quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Adeus 2016!


A muito pouco tempo de se iniciar um novo ano, cá por casa já está quase tudo a postos! Não para a festa, claro está, que como aqui referi, não assume grande importância, mas para dar continuidade a novos projetos e iniciar novos planos, traçar novas metas, definir novas estratégias e continuar a laborar na autodisciplina.
Este ano foi, sem dúvida, de grandes progressos e de estranhas sensações, nomeadamente a nível da saúde que andou tremida, mas não ao ponto de me deitar por terra. Penso que, pela primeira vez em quarenta anos, a doença não me atirou para uma cama!
Há novas metas que, sem dúvida, têm que ser muito bem trabalhadas. É muito possível que a Família fique sem o seu sustento, pelo que a ginástica orçamental terá que ser muitíssimo maior. O que quero dizer é que estou em processo de engendramento de formas de gastar o menos dinheiro possível. Será tarefa titânica, bem sei. A verdade é que já nem sei muito bem onde mais ei-de cortar. Provavelmente terei que investir em mais umas culturas na horta e reorganizar-me em termos de projeção de doses alimentares. Como na alimentação se retém uma boa parte do orçamento, passará a comer-se menos e cingir as compras ao estritamente necessário. Acho que com um pouco de esforço vou conseguir encontrar nas minhas listas de supermercado bens que se podem dispensar. A minha dieta de emagrecimento terá que ser sacrificada, pelo que tenho de procurar compensar com mais exercício físico ao ar livre, pois ginásios estão fora de questão.

No ano passado estabeleci poucas metas que, apesar de não serem muitas, não foram cumpridas na totalidade, pelo que este ano, vou apenas estabelecer dois grandes objetivos, que são o meu maior cavalo de batalha. O primeiro tem que ver com a gestão orçamental, a que já aludi, o segundo está relacionado com a minha dieta de Santa Engrácia.
Na verdade, apesar de ser apenas um par de coisas, são de extrema dificuldade para mim. Penso que não serei a única com este duplo problema - falta de dinheiro e peso a mais! Veremos como superarei estas metas. Vou tentar aliar uma coisa à outra. Se comprar produtos frescos e da época, não só estou a economizar, porque são mais baratos, como estou a contribuir para uma alimentação mais saudável. Quanto à questão dos hidratos de carbono, tenho muita pena, mas não vão desaparecer da minha alimentação, pois são baratos e servem para confecionar um sem número de pratos!´
Mas os problemas com a gestão orçamental não se quedam por aqui, há contas para pagar e uma criança grande cá em casa que tem alguma dificuldade em perceber que o dinheiro não nasce nas árvores e que desaparece muito rapidamente.

O ano 2016 termina com vitórias e fracassos. Da minha lista para este ano que agora finda, muitas coisas risquei, outras nem sequer tive oportunidade de pensar bem nelas. Mas termino com uma sensação de grande satisfação por ter cumprido metas importantes. O miúdo cresce, daqui a 9 meses estará na escola, o meu relacionamento com o R. vai-se consolidando. Mais um ano que passou, bem passado, mas que não deixa saudade, pois o que lá vai, lá vai.
E é com alegria que me despeço de 2016 e que desejo que 2017, se não for melhor, pelo menos que seja igual a este ano que agora morre de velho...




terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Reveillons


Imagem retirada da internet
 
 
Embora me considere uma ex-foliona, não sou especialmente fã da festa da Passagem de Ano. Para ser franca, nunca fui! Passei uma grande parte destas festas com o meu Irmão que, quem me segue, sabe que já partiu. Acho que me trás recordações da adolescência, em que nos divertíamos a contar os minutos para a meia-noite e dançávamos e bebíamos a noite inteira! As primeiras saídas à noite, as primeiras peripécias noturnas no Bairro Alto e no antigo Brahms, discoteca história da Costa da Caparica. Tudo restos de um passado, se não cheio de glória, pelo menos com a satisfação de ter sido bem vivido!
Atualmente, não é inédito terem de me acordar por adormecer no sofá antes da meia-noite. Habituei-me a uma vida bastante rotineira. Ao contrário da azáfama do Natal, nada acontece aqui por casa no dia 31 de Dezembro. Em parte porque nunca promovi nada, em parte porque tenho uma criança pequena a quem este evento nada diz.
Por seu turno a passagem de ano sempre teve um efeito de certo modo perverso em mim. Recordo, desde tempos imemoriais acordar no dia 1 de janeiro com uma péssima sensação de fim de ciclo. Mais do que uma péssima sensação, direi mesmo deprimente.´
Há coisas estranhas nesta vida. Uma delas foi o facto de ter chorado de tristeza na passagem de ano de 1999 para 2000 como se algo de muito mau se tivesse apoderado de mim. O certo é que o ano 2000 terá sido o mais aziágo da minha vida. O meu Irmão morreu! No fundo, sempre soube que o ano 2000 iria trazer uma enorme desgraça sobre mim e sobre a minha família. Parecem histórias retiradas de filmes, mas não são. Este sentimento existiu e efetivou-se.
Antes de estar com o R., sempre fui muito desligada dos namorados que tive. Não era raro não passar esta noite com eles, coisa que muito os desiludia e chegou mesmo a ser motivo de discórdia (que eu alias nunca fomentei). A verdade é que esta festa pouco ou nenhum significado já tinha para mim quando essas coisas foram sucedendo. Mas, curiosamente, a minha Alma Gémea nutre o mesmo sentimento que eu por este dia, embora por motivos diferentes. Assim, como se costuma dizer - Só se estraga uma família!


