar o dia-a-dia da minha cozinha:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- No último dia do mês, trato de comprar carne e peixe, quase exclusivamente. Para esta ida ao supermercado, trato de prospectar os folhetos para saber onde e o que está em promoção. Este mês tive sorte porque a carne estava toda em promoção num dos supermercados. Como estamos numa 6.ª feira, aproveitei para comprar os perecíveis e outros produtos de consumo semanal para a próxima semana (o que normalmente só faço à 2.ª feira), mas aproveitei a ida à cidade por ter maior variedade de preços e de géneros. Como o congelador já estava praticamente vazio, devido ao pouco que sobrou do mês que findou, foi fácil acomodar os "novos inquilinos".</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- Como, apenas as compras mensais são realizadas na cidade, aproveitei a visita para comprar alguns produtos que nos supermercados da vila não se encontram. Tal foi o caso dos amendoins crus para fazer a manteiga de amendoim, como se vê na primeira imagem. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- O tomate mais antigo, que deu lugar ao novo no frigorífico, juntamente com um resto de alho-francês, virou molho para pastas diversas, almôndegas em tomate, ou outro prato qualquer. O molho foi congelado em bolsinhas herméticas prontas a usar, quando a ementa semanal assim o exigir.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br /></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtk0g0_7u1djMv6k4hbTINCYM2Y_jC4_BFaNf5MfhWDW6m1poMaN9MOsOIMmbNeOflPgD1QHGxI46pQh2NiC2nQg7F7IHKmMgg-PMa91TKWZatQl9PKb1MaJgAeQ3VhGzyjKMuEsFphaQ/s1600/IMG_20170331_165006%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtk0g0_7u1djMv6k4hbTINCYM2Y_jC4_BFaNf5MfhWDW6m1poMaN9MOsOIMmbNeOflPgD1QHGxI46pQh2NiC2nQg7F7IHKmMgg-PMa91TKWZatQl9PKb1MaJgAeQ3VhGzyjKMuEsFphaQ/s320/IMG_20170331_165006%255B1%255D.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- Chegada a altura de amanhar a carne para congelar devidamente, havia que dar destino mais concreto à carne picada que é, para nós, uma maneira mais económica e acessível de comer carnes vermelhas, que tão imprescindíveis são para a saúde das nossas células cerebrais. Sei sempre onde há carne para cozer em promoção, escolho nacos bons e mando picar. Nunca compro carne previamente picada. Em casa separo a carne em sacos, consoante o destino que lhes quero dar (ex.: rolo de carne, bolonhesa, etc.). Com uma parcela da carne faço as almôndegas que congelo de um dia para o outro e guardo posteriormente num saco hermético, que vou usando. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioa8gsfb1r9ManwxDUQhxKvqDGKuGVZ5iMzUjVymrakgWO-QywRccPWp5qzUEGEVhzTFs3xfNHI-OwKTaY9_HzG3Ae5GhvQttmp3oqJSb1uSAcnkQGDB_DZ04l9YdmnNFGuXxCIRfFtEc/s1600/IMG_20170331_164219%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioa8gsfb1r9ManwxDUQhxKvqDGKuGVZ5iMzUjVymrakgWO-QywRccPWp5qzUEGEVhzTFs3xfNHI-OwKTaY9_HzG3Ae5GhvQttmp3oqJSb1uSAcnkQGDB_DZ04l9YdmnNFGuXxCIRfFtEc/s320/IMG_20170331_164219%255B1%255D.jpg" width="240" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- A restante carne foi devidamente acomodada e congelada numa gaveta exclusiva para carne. Não tenho as coisas misturadas no meu congelador. Sou muito esquisita com a separação dos alimentos. O peixe, a carne, o pão, os molhos e os vegetais, têm acomodações próprias para que os cheiros não se misturem. Ensaco tudo muito bem, domino por completo o conteúdo de cada gaveta e tenho tudo devidamente acomodado. Quanto às coisas mais antigas (que por sinal, pouco sobra duns meses para os outros), substituo os sacos para me livrar do gelo que se acumula no seu interior e dar um ar mais limpo e fresco aos alimentos que estão lá há mais tempo. Naturalmente que estes são alvos a abater nas mais próximas refeições. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- Quanto ao peixe, o tratamento foi igual ao da carne - separar, ensacar e acomodar na devida gaveta.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- À medida que fui fazendo tudo isto, como não poderia deixar de ser, fui fazendo a lista de tudo o que tinha no congelador, com a indicação das coisas mais antigas (para lhes dar uso mais rapidamente). </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- Como a nova semana está à porta, ainda deu tempo de preparar a granola para a semana que vem.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">- Com os frescos comprados, foi altura de limpar o frigorífico para acomodar os legumes e fazer a lista de tudo o que jaz lá dentro.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Apesar do dia ter sido bastante atarefado muito ficou ainda por fazer:</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">* A ementa da próxima semana com base nas listas de existências que elaborei;</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">* O planeamento das sopas que vou fazer;</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">* A organização e preparação dos alimentos para a confecção das refeições com base na ementa.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Hoje, para além de tudo isto, consegui preparar o peru assado de amanhã e o polvo à lagareiro de Domingo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E cá para nós que ninguém nos ouve, fui ao Hospital de manhã fazer análises, fui à Biblioteca requisitar um livro e filmes para o fim-de-semana, tratei da roupa, da casa, do miúdo, trabalhei no computador.... e ainda dizem que me devo entediar muito por estar em casa sem fazer nada! </span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8230901690202886960.post-11925078136171810032017-03-24T12:25:00.002-07:002017-03-24T12:25:28.946-07:00Sabores do Mundo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT_s2l28Ev8RCy7xxnHOA71pzWjFV4WWT3cZJox981cb-7v9o9sA3eYP13Kkov-hSvbKxhn1-d7kq7p5ojGiNfkiLHkI3uBUdwKgsN5UrenrxJRFwTJVgH6yW0S98DD1ZTcP74cwfjBnE/s1600/DSCN0733.