sábado, 24 de maio de 2014

Maternidade a quanto obrigas...


Cuidar de uma criança pequena consegue ser uma tarefa titânica. Põe-nos à prova das mais diversas maneira e feitios! Põe à prova os nossos nervos, a nossa paciência e até nos perguntamos incansavelmente se estaremos a fazer a coisa mais acertada. Naturalmente que, por vezes sim, por vezes não. A cada dia que passa aspiramos a ser perfeitas, embora saibamos que isso não é uma possibilidade. A cada dia que passa nos perguntamos se estamos a fazer a coisa mais acertada relativamente a uma determinada situação. Apesar da maternidade ser uma experiência comum às mães ela é vivida de forma diferente. Cada mãe é uma mãe.

Aqui deixo algumas situações que me fazem pensar, e muito!

- Naqueles primeiros tempos da vida do meu Filho, preocupada mais com os cuidados primários do que com os afetos, deveria ter-me esforçado mais para criar um vínculo? Será que a estafa falou mais alto? Porque me sentia um trapo humano? Cansada, estafada e sofrendo as complicações do pós-parto, sinto que não cumpri com o meu papel afetivo.

- Hoje em dia, com dois anitos, quase três de trabalho maternal, estarei a educa-lo da forma mais correta e consistente? Face a tantas situações novas que me surgem na hora, estarei a fazer as opções mais sensatas? Será que sou demasiado permissiva, demasiado castradora?

- Haja paciência!! É preciso ter muita para enfrentar o dia-a-dia. Quando chega àquela altura em que nos estão sempre a moer o juízo, o melhor é contar até 100, e esperar pacientemente que as birras passem, que apertem os sapatos sozinhos levando o triplo do tempo e que façam o que nós lhes pedimos. Aqui entra a eterna questão existencial - serei suficientemente paciente? Estarei a demonstrar um grau de tolerância adequado? Devo gritar com ele? (embora os especialistas digam que não, há alturas em que nos apetece mesmo, é enfiar a cabeça num buraco e dar um daqueles gritos capazes de se ouvirem no outro lado do mundo!!)

Haja disponibilidade mental! Para prestar os cuidados necessários é necessário ter muita. Quando se está mal, um simples dar banho custa. Aqui entra a minha eterna questão - será que, por ser uma pessoa muito instável, terei tomado a atitude correta, quando decidi que queria muito ser mãe?

Estas são algumas questões que invadem o meu dia-a-dia, como mãe e a cada minuto que passo com o meu filho. Diariamente me questiono se terei feito tudo como deveria ter feito, e diariamente chego à conclusão que numas ocasiões sim, noutras não. Apesar de aspirar à perfeição, nunca serei perfeita como mãe. Isso não existe...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

De visita à Cidade

 

Roupinha catita e malas feitas, lá vou eu, no comboio das 7.30, rumo à Cidade Grande! À boa maneira citadina, lá enfrento três horas de viagem com muita impaciência. Com ganas de rever a minha mãe e o sítio que me viu nascer, vou vislumbrando a paisagem que se torna menos bela, à medida que se vai rumando a sul. Os belos barrocos e as montanhas verdejantes vão dando lugar a aglomerados de prédios e vivendas. Mas enfim... lá chego!
Com pé em terra firme, confesso que senti uma certa tonturazita no meio de tanta gente. Lembro-me de quando era miúda e ia de férias por um mês para a Caparica (que na altura era uma aldeola), ao chegar a Lisboa, direta para o autocarro, me sentia meia zonza.

Mas, retomando o fio desta meada... lá chego e reencontro a minha mãe com um ramo de gerberas grenás (a minha flor favorita). Rumamos de imediato à Costa da Caparica, queria muito ver o mar (as cinzas dos meus entes queridos jazem aí). Depois, adivinhem, restaurante japonês com ela! As iguarias exóticas são um dos meus grandes prazeres, e por cá, por terras da Serra são praticamente inexistentes.

Tinha saudades da baixa lisboeta, por isso, não poderia visitar Lisboa sem por lá passar. Incrível como está tudo na mesmíssima. Toneladas e toneladas de gente em caminhada com destino e sempre com muita pressa de chegar. O que talvez tenha mudado é o facto de se ver quase toda a malta agarrada ao telemóvel. Penso que, há uns tempos atrás, não se via tal fenómeno em massa.

