sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O mundo através das grades da ala psiquiátrica


Após um internamento de quarenta e quatro dias no Departamento de psiquiatria e saúde Mental do Hospital da zona, cheguei a casa há, precisamente, duas semanas.
A 20 de Julho, metida numa ambulância e muito perturbada mentalmente, guardo fraca memória da minha chegada ao Hospital. Reservo como recordação um banho de chuveiro, após o qual enfiei um pijama da instituição. Devo ter comido qualquer coisa, pois perguntaram-me se estava com fome e acho que me resignei com um par de bolachas e um copo de leite. Seria meio-dia quando a minha Médica de Família chamou uma ambulância para me levar ao Hospital, deviam ser umas dez da noite quando dei entrada no internamento.
Não me lembro se dormi mal ou bem. Nos primeiros dias senti-me uma zombie deambulando pelo corredor ou deitando-me na cama onde me entregava a muitas horas de sono.
Devagar lá me fui endireitando. Não se pode falar de uma recuperação linear, pelo contrário, foi uma recuperação lenta. Fiz muitas análises, o médico foi ajustando as dosagens dos medicamentos e, finalmente, pude vislumbrar um pouco de luz.

Aos poucos, fui conhecendo o lugar e as pessoas. Vi umas entrar e sair e outras a quem só disse adeus na hora de deixar o internamento. No último dia, eu era a "cliente" mais antiga.

A par da crise em si, outras inquietações perturbavam a minha mente. Com o meu Filho em vias de entrar para o 1.º ano de escolaridade, ao longo dos quarenta e quatro dias, temi não conseguir assistir a tão importante momento.

O internamento psiquiátrico é o lugar onde se entra em estado de extrema confusão mental, de onde se julga nunca mais voltar para casa com a mente refeita. Quando o abismo em que se caiu provoca tão drásticas medidas (internar a pessoa), não nos é possível crer que um dia as coisas voltarão ao normal, que a vida voltará a cair nas mesmas rotinas azafamadas, que a minha capacidade para me amar e estimar voltará.

Neste caso em particular, pois não foi o primeiro internamento prolongado a que estive sujeita, entrei em estado depressivo agudo e ligeiramente psicótico. Com as faculdades cognitivas imensamente reduzidas, é natural que tenha perdido, lá dentro, a esperança de as recuperar, naquele lugar onde a fragilidade que nos cerca nos devora a autoestima. 

Do lugar de onde, do seu interior, as grades do internamento da psiquiatria parecem enormes e se olham no horizonte as montanhas da Serra a perder de vista, julguei irremediavelmente ter perdido o amor à minha vida.
Estranho pensamento, este, a de uma mãe! Tal o fosso que criei em relação à Família, que julguei não voltar a amá-la como até então. A doença pareceu ter invadido o meu corpo de tal forma que se terá apoderado dos meus sentimentos mais profundos. Mil vezes se assomou à minha cabeça a dúvida de como poderia eu algum dia voltar a ser quem tinham sido. De como poderia ser novamente capaz de tomar as rédeas da minha vida. Mil vezes me culpei por privar o meu Filho da minha companhia, embora acreditasse com todas as minhas forças que ter uma mãe mentalmente perturbada, irremediavelmente perturbada, não lhe serviria de nada.

Dormi horas esquecidas, inúmeras vezes sem ter vontade de ver ninguém, embora me reconfortasse a presença do R. ou da minha Mãe nas horas das visitas. Não era raro dormir enquanto eles, pobres coitados, olhavam para o ar! Embora isso me fizesse sentir um traste, era bom sentir o amor que emanava da sua comparência assídua, o que era reforçado pelo esforço feito pela minha Mãe, por estar deslocada cerca de 300km da sua casa.

Fui autorizada a estar na presença do meu Filho e do R. durante cerca de 20 minutos do lado de fora das portas do internamento. Das vezes em que isso aconteceu, no final das visitas, ficava exausta e até um pouco aliviada por poder ir para a cama. Tal facto fazia-me sentir bastante mal, mas a verdade é que não conseguia evitar o cansaço que me assolava.