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT_s2l28Ev8RCy7xxnHOA71pzWjFV4WWT3cZJox981cb-7v9o9sA3eYP13Kkov-hSvbKxhn1-d7kq7p5ojGiNfkiLHkI3uBUdwKgsN5UrenrxJRFwTJVgH6yW0S98DD1ZTcP74cwfjBnE/s320/DSCN0733.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Há alguns anos que não faço viagens, há mais ainda que não passo de Espanha. Na verdade, quando descobri este país, deixei de viajar de avião. Fiz algumas incursões ao <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">P</span>aís vizinho que, confesso que havia jazido no meu rol de países secundários. Como me enganei! Quando descobri o que havia aqui tão perto de nós, comecei a fazer um turismo aventureiro, de carro e com destino semi-incerto.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Ao todo visitei vinte e dois países. Viajar era algo muito importante para mim. Mal terminava uma viagem, começava logo a pensar na próxima. Houve países que me encantaram de tal sorte, que optei por tornar a visitá-los. Fiz muitos tipos de turismo, desde o mais aventureiro do género <i>mochila às costas</i> até ao mais luxuoso em paquetes com ginásio e discoteca. Mas enfim, como eu costumo dizer, isso foi no tempo das<i> vacas gordas. </i></span><br />
<span style="font-family: "courier new";">O fascínio que nutro por outras culturas terá estado, por certo, na base das minhas escolhas académicas. Não sei se ter vivido na Guiné Bissau e na Líbia terá incutido em mim um certo espírito de cidadã do mundo. A verdade é que passei a infância em viagens de avião para cá e para lá. Se em terras muçulmanas vivi sempre escoltada na mais recatada segurança devido aos perigos a que os ocidentais estavam expostos, já por terras da África Negra subi palmeiras, apanhei ananases, comi ostras do alguidar e era das poucas meninas brancas na escola!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Tenho muito viva a lembrança de estar constantemente <i>a pedinchar </i>comida do prato do Zé Preto (nome que carinhosamente dávamos ao rapaz que trabalhava lá em casa, que nas horas vagas era o nosso melhor amigo de brincadeiras). Apesar de ter o meu almoço, o dele parecia-me sempre muito mais apetitoso. Ainda hoje tenho o sabor daquelas iguarias guineenses na boca e a recordação daqueles cheiros no olfacto! </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Já adulta, aquando das minhas viagens e a despeito dos meus escassos 50 kgs, sempre fui muito lambona (como o meu saudoso Pai me dizia). Viajar sem experienciar a gastronomia local não era uma possibilidade. Aliás, seria absurdo não o fazer. Não me lembro de, nem me ter recusado experiência alguma ou nem de me ter arrependido de nenhuma! A verdade é que sou muito aventureira, se a carne de cobra é que era boa, então <i>embora lá, e cobra estufada para cima</i>! </span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Frequentei alguns cursos de línguas no estrangeiro, pois essa era uma forma relativamente económica de viajar. Normalmente nesses programas as aulas ocupam as manhãs e a maioria das tardes e fins-de-semana estavam por minha conta. Foi neste contexto que, munida de mapas, calcorreei muitas cidades, vi muitos museus, petisquei em trattorias e bebi chocolates quentes em climas frios.</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Também regressei a Portugal no dia da Consoada para poder conhecer feiras de Natal por essa Europa fora. Houve cidades a que regressei mais do que uma vez, tal foi a marca que elas deixaram em mim. Por vezes o retorno revelou-se maravilhoso, por vezes acabou na certeza de que dizia um último adeus àquele lugar...</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Também me aventurei a tal ponto que o meu Pai desesperou em terras lusas o tempo todo, jurando que se meteria num avião para me ir buscar a lugares menos amistosos. Houve também um lugar que me marcou indelevelmente. Um lugar no outro lado do mundo em todos os sentidos, mas que não sei por que mágicas, me pareceu o lugar onde devia ter nascido e de onde nunca devia ter saído. Foi talvez a mais mágica viagem da minha vida. Em terras tailandesas, senti-me nativa. Cirandei sozinha em plena luz da lua, em ruas movimentadas de uma língua estranha, onde regateei preços e desbaratei sorrisos porque me sentia, simplesmente feliz!</span><br />
<span style="font-family: "courier new";">Também recordo com intensidade as tardes tórridas passadas em Volubilis, antiga cidade romana, onde pernoitei por quinze dias na companhia de uma grande amiga. Viagem recheada de aventuras que quase levaram o meu Pai a meter-se no avião para nos resgatar.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "courier new";">Umas foram andanças solitárias, outras nem tanto, mas foram todas viagens prazerosas que deixaram marcas profundas na minha maneira de estar no mundo e de senti-lo. Hoje, debatendo-me diariamente com dificuldades económicas, as viagens não estão na mira de um longo prazo, sequer. Por ora, contento-me, nas idas a Lisboa, com uma passagem no Martim Moniz pelos bazares estrangeiros, onde adquiro produtos alimentares que me permitem viajar kilómetros e percorrer culturas, sem sair das paredes da minha cozinha... </span>Elsahttp://www.blogger.com/profile/13905326656346185415noreply@blogger.com0