Depois desta visita, que apesar de tudo, me deixou com vontade de regressar, rumei a Alvalade, um pouco mais calma, mas ainda assim, estonteante para o meu ritmo novo de vida. Lá tratei daquilo que tinha a tratar e finalmente o destino foi a casa que me viu crescer.

Como tudo mudou, de uma casa com um quarto para cada irmão, já não resta senão um quartito para me receber quando estou de visita. O meu quarto virou escritório, já pouco reconheço das salas mas a cozinha mantem-se igual a ela própria, como sempre foi. Apenas os lugares de alguns objetos foram trocados, e utensílios novos que se foram adquirindo. Dos meus tempos de menina, nada resta, como aliás se reduziu a minha família. Éramos quatro, somos duas...

Passei uma noite descansada, apesar dos barulhos da incessante estrada cujo corrupio não para, quer de dia, quer de noite. Na mala trago apenas uma certa nostalgia daquilo que fui e já não sou, daquilo que queria e já não quero...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Campónia, mas não muito...

 

Amanhã é dia de rumar ao comboio com destino a Lisboa para tratar de alguns assuntos. Mas não me vou demorar muito, vou 6.ª e volto Sábado. Chego por volta das 11.00 com compromisso às 18.00. Tenho saudades da Baixa de Lisboa e do mar. Como o tempo escasseia, vou optar pelo mar. De tarde vou a uma grande superfície, à boa maneira citadina, para ver se encontro por lá, um bikini para me fazer o Verão. O meu já está velho e gasto. Desde que fui mãe, pouco ou nada compro para mim, mas desta é que é!
Feitas as contas, será uma manhã para ver o mar e a tarde para mergulhar na vida da cidade no seu esplendor. Pelo meio, umas tentativas de tomar algum cafezinho com alguém das minhas amizades.
Se tenho receio de lá ir, confesso que sim. Na altura em que por lá vivi a confusão, por vezes, deixava-me azamboada. Desta vez, estou certa de que o azamboamento ainda vai ser maior. Habituadíssima à vida pacata da aldeia, sem saudades da urbe, à exceção das pessoas que lá deixei, calculo que irei vir de lá muito cansada.
As razões que me levam a não alongar a estadia prendem-se essencialmente com as saudades que vou ter da família, e, naturalmente, por ter um pequenote para tratar.
Para cá, para a santa paz do campo, trouxe alguns vícios difíceis de largar. As pastelarias com bolos apetitosos são praticamente inexistentes. Restaurantes exóticos também não os há. Claro, que aproveitarei qualquer pretexto para uma ida ao restaurante japonês.

Agora, passados tantos anos, vejo com alguma saudade aquelas idas matinais para a faculdade, no meio do trânsito e da confusão. Para não mencionar as megas folias na noite lisboeta. Eu costumava gostar da festarola, e não perdia uma, mas tudo tem o seu tempo....

Lisboeta de alma e coração, nunca lá deixei o meu. Sempre sentindo-me errante na urbe, procurei o meu destino longe dela. Recordo com muita satisfação as voltas que dei com o meu saudoso Pai, por esse Portugal a fora, vendo e descobrindo sítios maravilhosos. Desde muito jovem que escolhi onde cabia perfeita a minha alma. Os anos passaram, a oportunidade deu-se, e cá estou eu, no sítio que escolhi. Sou agora uma campónia, mas não muito...


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Pra fora cá dentro




Este Sábado foi dia da passeata da grossa. Com destino incerto, lá fomos nós sondar praias fluviais para curtir no Verão!
Devo dizer que foi magnífico. Já cá estamos há quase ano e meio e ainda há tanto para conhecer.
Máquina fotográfica, biberon da água e bolachinhas em riste, lá rumámos com muita esperança de encontrar sítios bonitos para nos surpreendermos. A verdade é que nos surpreendemos bastante. Quanto mais voltas dou por caminhos da Serra da Estrela, mais me convenço que a minha vinda para cá foi a mais acertada.
Esbarrámos com duas praias, uma melhor que a outra! Numa, mais selvagem, vimos algumas autocaravanas de camones - eles é que sabem curtir a reforma!! Numa outra, um cenário lindíssimo ajardinado com esplanada e aspeto mais civilizado. O parquinho de diversões não foi esquecido e lá andou o pai, braço acima, braço a baixo, na brincadeira com o pequeno para baixo e para cima.
A meio, o indispensável café numa aldeola de onde trouxemos uns bolinhos maravilhosos que fomos roendo pelo caminho.
A temperatura não podia ser a melhor e mais amena. Houve até um certo arrependimentozito de não termos levado o fato-de-banho.
Claro que, no fim-de-semana, não nos quedámos por aqui. No Domingo, foi dia de ida ao nosso rio costumeiro com bifanas atrás e lá se engordou mais uns quilitos à conta do belo assado e a batata frita de pacote! O pequenote, na sua viatura todo-o-terreno, que é uma motinha de dar ao pé, foi quem mais se divertiu.
Resta-me dizer que o Marido teve folga. E ora, pai de folga é sinónimo de mãe de folga nos cuidados ao rebento. Assim, também eu, muito me diverti e relaxei!