Numa estadia hospitalar as rotinas são rigorosas, o internamento psiquiátrico não constitui exceção. Por vezes fui forçada a desempenhar algumas rotinas básicas do dia-a-dia, como comer ou tomar banho. Em estados depressivos profundos é-se capaz de ficar o dia inteiro a dormir. Não querendo falar pelos outos, no meu caso, faço-o porque sinto muitas dores no corpo, falta de forças e sono (penso que seja uma reação de defesa do corpo). Por este motivo os meus primeiros tempos deste internamento foram passados em grande parte a dormir. Comunicar com as pessoas que me rodeavam (profissionais de saúde e pacientes) foi um mal necessário, reduzindo-se ao indispensável. Excetuando os médicos, como os quais tinha ânsia de falar, na esperança de me retirarem do torpor que me enleava, os diálogos eram escassos. A Elsa sorridente, brincalhona e comunicativa estava adormecida (mas na altura, julgada morta para sempre). Houve alturas em que penso até, ter sido rude para algumas pessoas.
Refugiada na cama que me destinaram, lacrimejei a jorros, odiei-me, alucinei e senti muitas saudades de uma vida que julguei perdida.

À medida que reaprendi a comunicar, fui conhecendo outras mentes perturbadas que, como eu, devem viver vidas de sofrimento e incompreensão. A vantagem de se passar aqui uma "estadia" é que deve ser dos poucos lugares onde nos consideram doentes "normais". Somos tratados com toda a normalidade, o que cessa quando, à saída, os rostos se voltam para ver quem sai do internamento da psiquiatria!

As semanas foram-se sucedendo, tal como as consultas de psiquiatria, as análises, os ajustes medicamentosos, as monitorizações e as pesagens. Como qualquer paciente de qualquer outro departamento, também eu vivi melhorias e retrocessos. Mais uma vez a perturbação bipolar se revelou bastante ameaçadora do meu equilíbrio emocional. Os ciclos rápidos que me caracterizam foram, por certo, foco de algum cuidado na hora da escolha da terapêutica adequada.

Seria mentira se dissesse que estou como nova. É certo que quando me foi dada a alta, estava na altura de seguir o meu caminho nesta estrada insegura que é a da vida. Há duas semanas que me encontro em casa a reorganizar-me. Não tem sido um processo fácil, tendo em conta que o meu pequeno M. ingressou no 1.º ano. Ainda sinto algumas dificuldades e a minha saúde mental ainda não se encontra restabelecida, pese embora as limitações da minha perturbação psiquiátrica.

E é nestas breves palavras que resumo estes quarenta e quatro dias em que olhei lá para fora através das grades da ala psiquiátrica...

domingo, 16 de julho de 2017

A Depressão vista por mim


Se fosse poeta, diria que depressão é fogo que arde sem se ver e nos consome o corpo, nos devora lentamente e lega-nos para um plano mais parecido com a morte do que com a vida. Mas como não sou nem poeta, muito menos de renome, resta-me exprimir aquilo que sinto quando sou assolada por uma enorme depressão que me deita por terra, me deixa completamente inoperacional, me sacode o corpo em vómitos compulsivos e não me permite tratar e cuidar da família.
É muito duro sofrer uma depressão, principalmente tratando-se de uma maleita que não se vê e que a sociedade constantemente desvaloriza. Ou me tomam por maluquinha ou me tomam por preguiçosa. Posso asseverar que não sou nem uma coisa nem outra.
Triste mesmo é saber que tudo o que faço, faço por objetivos que traço para mim própria, e que nestas alturas tudo deixa de fazer sentido, tudo é esquecido e todo o trabalho empreendido até então, se esvai num ápice.
Gosto, por exemplo de planificar as minhas semanas, elaborar os menus da família, estabelecer uma agenda, etc., mas nestas alturas o dia de amanhã é feito de improviso, à pressa e no desenrasca! E como odeio isso!
Ensombra-me o facto de já ter nascido assim, mais me ensombra estar sempre em contacto com o meu psiquiatra que recentemente me disse que o meu problema da bipolaridade está cada vez pior. Se até agora a minha vida apesar de feliz quando estou saudável, tem sido complicada, anteveêm-se dias mais sombrios.
Resta-me a consolação de ter um grande suporte familiar, uma Mãe sempre pronta a ajudar quando fico de cama por dias infindos e um Marido que tem uma paciência de Jó para os meus humores instáveis e que deita a mão quando a coisa está demasiado "preta"!
E, como dizem os brasileiros "Depressão não é frescura!", é uma doença grave, altamente incapacitante, não é preguiça é falta de força no corpo, não é capricho, é má disposição física, são dores no corpo, é sonolência, já para não falar de uma grande baixa autoestima e em casos extremos de uma enorme vontade de dar um tiro na cabeça!!

