terça-feira, 10 de setembro de 2019

Muda o Filme e Compra as Pipocas (A Minha Rentrée III)



Este blog, para mim, para além de ser um lugar de partilha de informação, de modus vivendi, de receitas e afins, nestes últimos tempos, acabou por se transformar num muro onde derramei muitos pensamentos, certas revoltas, mas também muitas verdades sombrias acerca da natureza humana que, quando aliada ao não sei de nada e a culpa não foi minha, assume contornos macabros e mesmo inimagináveis.

É hábito dizer-se que, o sol, quando nasce, é para todos. O Triunfo dos Porcos, por seu turno, é bem claro quanto à igualdade dos seres humanos, pois uns são "mais iguais do que outros". Quanto a mim, no alto dos meus 42 anos vividos, julgo que a história do sol é a correta, mas como o quotidiano português se faz de igualdades mais iguais do que outras, só existe um remédio para se ter direito ao sol - LUTAR!

Não aquela luta baixa da prepotência e do coletivo anónimo contra o ser individual, mas da luta pela verdade e pelo que se acredita. Por vezes, é preciso calcorrear muito, não à procura da verdade, porque essa não se muda, mas do rasto da verdade. Como investigadora, versada em pesquisa documental, consegui seguir o rasto desse caminho, encontrei-o e estruturei-o. 

Sempre achei o povo luso pouco dotado de ação e muito versado em conversa sobre a ação que os outros não têm coragem de fazer. Ou seja, falam, falam, falam… Sofri problemas gravíssimos relacionados com corrupção moral, difamação, obstrução de justiça, abuso de poder, e confesso que ainda não corri o Código Penal até ao fim, para continuar a somar os c. de que a minha Família foi vítima. Tomando o fio à meada, foi-me pedido (em contexto de sigilo profissional) os meus contactos para auxiliar vítimas como eu (sim, nós não fomos os únicos). A triste verdade é que o medo continua a imperar neste Portugal que, afinal, não difere daquele dos poderes primitivos e arbitrários. O sistema local, para mim, consegue assumir contornos verdadeiramente, não pidescos, pois isso é eufemismo, mas estalinistas. Já para não falar da ignorância generalizada acerca de muitas coisas. Mas a pergunta permanece  sempre na minha mente - Se não sabe, por que é que fala???

Passado é passado, atos são atos, declarações são declarações, registos são registos, verdades são verdades e, como contra fatos não há argumentos, já está longe das minhas mãos, não são contas do meu rosário e, doravante, somos apenas aqueles que viram, sentiram, viveram e gastaram… para o que der e vier...

Adoro de coração os "virar de páginas". Quando a tragédia bate à porta, vai-se à luta, cai-se por terra, levanta-se, torna-se a cair, mas eu acredito que acabamos sempre por superar. Sofro de perturbação bipolar, e quando adoeço não tenho esta capacidade funcional, pois fico simplesmente catatónica, na pior das hipóteses, e obviamente, não tenho forças para nada. Mas estes, são aspetos ignorados por muitas pessoas, pois acredito (ou quero acreditar) que se não fossem tão ignorantes não fariam ou diriam certas coisas. Fiz este à parte para que, alguém que me esteja a ler e seja também portador desta doença, não julgue que não é capaz de ir à luta como todas as outras pessoas. Estas coisas não são condicionadas por doenças, mas por formas de estar na vida.

A verdade é que há coisas que nos passam por cima, como se de um tornado se tratasse. À sua passagem, fica um rasto de destruição. Mas tudo o que é destruído, se faz falta, precisa de se reconstruir. Nessa reconstrução, repensam-se as estruturas, reforçam-se as paredes e previnem-se estragos futuros. O tornado perde a força, e, se houver próximo, tudo será diferente e menos difícil. Nós, como família, mas principalmente como casal, pois o nosso Filho tem que ser preservado a todo o custo, estamos mais felizes, mais coesos, mais unidos e mais unidos do que nunca! 