sábado, 10 de maio de 2014

Pulga elétrica vs minhoca

 
Ou estou com a corda toda, ou pareço uma minhoca a arrastar-me por aí! Claro que de quando em vez, nem mar, nem terra...
De momento, estou na metamorfose da pulga para minhoca! A safa é que, para a semana, vou ao técnico da carola, para ver se ela me deixa mais bem vista.

Será do calor? Será do tédio? Será falta de passeata? Penso que é um pouco de tudo e de nada...

Por norma, gosto de acordar quando toda a malta ainda dorme. É uma forma de ter algum tempo para mim. Quando o miúdo acorda, é para esquecer, acaba-se a folga. Quando não tenho energia para me dar este tempinho, ou seja, quando não consigo alvorar, começo a aperceber-me que estou a entrar na tal metamorfose.
Para mim, é muito desanimador saber que estou prestes a tornar-me numa minhoca ambulante. Ambulante porque se arrasta por aí, sem norte e cheia de dores no corpo.

A perturbação bipolar tem destas coisas. Antigamente chamavam-lhe psicose maníaco-depressiva, quanto a mim, esta nova designação não passa de um eufemismo! É mesmo assim, ora se está em alta, ora muito pelo fundo do poço. Tenho momentos bons, certamente. A isso devo uma constante medicação e acompanhamento médico. Por vezes é frustrante saber que a falha das tomas pode dar cabo de mim (o que já aconteceu no passado). Não porque me esqueça delas, simplesmente quando passei pela fase da revolta achava que não podia estar presa a medicamentos para o resto dos meus dias. Rapidamente passei dessa fase ao conformismo absoluto e daí ao esquecimento desta maleita. Isto é, hoje vivo uma vida dita normal, e só quando as crises aparecem é que me lembro que sou assim e ponto final. Não ando obcecada com isto, como já andei. O Marido até costuma dizer (quando me vê doente) que é apenas um parafuso desapertado! 

Infelizmente, vivemos numa sociedade em que as doenças mentais, ou mesmos as idas ao psiquiatra, ou são de gente doida ou de quem não tem mais nada com que se preocupar. Pessoalmente não considero que esta seja uma forma sensata de encarar as pessoas que têm algum tipo de problema desta género. Acho que nós, se não estivermos numa fase muito aguda da doença, somos tão ou mais capazes de enfrentar a vida e o mundo, do que muita gente que por aí anda.

Costumo dizer também que o melhor é não tecer comentários a este nível, pois não sabemos o que o futuro nos reserva, nem para nós, nem para os nossos filhos, e quem cospe para o ar...

sexta-feira, 9 de maio de 2014

A vida sem tv

 
Ontem pela tardinha, para não variar e aproveitando este belos dias de Maio, debandámos todos para o quintal, depois da hora da escolinha. Regámos, sachámos e até plantámos umas couvezitas que a vizinha veio cá trazer.
 
Hoje apetece-me falar da importância de não passar a vida em frente a uma tv.
 
O R trabalha numa empresa de telecomunicações e eu pasmo quando ele me conta que as mães ligam para lá muito aflitas por não terem sinal e terem filhos pequenos, do tipo - Já viu a minha vida? Sem tv e com crianças em casa!!?? No mínimo, é coisa para eu ficar estarrecida!!
 
Nós por cá não vemos tv. Cortámos o mal pela raiz e resolvemos nem sequer contratar o serviço. Bem sei que inicialmente foi por não termos dinheiro para o fazer. Agora as coisas melhoraram um pouco, mas percebemos o quão bem vivíamos assim, e decidimos que tv não volta a entrar em casa.
 
Quando os dias estão chuvosos, convive-se, lê-se ou espreguiça-se. O meu Filho tem bastantes brinquedos, de modo que se entretém a brincar. Conversa muito e por vezes até tem zangas imaginárias, sabe Deus com quem. Antes de ir para a cama, brincamos juntos e lemos os livrinhos dele.
 