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Boas Festas!!


A poucas horas de abraçar a Avó Elsa, que neste momento já vem a caminho de terras da Beira, tudo se encontra a postos para o tumulto que por aqui se vai viver ao longo de todo o dia de hoje. Há muita bricolage e arrumações a fazer. Estamos num daqueles dias que dava muito jeito que tivesse para aí umas quarenta e oito horas! Mas como só tem vinte e quatro, já estou a pé há um bom par de horas e já comecei a organizar algumas coisas: os brinquedos já estão devidamente separados e prontos para arrumar na nova caixa que aí vem. Já foram para o lixo aqueles que estavam estragados e "arquivei" os que já não são para a idade dele ou aqueles em que ele já não toca. 
Os sofás e as mantas também já acabaram de ser preparados para que, logo à noite, depois da canseira que vai ser o dia de hoje, possamos descansar e trocar uns dedos de conversa.
Hoje, vou buscar o M. bem tarde à escola para que tenhamos tempo de fazer o maior número de coisas possível que, com a presença dele seria mais difícil. É um miúdo muito irrequieto e passa o tempo todo a fazer perguntas, principalmente se nos vê a fazer alguma coisa.
Pelo meio meter-se-ão máquinas de roupa, almoço e jantar e, à noite, a comida para o grande dia tem que estar semi-confecionada. Como se vê, o dia vai ser azafamado!
Boas Festas!!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Devagar, devagarinho...


Inércia não é algo que me caracterize, mas a verdade é que nestas duas últimas semanas o meu entusiasmo mental não tem acompanhado a minha energia física, ou falta dela! E logo agora com tanto para fazer!
Tudo o que tenho de ter preparado para o Grande Dia vai-se fazendo a passo de caracol e puxado a ferros. Mas hoje, decidi sentar-me e dar a volta por cima, começando, como é natural, por delinear uma estratégia. Efetivamente tenho apenas a tarde de hoje e ,mais dois dias para ter tudo a postos. E um dos grandes objetivos é ter a cozinha, centro de grande tumulto em alturas de festa, em ordem.

Na próxima sexta feira, chegam de Lisboa recipientes para eu terminar a reorganização deste compartimento. Bem sei que é um pouco em cima da Festa, mas morar longe dos grandes centros, também impossibilita que tenha acesso a muitas coisas, que só por intermédio da minha Mãe, chegam a terras da Beira. Logo, pilhas de frascos e prateleiras novas farão com que parte da manhã de sexta feira tenha de ser passada em bricolage, para que no Sábado a cozinha esteja despachada! Até lá, reservo esta tarde para uma grande limpeza.

Quanto ao salão, será aí que o Pai Natal depositará as prendas na noite de 24 para 25. Como haverá novos brinquedos está na altura de rever o que há e o que já está estragado. Com a ajuda do M., que tem sempre muita dificuldade em desapegar-se de brinquedos mais antigos, tentarei dar um refresh no baú da brincadeira. Os filmes de Natal já foram requisitados na biblioteca, para que possamos desfrutar de um serão diferente em família. Não que eu seja grande adepta de TV e festas familiares, mas infelizmente a Avó Elsa tem muita dificuldade em estar aqui sem o burburinho da televisão. Como não tenho serviço, tive de requisitar filmes na biblioteca. As mantinhas também já estão preparadas para aquecer as pernas neste Natal, que nunca andou tão frio!

O quarto onde vai ficar a hóspede de honra já está devidamente preparado. Cama quentinha feita e aquecedor em riste, pois desconfio que a Avó Elsa vá ter uma grande surpresa gélida na primeira noite.