domingo, 9 de julho de 2017

Estou cansada


Nestas últimas semanas de vida da minha Vó Lu, dei tudo de mim. Todas as minhas forças foram sugadas culminando numa morte trágica que me deitou por terra, por ter sentido a impotência de não me ter mexido a tempo de lhe trazer dignidade aos seu últimos meses de vida. Mas não me posso culpar eternamente por algo que não fiz, por algo que não me passou pela cabeça que estivesse a ser feito.
Como não sou pessoa de me render às primeiras respostas que me surgem, sinto que começou uma luta amarga, difícil de ganhar. Mas uma  coisa é certa, culpada serei eu se não tentar repor alguma justiça nesta história e chamar à responsabilidade pessoas cujos atos foram negligentes já para não mencionar criminosos!
Como em tudo o que faço, envolvi-me bastante, até demais. Não sou daquelas pessoas capazes de me distanciar das coisas que faço. Isto é, naturalmente uma autocrítica. Já tenho tido muitos dissabores por ser assim. Já fiquei inúmeras vezes doente por me esgotar com todas as minhas energias numa causa. Quando caio no vazio ou quando as coisas me esgotam em demasia, caio doente numa cama.
A minha Mãe disse-me certo dia, e com razão, que eu não me sei distanciar dos problemas do dia-a-dia. A verdade é que sempre me considerei uma inadaptada para o mundo. Quando era mais jovem, incapaz de lidar com os problemas da vida, refugiava-me no álcool onde encontrei uma efémera felicidade, diverti-me fugazmente, intercalando tamanha felicidade com profundas depressões que me empurravam para a cama por dias infindos, de onde nem sequer saía para comer.
Nestas fases depressivas a vida deixava de fazer sentido, tendo por vezes tentado o suicídio sem sucesso, esperando simplesmente que a morte me levasse, sentido uma enorme desilusão ao acordar de misturas explosivas que fazia com álcool e medicação. Apenas uma vez, com muita pena minha na altura, fui salva pelo INEM.
A avaliar pelo que tenho sofrido com esta maldita doença, na altura roguei pragas a todos quantos me tentaram salvar a vida. Foram fases mais difíceis nume altura em que o diagnóstico estava a ser trabalhado e a medicação a tentar ser ajustada ao meu organismo.
Hoje, felizmente, confesso-me uma mulher feliz, com um casamento feliz, um Filho resplandecente de saúde e meiguinho, boas relações familiares e filiais, mas infelizmente doente.
Por muito que queira gritar ao mundo que a vida me corre de feição, que sou feliz, que moro onde quero morar, etc. e tal., não me posso confessar feliz com a maleita que tenho que me assola por terra, que me dilacera o corpo e me dá dores por todas as minhas entranhas, que me retira temporariamente a vontade de viver, que me põe a ver e a ouvir coisas que não existem e a questionar se vale a pena cá andar!
E é assim a vida ambígua de uma Bipolar que apesar de aceitar a doença, dava tudo para a não ter!

terça-feira, 4 de julho de 2017

Que feliz que eu sou!