Sem tv, a comunicação entre os elementos da família melhora substancialmente. Em casa, não estou sempre a brincar com o meu Filho. Tenho outras coisas que fazer para garantir o seu bem-estar - jantar, roupa, arrumações, etc..,no entanto ele habituou-se a ser autónomo nas suas brincadeiras. Se estou duas horas presa a uma tarefa, ele está duas horas embrenhado nas suas brincadeiras, sem precisar de estar em frente a uma tv.
 
Já lia bastante, é algo de que gosto muito. Mas confesso que, por vezes me desconcentrava quando lia e o R via tv ao mesmo tempo. Agora, podemos conviver pacificamente na sala sem sermos interrompidos pelo som da tv, ou mesmo sem estarmos a ligar um ao outro por a tv parecer mais interessante. Agora a disponibilidade para a leitura é muito maior.
 
Agora, em retrospetiva, vejo como a tv me embrutecia de dia para dia. Descanso, para mim, era sinónimo de estar deitada no sofá a olhar para o que o ecrã me mostrava. Mas há muito, que isso deixou de fazer algum sentido para mim.
 
 



terça-feira, 6 de maio de 2014

Ele há dias...

Já tenho mencionado por aqui que gostaria de ser uma menina organizadinha e comportadinha. A verdade é que, à exceção da papelada, nunca fui o protótipo da organizada, quanto ao comportadinha, devo dizer que já tive dias piores! Uma mulher casa, constitui família e as folias ficam para trás!! À parte as pseudo-nostalgias, sou feliz com aquilo que tenho e com aquilo que sou. Bem... gostaria de ter uns kilos a menos, isso mudaria muita coisa! Fora isso, tudo bem!

Hoje, estou naqueles dias menos bons. A verdade é que me falta a energia. Volta e meia caio num estado meio para o letárgico. Tudo me custa, faltam-me as forças e, pior um pouco, falta-me a vontade. Chego mesmo a sentir uma certa solidão. Como, se tenho marido e filho?! Não sei explicar lá muito bem. É uma solidão estranha, de sentido de vazio e sem norte. Tão sem norte como aquilo que escrevo.

Tenho procurado incessantemente alguma ajuda em blogs de felicidade e organização. Pessoalmente acho que na desordem não pode residir a felicidade. Se gosto tanto de ordem, como posso ser tão desorganizada?!

Preguiça será a minha maleita? Que ciumeira daquelas mulheres que postam o seu quotidiano impecavelmente elaborado e arrumadinho, em blogs também eles tão organizadinhos! Por que raio não consigo organizar-me de uma vez por todas?? Pior do que isso: por que raio sou tão teórica da organização e tão miseravelmente prática em relação à mesma??!!

Por outro lado, pergunto-me como posso eu ser preguiçosa, se adquiri tantos graus académicos e tive uma vida profissional cheia de sucessos??!!

Faltar-me-á a vida profissional para me preencher? Disseram-me, uma vez, que eu tenho de exercer a minha profissão para não perder a minha identidade. Não acredito muito nisso, pois o que se leva desta vida não é o trabalho, mas os bons momentos passados com aqueles que amamos ou mesmo sozinhos.

Hoje escrevo em tom de desabafo. Quero muito que este blog seja como uma espécie de espelho daquilo que sinto e daquilo que sou. Gosto de pôr a descoberto a realidade das coisas com tudo o que elas têm de bom e de mau. Não sou a típica pessoa que diz: vai correr tudo bem, não te preocupes... Bem pelo contrário vou sempre a traçar o pior cenário e isso tem-me trazido muitas alegrias e poucas desilusões. Quando acaba mal, já esperava, quando acaba bem, fico feliz.

Ouvi muitas vezes: não te preocupes que vai acabar bem... e acabou no velório do meu Pai. Ouvi outras tantas: ele vai-se curar e realmente curou-se, pois a morte o levou! Feitas as contas à vida, não tem corrido lá muito bem. Mas gosto dela, sempre gostei, embora, por vezes, tenha preferido não estar viva!

Este discurso é um pouco depressivo e controverso. Tão controverso como a minha mente inquieta, uma mente de uma doente bipolar, que ora está bem, ora está mal. Cuja vida tem sido uma roda viva de saltos e quedas.

Não, hoje não me sinto especialmente em queda, apenas com um pouco de energia a menos!!