Amanhã, uma boa parte da manhã terá que ser passada na cozinha a preparar algumas coisas. Este ano, como no dia 25 vamos fazer um grande churrasco, resolvi, pela primeira vez, fazer molho barbecue. Como ainda não o fiz, deixarei a receita mais tarde, se der bom resultado. Vou também cozer e escorrer abóbora, a qual será necessária à elaboração de alguns doces.

Assim, entre limpezas, organização e cozinhados, vamos preparando o Natal. Preparação que este ano está um pouco perra devido a circunstâncias que pouco têm que ver com o assunto! Independentemente de tudo e, embora devagar, devagarinho, lá vamos fazendo...

sábado, 17 de dezembro de 2016

Em modo quase Natal


Dentro de, precisamente, uma semana a Avó Elsa chega para passar o Natal em terras da Beira. Por cá, o frio que se faz sentir é deveras cortante. Hoje, embora a lareira tivesse estado o dia inteiro a carburar, esteve especialmente difícil de suportar. A neve que daqui se avista, arrasta um vento gélido ao qual ainda não me habituei. Penso, aliás, que nunca o farei!
Daqui a sete dias a casa estará longe das suas rotinas habituais e mergulhada numa azáfama que só mesmo a Avó Elsa, com a sua exuberância, é capaz de implementar. Como costumo dizer: a minha Mãe enche uma sala! O miúdo andará enlouquecido de alegria, aos saltos de volta de nós todos, se bem o conheço.
Deixo-me contagiar pela magia desta quadra. Como não tenho por aqui escondido, esta é provavelmente a minha época do ano predileta. Ainda hoje, depois de ir buscar o miúdo à escola, vagueámos pelas ruas do Concelho para contemplar as luzes de Natal. Uma diversão tão simples e agradável! Terminámos a volta no cimo do monte, onde pudemos observar a torre de menagem que, em tempos medievais, passaria muito pouco despercebida!
A uma semana do grande dia, ainda há muito por fazer. Embora o Menu já esteja pensado, ainda me falta elaborar uma lista mais detalhada dos doces que, este ano, vão ser muito menos do que no ano passado. Optei por não ter uma mesa muito farta, principalmente em açúcares. Um bolo-rei, as tradicionais filhós da Beira e um pudim farão as nossas delícias. No dia de Natal, far-se-á um churrasco na lareira para deleite da Avó Elsa. É pouco convencional, bem sei, mas o Polvo à Lagareiro que comeremos na Consoada, embora seja tradicional nalgumas zonas do País, por aqui ou por Lisboa não é muito habitual. 
Hoje, continuei a fazer de duende do Pai Natal e quase dei as minhas ofertas por terminadas. Resta-me, durante a semana, fazer alguns embrulhos, muito poucos, e escondê-los bem escondidos, pois o catraio aqui de casa ainda acredita no Pai Natal! Como, cá por casa, o Natal é festa profana, pois somos agnósticos praticantes, celebramos, não o nascimento de Jesus, mas a família, o amor e a alegria de estarmos todos juntos. Também celebramos os sentimentos que nutrimos uns pelos outros com uma sentida troca de prendas. Não que goste especialmente do consumismo do Natal, bem pelo contrário, pois gosto de fazer as prendas, mas gosto de pensar tanto no que vou comprar como o que vou fazer para determinada pessoa. Fica a vontade de dias monetariamente melhores em Natais futuros para poder presentear mais amigas.
Entretanto, confesso que ando um pouco inerte em relação àquilo que ainda tenho de fazer. Estou à espera de 2.ª feira para entrar em modo quase Natal...
Vou dando notícias!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Em modo preparação para o Natal