Acabei de perder um ente numa morte trágica. Não conheci nada de novo, não foi nada que já não tivesse ocorrido na minha vida. Digo, por vezes em tom de brincadeira, que já trato a morte por tu.
Chorei ao ver a minha Mãe atirar as cinzas do meu Irmão ao mar. Chorei ao atirar as cinzas do meu Pai ao mar. E agora, sinto uma enorme responsabilidade com o fim a dar às cinzas da minha Avó. Mais uma vez, estou encarregue de fazer cumprir um último desejo. Ela adorava flores, árvores e afins. Ficará bem, mesclada com a natureza, numa cidade que ela amou com todas as suas forças.
Os encontros fortuitos que vou tendo com a morte, reavivam em mim memórias dolorosas, bem como despertam pensamentos metafísicos, nos quais equaciono milhares de coisas e acabo sempre por concluir acerca do quão frágeis são as nossas existências.
A verdade é que temo a morte com todas as minhas forças, não que ela bata à minha porta, mas que bata à porta de quem mais amo e me prive da sua companhia. Queria ter tido mais filhos, pois vivo ensombrada pela ideia de perder o meu. É algo que me transcende, que é irracional, mas que eu não consigo evitar.
Hoje, quando tive de deixar pela primeira vez o M. com pouca supervisão, tive um ataque de ansiedade como nunca tinha tido na vida. Toda eu tremia e estava encharcada em suores frios. Naquele momento considerei-me a pior mãe do mundo por tê-lo deixado ir. Vim para casa, deitei-me e chorei, tremi e suei, até que me deixei levar pelo  melhor antídoto que conheço, o sono.
Os contactos com a morte que vou tendo, avivam medos e acordam fantasmas em mim. Sou muito ansiosa, confesso, tenho medo, muito medo que a Morte desate a ceifar todas as vidas à minha volta e me deixe só. Há muito que digo que quero que ela me leve cedo, que não me deixe viver muitos anos. Só aspiro a deixar o meu menino criado e orientado. Se há uns anos, pouco me agarrava à vida, hoje, a semente que cá deixei ensinou-me a amá-la.
Conheço e compreendo a efemeridade da existência humana, já para não mencionar a sua fragilidade. É esta apreensão da vida que me leva a gostar tanto dela. A vida eterna deve ser aborrecida. A garantia da nossa vitalidade dificilmente nos daria motivação para fazer mais e melhor. É este sentir da sua efemeridade que me permite amar a vida com tanta intensidade. Se há uns anos brigava com as pessoas que me rodeavam, faziam beicinhos e chegava mesmo a amuar, qual criança mimada, tal se deveu, sem dúvida, à fraca consciência que tinha da minha própria fragilidade.
Se tenho um casamento feliz, boas relações familiares e sólidas amizades a esta consciência da vida o devo. Para mim nunca é demais pensar que, como tudo se esvai num ápice, o melhor é cultivar, regar e tratar tudo o que a vida nos oferece.
Tenho fraca saúde, mas isso não me demove de viver a vida. Quando olho para o M., resplandecente de saúde, a brincar na terra, a fazer construções de paus e pedras no seu mundo imaginário, só me cabe um dever: o de ser feliz!
Assim, e não querendo maçar por um discurso que não sendo, acaba por ter contornos meio mórbidos, tal a morbidez da minha cabeça ao momento, resta-me dizer que gosto da vida, que quando a doença não me bate à porta, amo-a com todas as minhas entranhas. E porque só assim sou capaz de amar Filho, Marido, restante família e amigos, não posso deixar de gritar ao mundo - Que feliz que eu sou!

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos


 (Capela dos Ossos em Évora, Portugal)

Os dias são de pesar, pesar nacional e de pesar pessoal. O País arde num incêndio sem precedentes, dezenas de pessoas perderam a vida num ápice. Sonhos desfeitos, expectativas que nos fazem questionar se realmente valeram a pena preocupações desmesuradas com coisas que, hoje, parecem comezinhas. Comezinhas porque na efemeridade da existência humana cada vez mais me contenho com irritações e outras contradições.
Se num momento a vida parece estar aos nossos pés, no outro um telefonema basta para saber que alguém perdeu a vida, que alguém nunca mais vai poder sentir o nosso abraço, sem um último adeus.
Com o ensejo secreto de morrer jovem, a velhice traduz-se numa das mais rotundas fragilidades com que hoje convivo. Ninguém merece sofrer. Hoje estive no Hospital e vi em desespero uma familiar que faz parte da minha história, em profunda agonia física e, quiçá mental. Não sei o que mais me dói, se tentar sentir a sua agonia, se desejar ardentemente um telefonema a dizer que ela partiu para um mundo que ninguém conhece, mas que desejo veementemente que seja melhor que este.
Por diversas vezes nesta vida me vi confrontada das mais duras formas com a efemeridade da vida humana, foram vários os telefonemas com trágicas mensagens que recebi. Se de umas pessoas tive tempo de dizer adeus, de outras não posso dizer o mesmo. Ainda assim, quando se morre e pronto, a efemeridade vem ao de cima. Quando o meu Irmão partiu não houve tempo para despedidas. O ontem não anteviu o amanhã, não houve tempo de preparação, se é que isso existe quando se vê alguém partir. O mesmo sucedeu com o meu melhor amigo, de quem nem sequer vi o corpo, tal foi o trágico estado em que ficou. Deste restou a consolação de saber que de um segundo para o outro a sua vida se esfumou. Com o meu Pai foi diferente. A doença consumiu-o lentamente até lhe retirar todas as forças do corpo, de um corpo dopado com morfina que o libertou da agonia dos últimos meses. Estou certa de que foi mais duro para mim do que para Ele... felizmente!
Pior do que ver o cadáver de um ente, é ver um cadáver de um ente ainda com vida, na mais profunda agonia física. Ninguém merece!Jamais esquecerei aquele olhar esbugalhado fitando-me e expressando uma enorme dor e confusão. Aquele olhar que tantas vezes pela vida fora me fitou. Jamais esquecerei aquele colo que tantas vezes me embalou em criança, aquela boca por onde foram proferidas tantas histórias, da qual já nem sai um pequeno sussuro, tal é a falência do corpo. 
A vida humana é realmente muito frágil. Raramente me arrelio, faço os possíveis por me divertir dentro da minha vidinha rotineira sem grandes sobressaltos. Sou quase doutorada, e não passo de uma dona-de-casa. Não tenho aspirações profissionais. Vivo com pouco dinheiro e sem grandes luxos. Mas nada disso me importa. Não sinto falta de realização pessoal. Só o faria se não tivesse noção de quão efémera é a existência.
Aos meus anjos-da-guarda, aqueles que olham por mim no Céu, só lhes peço saúde para continuar a criar o meu Filho, assistir à minha Família e que sempre me auxiliem a fazer face às pequenas partidas que podem estar guardadas para mim neste campo de batalha que é a vida de uma pessoa. 
Porque a morte acaba sempre por nos levar, que o faça com meiguice e rapidez...

