segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Pelos caminhos de Portugal


Aproveitando as réstias de sol que este Verão ainda nos deixa, lá fomos nós para mais um dia de intensa passeata. Desta feita o destino foi Pinhel. GPS às costas? Não!! Confesso que não sou amiga das tecnologias e que, quem me tira o cheirinho a papel tira-me tudo. Não fosse eu filha de um oficial do Exército, saquei do mapa, do instinto da orientação e, com mais diversão, fomos seguindo as estradinhas indicadas no papel.
Já tenho mencionado que estou sempre a ser surpreendida com novas paisagens e monumentos de encantar. Como é lindo este nosso Portugal!
Este Portugal onde a miséria grassa, onde o interior está despovoado, onde a restauração está pela hora da morte, onde não há dinheiro para conservar o nosso Património histórico. Cada vez que saímos para a passeata não nos esquecemos do saco do farnel, onde lá dentro levamos sandes com tomate e alface oferecidos pelos vizinhos. Não nos esquecemos, também de encher as garrafas com água, porque refrigerantes para fazer a festa já não se compram. Onde almoçaradas fora, a provar as iguarias nacionais, já não se fazem por falta de verba.
Recordo com saudade as voltas que dava com o meu Pai por esse Portugal afora. Para além da sua excelente companhia, podia-se almoçar, lanchar e jantar fora. Podia-se dormir em hotéis, estalagens e pousadas. Hoje em dia, as mordomias acabaram, a vida faustosa de outrora é uma realidade distante. Viajar pelo mundo é uma miragem.
Fruto da época de crise troicana, estou em casa sem trabalho, com poucos recursos e com um filhote nos braços. O que tenho em amor para dar não tenho para pôr comida na mesa, sem a ajuda da família.
Não, não me estou queixando. Adoro a vida que levo. Na verdade nunca imaginei que vida de pobre fosse tão compensadora. Exagero, bem sei. Ser pobre não é propriamente uma tragédia. Tragédia é ver aqueles que amamos partirem.
Para além destas pequenas tragédias pessoais, triste, mesmo, é a tragédia coletiva, em que Portugal está mergulhado. Imagens como a que eu posto aqui são reveladoras de um País cujo atraso, em relação a muitos outros, se faz sentir de forma assustadora. Para os saudosistas do Portugal de antigamente, sim... é bonito poder ver, nos dias que correm, um burrito a comer descansadinho no seu quintal. Bonito, bonito seria não haver gente a viver em casas tão miseráveis como aquela que aloja este meigo animal.
Não sou daquelas pessimistas que acham que tudo está mal. Pelo contrário, ainda vai havendo muita coisa positiva no nosso viver bem português.
Nacionalista? Um pouco! Mergulhei de cabeça numa existência rotineira, simples e campónia. De tal não me arrependi, a não ser de não ter tomado esta decisão há mais tempo. Semanalmente, quando o dinheiro para a gasolina vai sobrando, vou dando umas voltitas por aí. Adoro conhecer estes locais recônditos do País, locais que me fazem sorrir, locais que me fazem feliz, locais que me dão que pensar. E assim vou andando pelos caminhos deste nosso Portugal...

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Setembro - mês da Vida, mês da Morte

 

Quem não se recorda do 11 de Setembro? Provavelmente, poucas foram as nações do mundo que terão passado ao lado desta tragédia.
Setembro é para mim o melhor e o pior mês do ano. Sem dúvida alguma!

Há uns anos, no aniversário da minha Mami, vi imagens terríficas das Torres Gémeas a serem alvo do pior atentado terrorista de todos os tempos. Muitas vidas ceifadas em nome de ideais pouco compreensíveis aos meus olhos.