O ano letivo começa dentro de poucos dias. Este ano estivemos um mês e meio na praia. Houve espaço para descanso, sabor a vitória e um bronze daqueles que não tinha há muitos anos! Como passámos muito tempo fora, e fomos para uma casa nova que está ainda pouco equipada, a bagagem era mais do que muita. Trouxe também a roupa da estação nova, para o miúdo, uns trapos para mim e para o mais que tudo. Como viciada em produtos alimentares de toda a sorte, aproveitei para adquirir especiarias várias, ingredientes para bolachas caseiras, massas, etc.. Já cá estou há quase uma semana e ainda falta acabar de reestruturar os frascos da cozinha, de forma a poder encaixar estas coisas novas.

Há mais do que um ano que não conseguia ter aquela rotina que tanto me apraz. Na verdade foi tudo muito complicado, uma neurocirurgia tão delicada à coluna, não é compatível com tudo de que fomos vítimas. 

Agora, posso sentir aquela satisfação que as rentrées sempre me deram. Tenho estado a trabalhar sobre planos de toda a ordem. 
As minhas atividades são mais que muitas. Há projetos pessoais que cristalizaram por via das circunstâncias, objetivos familiares em mira, ideias relacionadas com a gestão doméstica e orçamental. Em suma, a palavra de ordem é "colocar tudo em ordem". As atividades desportivas são para continuar, a alimentação para controlar e disciplinar. Farturas, churros, bolas de Berlim na praia e gelados precisam de ser banidos para repor a saúde do organismo (eu nem fui a que cometeu mais asneiras). Voltemos à rotina dos pequenos almoços nutritivos, apetitosos e saudáveis, bolachinhas caseiras (maioritariamente light, mas por vezes tradicionais), um bolo à quinzena (a meias com o meu ajudante de palmo e meio), elaboração de menus diversificados e completos e tantas outras coisas mais.

Quanto às atividades lúdicas em Família, optámos por manter o "Dia da Família", que é aquele dia fixo que tiramos apenas para usufruirmos uns dos outros. Aproveita-se para ver uma aldeia nova, rumar a uma feira local, fazer um picnic ou, em dias mais escuros e chuvosos, ir brincar na piscina usufruindo do bilhete familiar.

De resto, haverá muita matéria nova para estudar em casa, fichas de avaliação para as quais será preciso treinar, gramática para explicar, contas para fazer e todas essas coisas que fazem parte da parentalidade participativa e consciente, nosso apanágio desde sempre. De resto, não nos podemos queixar, o M. é um menino inteligente, gosta de aprender, tem facilidade em fazê-lo, mas como todos os gaiatos, nem sempre tem a paciência necessária para estudar. Mas confesso que, muitas vezes, quando acordava de madrugada para poder estar "das nove às 5" no Arquivo em investigação para o Doutoramento, nem sempre tinha a paciência e energia necessárias para trabalho tão extenuante!

A mensagem que importa deixar, por hoje, é que, mais uma vez, volta a rentrée, pintada do encanto que eu gosto e me conforta. Não gosto muito de ter certezas quanto ao futuro (sei que há matérias que me vão ocupar bastante), mas manifesto muita vontade de retomar, exatamente onde fiquei. 

Quanto ao blog, tentarei manter a assiduidade que era habitual, reabilitarei certas páginas que ficaram uma pouco abandonadas, e claro, a gerência doméstica reocupará o seu lugar. A organização da vida familiar será partilhada na sua vertente organizacional. Tenho muitos e variados interesses, tratar da minha família e ser mãe é uma prioridade e uma missão de vida, para mim. Com esta inspiração nasceu o (En)fada(da) do Lar, e será sempre esta a minha mira.

Chegou a rentrée, por favor, troquem o filme, e comprem-se as pipocas..


Nota - Ressalva-se a inverdade de alguns conteúdos.