sábado, 10 de junho de 2017

A minha paixão pelos gatos






Quem bem me conhece, não desconhece em mim uma paixão acérrima que nutro por estes felinos de palmo e meio. A vida poderia ser vivida sem eles, mas tudo em mim me diz que não seria a mesma coisa. Quis o fortúnio que eu viesse parar a uma quinta na serra, mas o infortúnio obrigou-me a entregar à guarda da minha querida Mãe, três meninas pretas lindas, mas que sem esta abdicação, morreriam ao mais leve ataque de cães pastores. Assim aqui me vi sem uma amiga de quatro patas e garras afiadas. 
Embora de vida preenchida, continuava a sentir aquele vazio de quem muito se dedicou ao cuidado de felinos domésticos, de quem muitos gatos resgatou da rua e de corpo e alma se entregou a encontrar donos responsáveis e a tantos outros trabalhos se dedicou em prol do amor a este animal.
Isto é mais do que um amor a estas criaturas que a natureza dotou de uma beleza ímpar. Não sei dizer ao certo o que me agarra emocionalmente aos gatos. Sou gatófila, consigo passar horas esquecidas a observar os movimentos lânguidos e eficazes deste felino. Numa época da vida em que me encontrei muito lá no fundo, em que estive internada e quase deixei de saber viver, eles, ou neste caso, elas, as gatas da casa, ajudaram-me a reaprender a viver. Sem a sua presença constante na minha cama onde jazi convalescente durante tantos meses, sei ao certo que não me teria reerguido tão depressa.
O ronronar da minha Mistóflas funciona como um daqueles antidepressivos de que tanto necessito para a estabilização da minha mente. Nada tem o preço da companhia da minha menina. Só eu sei a tranquilidade que ela me transmite quando, noite após noite, se aninha aos meus pés para me acompanhar nas viagens nocturnas ao Morfeu.
No dia em que me casei, tinha oito gatos em casa, sendo quatro resgatados da rua, com o objectivo de arranjar donos. Quis o destino que eles invadissem as fotos de um dos dias mais inesquecíveis da minha vida! Como não poderia deixar de ser, esta fotos ficou para a posteridade da minha história, porque.... poder podia, mas não seria a mesma coisa! Obrigada, Amados gatos!