Há uns anos, recebi, talvez, a mais fatídica das notícias pelo telefone - Vem para casa que o teu Irmão partiu! Partiu?? Não, não acreditei, fiquei, quem sabe num estado semi-de-choque. A verdade revelou-se, vi-o já cadáver, em cima da sua cama, no quarto ao lado do meu. Era assim, ele estava mesmo morto e o dia 20 de Setembro ficou, para sempre, cravado na minha vida.
Após os rituais inerentes à morte de um ente querido, seguiu-se um vazio difícil de explicar, mas muito duro de se sentir.
Seguiram-se anos de tristeza enlutada. Vi os meus pais definharem e envelhecerem a passos largos. Eu própria, devo ter ganho algumas rugas no rosto, ou quem sabe, uns poucos cabelos brancos.
O meu Pai rendeu-se à doença. Nunca mais foi o mesmo desde a morte do seu Filho. Será melhor ter partido? Para ele provavelmente sim. Morreu sereno e em paz de mão dada com a minha Mãe. Curiosamente, também o aniversário do meu Pai se celebrava em Setembro.
Sinto a sua falta? Muito! Mais do que as minhas forças conseguem suportar. Alma minha, tão cedo que partiste/ e viva eu cá na terra sempre triste. O meu Pai era a minha Luz. Com ele aprendi muito, passeei muito, ri muito e, acima de tudo, fui muito amada.

Ainda falando do mês de Setembro, a minha Mami, celebra o seu aniversário a 11. É um dia a mais que passa com a alegria que lhe resta de ter uma filha junto de si. Perdeu tudo, ou quase tudo, pois quando se perde um filho, as nossas almas devem ficar igualmente perdidas. Hoje, ela é a minha força, o meu suporte. Dá-me coragem, inspira-me, ela é ,sem dúvida, uma força da natureza. Um furacão andante, como lhe costumo chamar!
Faz três anos, a 23 de Setembro, que fui brindada com a mais bela das prendas - o meu Filho!

Setembro, mês da Vida, mês da Morte... indubitavelmente, com sabor agridoce. À tua, mês da minha vida!!





segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Síndrome de dona-de-casa



Por norma, a segunda-feira não é o dia mais desejado da semana. Pois, comigo é ao contrário. Usualmente, é neste dia, que retomo as minhas atividades rotineiras. Após um fim-de-semana azafamado, o tão almejado silêncio! O tão almejado descanso! A tão almejada organização caseira!
Agora, por exemplo, estou no meu salão, com vista para as montanhas, a postar neste meu cantinho. Coisa que ao Sábado e ao Domingo não é possível a partir das 6.30 da madrugada! O pequeno acorda e, já se sabe, lá vai o meu (o nosso) sossego. Não me estou a queixar, apenas a ser realista. Nunca tenho saudades da minha vida de solteirona, mas quando estou a morrer de sono e tenho um pequenote a dizer: Mãe levaaaaaaaanta!!, confesso que sinto alguma nostalgia...

Mas andemos direitos ao assunto que por cá me trouxe. Hoje é dia de síndrome de dona de casa. Ontem, excecionalmente não deixei tudo arrumado antes de me deitar. Resultado, quando me levantei e fui à cozinha ia tendo um "treco lareco"! Meu Deus, como pude ir dormir de consciência tranquila??!! Assim, logo pela manhã fui invadida por um sentimento tipo "dona de casa perfeita" e deu-me logo vontade de colocar tudo em ordem, mas como eram 5.30 não deu para fazer grande coisa por causa do barulho. Tudo isto para dizer que hoje estou com uma enorme vontade de me dedicar às lides domésticas. Sim, gosto de me dedicar à casa e à família. Com o tempo aprendi a gostar desta minha vidinha caseira.

Há uns anos atrás se me dissessem que iria ficar em casa a cozer meias e a tratar da família, diria que isso era coisa de gente doida. Hoje não aspiro a uma carreira, mas a uma vida feliz, a qual não passa obrigatoriamente pelo emprego. Claro, que uma ocupação é necessária ao bem-estar mental de qualquer um de nós. No meu caso,  
tenho sempre a minha investigação e leituras para atualizar.

Um dos meus passatempos favoritos passa também pela cozinha. Adoro estar à frente das panelas a improvisar para a família. Também gosto de arrumar a casinha, fazer as camas, mudar lençóis, lavar roupa.....e não me chamem louca! Não esquecendo as arrumações e as listas (a minha vida sem listas seria um caos). Ando sempre em arrumações. Tira daqui, põe dali, há sempre coisas para e por organizar.

Hoje, definitivamente, é um daqueles dias em que me sinto inspirada para arranjar o ninho e até quem sabe fazer um pudim de côco. Tenho na dispensa algum que já está a passar do prazo e precisa de ser consumido.

Apesar de ter alturas em que me sinto enfadada do lar, hoje sinto-me uma verdadeira fada-do-lar!