Adoro esta época do ano! Depois de me ter visto privada desta quadra durante alguns anos, mais do que nunca, adoro este mês de Dezembro. Passei a gostar ainda mais desde que me mudei para o campo. O Natal sem a agitação do trânsito e dos centros comerciais é muito mais genuíno. Apesar de sermos poucos à mesa, porque apenas temos a visita da Avó Elsa, divertimo-nos bastante.
Há uns dias, pedi à minha Mãe que me desse parte do serviço de jantar de Natal dela, visto ela nunca mais o ter utilizado desde a morte do meu Irmão. Sabendo que nunca mais o utilizaria, pareceu-me oportuno reanimá-lo, assim como reanimei o Natal na família! Provoquei-lhe alguma dor, não por lhe pedir o serviço, claro está, mas porque a pus em confronto com objetos que traziam com eles memórias de um passado em que nos sentávamos todos à mesa da consoada.
Não sei ao certo porque gosto tanto do Natal. Sei que não tem que ver com prendas, tem que ver com memórias e família. Claro que me ter visto privada desta festividade durante bastantes anos, aguçou a minha vontade de a reviver. Por outro lado, ter-me visto tão precocemente sem Pai e sem Irmão, fez-me perceber o quão é importante é reunir a família à mesa.
Este ano, o Natal tem sabor especial. O R. estará em casa para a consoada, o que não tem acontecido nos últimos anos. Seremos quatro à mesa. Não é uma mesa farta de gente, bem sei. Mas será certamente uma mesa com tudo aquilo a que aspiro - Família chegada! 
Pelo terceiro ano, vou regozijar-me de passar o Natal na Serra, junto de uma aconchegante lareira, com um Filho a saltitar à nossa volta! Nos planos estão muitas coisas incluídas. Fiz um calendário do Advento para preencher o mês de Dezembro com atividades alusivas à Quadra. Desde fazer as bolachas para deixar na lareira para o Pai Natal comer na noite de 24, até à lista das boas e más ações, temos um pouco de tudo!
Agora que o miúdo tem cinco anos, e porque não somos católicos, festejamos esta data um pouco em tom de heresia. Não somos crentes, não frequentamos a igreja, pelo que a Missa do Galo não faz parte dos nossos planos. Por enquanto, o miúdo é pequeno para ir ver o madeiro na noite de Natal. Daqui a uns aninhos, chegaremos a casa à noitinha, vindos da aldeia, a cheirar a lareira gigante!! Mas por enquanto, contentamo-nos em ver as luzes à volta do nosso abrunheiro, e em redor da casa. 
Este ano a novidade será o polvo para a consoada. Como sou descendente de transmontanos, apesar de ter comido bacalhau na consoada a vida toda, sempre ouvi falar de polvo nesta refeição tão especial. A minha Mãe costumava dizer que toda a vida de casada teve pena de nunca mais ter comido polvo na Ceia de Natal. Este ano, fazendo valer aquilo que sempre ouvi, propus-lhe um jantar à base de polvo. Este já foi comprado aos pescadores lá da Caparica e já jaz no congelador, para ser cozinhado à Lagareiro! Já comecei a investigar receitas na net.
Este ano a mesa será muito glamorosa. Tenho andado a pensar acerca do que vai ser o nosso centro de mesa. Em devido tempo, publicarei as novidades natalícias aqui de casa. Por agora fica a fotografia do nosso Calendário do Advento, inspirado no pequeno ramo que lhe serve de suporte!
A preparação do Natal continua. A chegada da Avó Elsa prevê-se para dia 23 de Dezembro. Os postais estão a postos, as prendas já estão feitas e compradas, a carta ao Pai Natal já seguiu para o Pólo Norte, está-se a preparar a lista das encomendas de doces de Natal, que este ano não vão ser maioritariamente feitos por mim, e assim, vão passando velozes estes dias para quem está em contagem decrescente para o grande dia!!





quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Porque uma mãe também é gente...