sábado, 6 de maio de 2017

Ser-se Bipolar... A vida por um fio

Imagem retirada da internet

Este, como sendo um blog de tudo e de nada, hoje, apetece-me fazer correr tinta sobre o tema da bipolaridade. Ao longo da vida, como toda a gente, tenho passado por maus e bons bocados. Mas sem dúvida que a bipolaridade foi para mim um enorme infortúnio. 
Vivo a vida, não ao sabor de um tempo normal, mas ao segundo. Na verdade nunca sei o que o futuro imediato me reserva em termos de saúde mental. Se de manhã me sinto bem, nunca sei como vai acabar o meu dia. É desconcertante ter uma enorme lista de coisas para fazer e fazê-la apenas pela metade, porque a neura e a irritabilidade se apoderaram de mim num repente e me dispararam para o cantinho dos meus lençóis onde me refugio sem querer ver, ouvir ou falar com ninguém! No dia seguinte, com sorte, as coisas mudaram, ajusto a medicação aos sintomas e rogo para que tudo passe e a normalidade se instale de novo na minha vida.
Ser-se bipolar é viver-se com uma intensidade incomum, é sentir tudo a triplicar. A tristeza é avassaladora e toma contornos altamente depressivos e auto-destrutivos. Ao invés, a alegria é eufórica, a energia electrizante e a vida gira a mil rotações por minuto! Ser-se bipolar é ser-se estranho aos olhos do mundo. Ao longo de grande parte da minha vida fui tida como bizarra pelos meus comportamentos extravagantes em alturas de hipomania, e pelos meus misteriosos desaparecimentos em fases de grande depressividade.
Mas, ainda assim, atrevo-me a gritar ao mundo que sou feliz. Possuo aquela felicidade de saber que a verdadeira essência das coisas está nos gestos simples, nos pequenos actos, beijos, abraços, uma flor colhida no quintal, ou mesmo numa lufada dos ares da montanha. Descobri que o segredo da felicidade se prende com a valorização da normalidade, da banalidade e mesmo da rotina da vida.
Quando caio numa cama, me sinto miserável e auto-destruidora e parece que o mundo inteiro me caiu em cima, sou incapaz de ver a felicidade onde quer que seja. Ela é como o pote de ouro na base do arco-íris... por mais que eu a tente alcançar, ela parece teimar em fugir porque, simplesmente, não está ao meu alcance, tal é a intensidade da minha miserabilidade.
Hipomaníaca, incapaz de ser alcançada por qualquer pensamento mais negro, invade-me uma ilusória felicidade que me eleva aos píncaros da actividade. Sou possuída por uma energia ímpar e alegria contagiante que me permite ser a super-mulher que nunca consegui ser. Mas, como tudo nesta doença, é um presente envenenado. Na verdade, tamanha felicidade tem o preço de uma grande depressão. Quanto mais alto se voa, maior é o precipício que se vai ter pela frente. Mais uma vez urge ajustar medicamentos para travar o excesso de energia.    
No meio dos extremos está a minha paz interior, a almejada normalidade de uma vida rotineira em que vivo e sou feliz. Uma vida que aprendi a amar, uma saúde mental que aprendi a valorizar e uma integridade física que aprendi a proteger. 
Ser-se bipolar é isto, é viver na corda bamba, é não saber o que esperar de mim, é a certeza da eterna inconstância. Ser-se bipolar é também transportar ciclicamente uma dor de alma atroz e arrebatadora, mas é também ser dona de uma felicidade explosiva. Ser-se bipolar significa levar a vida num eterno baloiçar em que se procura aprender a viver assim, leva-se uma vida a aprender a viver assim e nunca, verdadeiramente, se aprende porque constantemente se sente a vida por um fio...
 

domingo, 9 de abril de 2017

Arrumações Sazonais

Imagem retirada da internet
Gosto pouco do Inverno, dou-me muito mal com o frio. Fisicamente é muito esgotante para mim as baixíssimas temperaturas que se fazem sentir em terras serranas. A mudança de horário é esperada sempre com muita ansiedade. Os dias mais compridos, a aproximação dos dias escaldantes de Verão e o colorido das roupas estivais convidam a um estilo de vida mais alegre. Eu, pelo menos, sou mais mulher do calor do que do frio. É também a época em que se fazem as plantações, se passa mais tempo na horta, se limpa o mato e se fazem as tão almejadas arrumações sazonais. Digo almejadas porque, apesar de bastante cansativas, adoro fazê-las. A casa suja-se menos porque não se acende a lareira, areja-se mais porque as portas podem estar todas abertas e as temperaturas estão amenas e os dias soalheiros injectam-me energia para tratar de tudo.
Sou dedicada à casa e à família, não o escondo. Gosto de ter tudo em ordem, de tratar da alimentação, da roupa e das limpezas. Embora me sinta muitas vezes cansada, não escondo a satisfação de, depois de um dia azafamado, ver tudo ao meu contento. É por isso que prezo tanto estas arrumações a que chamo de sazonais. Para viver um Verão me pleno, há que preparar a casa para receber a nova estação. Há quase uma semana comecei a empreender esta tarefa. Neste momento está na fase final. Na verdade estou naquele estádio chato em que tenho a sala atafulhada de caixas cheias de roupas de Inverno, prontas para rumarem à "arrecadação". A minha arrecadação é a parte da casa que antigamente estava destinada aos animais, é um compartimento a que, por aqui, se chama loja.
Vou então versar um pouco sobre estas lides:
- Bi-anualmente faço a operação destralhar. Actualmente tenho muito pouca coisa para descartar, pois é tarefa que vou fazendo pela rama ao longo do ano. Não sou acumuladora. Finda cada estação, faço a análise da roupa que definitivamente não utilizo. A minha regra é relativamente simples: se passaram dois anos sem ser usada é porque não quero saber da peça de roupa. Ensaco as peças de roupa que cabem neste requisito, e levo para o contentor da roupa para doação.

