sexta-feira, 1 de maio de 2015

Organização Externa

 
 
 
Como me não canso de dizer, e sem vergonhas, a minha perturbação mental, faz-me sofrer. E de que maneira! A mim cabe-me, se não acabar com este problema, minimizá-lo na medida das minhas forças. Se há algo que me faz mal e provoca disfunção mental é a falta de ordem e organização à minha volta. Sou um pouco obsessiva com as arrumações, listas e afins. Necessito de me organizar internamente para empreender os projetos do dia-a-dia. Não descuro, porém, a organização externa, a que me rodeia. Se há coisa que me perturba são coisas desarrumadas, sem lugar e ao molho!
Há já umas semanas que me andava a sentir fraca e até frágil. À minha volta ia reinando o caos, a desarrumação e uma espécie de conformismo rendido à preguiça. Começava a ser frequente, deixar loiça para lavar no dia seguinte, a sala por arrumar à noite, a cama por fazer e um extenso rol de tarefas mal cumpridas e puxadas a saca-rolhas.
E porque sou mulher de vaipes, e porque me decidi a dar um abanão, contemplei o espaço à minha volta e senti-me pequena, impotente, fraca e desorientada. Não que não esteja sempre grata pela vida que levo. Não. Era uma sensação diferente - de confusão mental, visual e por inerência, auditiva. Olhei, observei, refleti e detetei a chaga aberta. A casa estava um caos completo! Deixámos chegar as coisas a um ponto que parecia não ter volta. A roupa amontoava-se no sofá, as chaves andavam aos caídos pela casa. E, claro, o R. não estava nem aí, o que não facilitava as coisas.
Mas para não perder o fio a esta meada entrelaçada, decidi que o futuro estava nas minhas mãos (mais uma vez). A minha qualidade de vida e força interior, tinham que ser despoletadas pela ordem externa. Para isso, havia simplesmente que PÔR ORDEM nas coisas. Assim recomeçou a minha saga das arrumações.
Hoje, volvida uma semana, os resultados não poderia ser os melhores. Mais uma vez, constatei que "meter as mãos na massa" é o melhor remédio. Há maneiras de contornar o conformismo, a preguiça e a falta de interesse. Neste poste, venho partilhar alguns truques que me têm ajudado a superar dias e fases menos boas do dia-a-dia, como esta que tenho vindo a relatar.
 
Primeiramente, nada se faz, sem identificar o mal que nos perturba. Muitas vezes sinto mal estar espiritual e psicológico e não consigo entender as razões que conduziram a isso. Assim, tenho de parar! Parar, observar, pensar e solucionar. Neste caso muito concreto, tratava-se de uma desordem externa reinante, cada vez mais difícil de controlar. O meu olhar vagueava por uma casa que me perturbava os sentidos e até as vivências quotidianas. Percebi que tinha de pôr uma pedra na desorganização, virar a página e seguir para melhor. O melhor é sempre a luz ao fundo do túnel.
 
Como andava em maré de conformismo enleado com preguiça, não foi complicado perceber que a desorganização externa era o fator da perturbação interna. Assim, identificado o mal, delineia-se e planifica-se o remédio. E como sou metódica por feitio (ou defeito) resolvi traçar o bendito plano de ataque. Fi-lo em três fases:
 
- Identificação;
- Estratégia de motivação;
- Plano de ação
 
Sendo que, não bastou ter consciência do problema, mas havia que arranjar força para o combater, nada como preparar o campo da motivação. Muitas vezes, o difícil não é encontrar o mal, mas ter energia para o suplantar - e para implementar a ordem material, há que estar munida da dita energia. Comecei, então, por fazer alguma pesquisa na net. Primeiro, achei que seria interessante contemplar casinhas e compartimentos catitas. Isso permitia-me desenvolver uma certa ânsia de ter as minhas coisinhas assim. Depois, documentei-me sobre algumas estratégias de organização doméstica, decoração, e pus os meus instintos e preferências a funcionar.
 
Daqui foi um passinho para o plano de ação:
 
1.º - Numa folha de papel escrevi o compartimento que precisava de compor. O que resultou em várias folhas, cada uma correspondente a um compartimento.
 
2.º Contemplei cada compartimento em particular e procurei localizar os pormenores que me perturbavam.
 
3.º Anotei em cada papel, as coisas que desejava eliminar, e as que desejava implementar nos diferentes quartos, nas salas, na cozinha, etc..
 
4.º Escolhi um compartimento para dar o primeiro passo - aquele em que passava grande parte do tempo - a sala-de-estar. Literalmente empilhei tudo o que estava desgarrado, fora do sítio ou agreste ao olhar. Comecei por destinar um lugar para cada objeto apátrida, coloquei no sítio o que estava fora dele e, deixei para o fim, aquilo que realmente odiava. Aos poucos, fui fazendo as tão desejadas alterações. Cheguei, então, ao ponto onde queria - gostar do que olhava à minha volta. Senti-me genuinamente feliz com a nova ordem implantada. A partir daqui, tudo o resto se lhe seguiu. A cozinha, a outra sala, o quarto do miúdo, etc.
 
5.º Cada compartimento ficou trabalhado como pretendi, e aquilo que ficou por fazer, jaz escrito na lista de desejos para cada compartimento, e com o tempo tudo se fará.
 
6.º Para que as coisas não voltem ao mesmo, implantei regras de arrumação. Agora sou implacável! Tolerância zero à bandalheira!!!
 
Espero ter dado uma motivaçãozita para quem estava a precisar de fazer o mesmo! Mãos à obra...