Há cinco anos que sou mãe de um rapazinho, bem enérgico, por sinal! Têm sido cinco anos de emoções diversas, sentimentos extremos, canseiras sem par e desafios julgados insuperáveis. Têm sido também cinco anos de responsabilidades acrescidas de quem tem a seu cargo o sustento de uma criança. Se para mim se pode desenrascar qualquer coisa, já para o M., nem por isso!
Têm sido também anos muito atarefados, pois quem tem crianças pequenas não pode falhar refeições, horários, rotinas diárias e afins. Tem também que fazer esforços para que a vida seja estimulante, colocando novos desafios à criança. Este ano, pela primeira vez, fiz o Calendário do Advento com vinte cinco atividades para fazermos em conjunto.
Estes últimos anos também me ensinaram muitas coisas a respeito da natureza humana e instinto de sobrevivência. Como não poderia deixar de ser, não alheio a minha função de mãe à perturbação Bipolar, pois ela está sempre patente, dando-me algumas tréguas pelo meio.
Estes últimos cinco anos têm sido também de muito ansiedade face ao mundo. Comecei a ver perigos a espreitar a cada esquina: os carros, os cães pastores, as pessoas más, os ladrões...
Nos últimos três anos, aprendi que ter filhos é dar-lhes asas para voar. A partir dos dois anos fui tentando que o M. fosse ganhando a sua autonomia. A muito custo comecei a deixá-lo brincar na horta sozinho e hoje já maneja a sua faca na cozinha, ajudando-me a cortar pequenos legumes. É com um sentimento agridoce que vejo o meu menino ganhar asas. Se gosto que ele se desenrasque sozinho, tenho muito medo de não conseguir (porque NÃO VOU CONSEGUIR) protegê-lo do mundo!
Estranhamente nunca olhei para o passado como a maioria das pessoas o olha: com saudade. O passado para mim, não passa disso mesmo, passado. Gosto de viver no presente e pensar pouco no futuro. Se tenho saudades do meu menino de colo? Nem por isso. Gostei de viver a sua primeira infância, gostei, não o nego. Mas também não nego que foram dois anos muito difíceis: privação de sono, cansaço, berros, choradeira, birras, fraldas, viroses: dependência completa! Por isso, não trago comigo saudades.
Os dias de hoje não são mais fáceis. Com a agravante de ter uma doença mental que me fragiliza psiquicamente, tenho que enfrentar o dia-a-dia com mil porquês, mil nãos, mil vá lá, mil mãe olha, mil mãe isto, mil mãe aquilo...
O M. tem energia e imaginação para dar e vender! Desde que acorda até que se deita não para quieto. Já para não falar da agitação dos seus mundos imaginários, próprios de uma criança que cresceu sem TV. Cá por casa não existe sossego enquanto o miúdo está. Não é uma criança capaz de se sentar a desenhar, por exemplo. Tem de estar sempre com a espada de laser a defender-se dos maus, a lutar com os robots imaginários, a preparar armadilhas ou qualquer outra coisa que implique muito movimento! Cá por casa o silêncio é sinal de que algo de muito errado se está a passar: ou está a fazer asneiras ou está doente!
Viver assim parece bom e idílico, mas não é. Claro que é uma bênção ter um filho enérgico com saúde para dar e vender. É maravilhoso, mesmo! Mas, para uma mente frágil, demasiado sensível aos barulhos e aos estímulos externos, é deveras cansativo! Se para trás ficaram as noites mal dormidas, hoje, por vezes, falta-me a energia e a saúde que tanto gostaria de ter para tornar o quotidiano mais fácil. Não será este um problema comum a todas nós, mães? Eu debato-me com a doença, outras mães terão outras questões que as levarão à exaustão de quando em vez.
A ambiguidade de sentimentos que tenho ao ver o pirralho constantemente aos saltos à minha volta leva-me, por vezes, a sentir-me culpada pelo cansaço que, por vezes arrasto comigo! É tão bom ter um filho transbordante de saúde e energia. No meu íntimo, culpo-me e acho-me uma bruxa má quando dou por mim a desejar que o meu Filho fosse mais calmo e parado! Mas a verdade é que não consigo deixar de me sentir bastante cansada em determinadas alturas...
Ter um filho pequeno é muitíssimo trabalhoso, quem diz que não é, mente! Muitos ou poucos, dão trabalho! Nas diferentes fases, revelam necessidades específicas, claro está. Importa dizer que a minha procissão ainda mal começou. Não me posso considerar uma mãe experiente, pois só tenho um e com poucos anos de vida. As minhas palavras são apenas e só, sintomáticas dos sentimentos despoletados pelas minhas experiências.
Ao longo destes cinco anos, várias foram as ocasiões e circunstâncias que me levaram a crer que não estaria a dar o meu melhor como mãe. Penso que este sentimento será comum a muitas de nós. Quem assumiu a maternidade verdadeiramente, procura dar o seu melhor, pelo que constatar que não o fez, faz cair em fracasso. Em vários momentos senti que fracassei.
Tudo nesta vida tem, no entanto, duas faces. A verdade é que o que dou de mim ao meu menino faz-me sentir feliz. As gargalhadas que lhe oiço põem cobro a qualquer sentimento menos feliz. E se há coisa que caracteriza o M., são as suas sonoras gargalhadas!
O caminho faz-se caminhando, e eu sei que vou dar muitos tropeções. Quem sabe se não um todos os dias, pelo menos. O importante é conseguir levantar-me e arrepiar caminho. E acima de tudo, ter presente que cada momento da maternidade é único e difícil, único e bom, único e desafiante...
Se há coisa que realmente posso assegurar é que desde que o M. nasceu, deixei de ter certezas e de saber exatamente como faria no futuro. Simplesmente deixei de dizer: se fosse comigo, fazia e acontecia... Hoje em dia, aguardo calmamente a ocasião e logo vejo se fracasso, ou não, mas nunca desistirei de tentar fazer o melhor que me seja humanamente possível. Por detrás desta mãe, está uma pessoa...