- Quanto à roupa do miúdo, tem que estar sempre a ser doada, pois ele cresce a olhos vistos. Fazemos a morosa tarefa de experimentar tudo e, as peças que já não conseguem fazer mais nenhuma estação vão para um miúdo em particular um pouco mais pequeno que o meu.
 
- A minha Mãe adora fazer-me lindos cachecóis, écharpes e barretes em lã, pelo que eu e o miúdo temos muitas peças destas. Lavo tudo devidamente (no programa das lãs, sem torcer e com detergente próprio). Depois de seco, separo tudo por categorias e o que é meu e do R. e do Martim e encaixoto com muita naftalina (é necessário, pois aqui há muitas traças e bicharada afim).

- Eu e o R. somamos alguns kispos que ocupam bastante espaço no closet, pelo que este ano, pela primeira vez, resolvi também acomodá-los nas caixas. Lavei-os todos na máquina sem problema, à excepção de um, pois tenho algum receio de o estragar, pelo que está na pilha das peças para a lavandaria.
- A roupa de vestir e de dormir foi toda separada por categorias e devidamente arrumada nas caixas, também com muita naftalina.

- Quanto à roupa de casa, merece um tratamento semelhante. Tudo aquilo que consigo lavar em casa, lavo. Quanto aos cobertores e edredons, a minha experiência diz-me que a lavandaria da Vila faz todos os anos promoções destas peças. Aguardo pacientemente que a promoção tenha início e mando lavar estas peças que depois são postas em caixas achatadas com naftalina e são colocadas nas prateleiras de cima do closet.
- As mantas que salpicam a casa durante os meses de Inverno também têm de ser lavadas e "arquivadas", visto não virem a ser necessárias nos próximos meses. É importante dar bem a volta à casa para me certificar que não me escapa nada. O ano passado esqueci-me de encaixotar umas coisas que depois andaram a rebolar cá por casa sem necessidade. 

- Entretanto, as roupas da nova estação que saltam das caixas, para dar lugar às peças invernosas, vão direitas para o estendal para se libertarem do cheiro a canfora ou naftalina, para posteriormente serem penduradas no closet. 

- Aproveitei para dar uma grande volta na roupa interior minha e do R.. As coisas não duram sempre e quando a roupa já não está em condições há que descartá-la. As meias velhas, por exemplo, podem servir para limpar sapatos ou limpar determinadas coisas mais específicas.

- Foi também altura de arrumar as gavetas de panos da loiça, guardanapos, aventais, sacos do pão e afins. Com o uso as gavetas vão-se desarrumado e duas vezes por ano, pelo menos, é importante reorganizar estes pequenos compartimentos que são utilizados com uma frequência quase diária. 

- Com a chegada da época dos picnics que, com tanta frequência se fazem cá em casa, foi também altura de organizar o local onde guardo tudo o que é indispensável às nossas saídas. Tenho uma gaveta onde guardo tudo o que é para este fim. A gaveta, nos meses quentes, permanece sempre organizada e pronta para que, na hora de preparar uma saída, tudo esteja à mão de semear para ensacar, juntar a comida e partir para uma tarde ou dia bem passado. Em boa hora tratei desta gaveta, pois ontem, Sábado, tudo estava a postos para partir rumo ao rio!

Nesta fase das arrumações, tratei essencialmente das roupas. No entanto, esta altura do ano, como convida a arrumações e limpezas mais profundas, pelo menos cá por casa, a saga ainda não acabou. Em breve darei notícias. 

sexta-feira, 31 de março de 2017

DIY na minha cozinha


Hoje, dedico este post a uma das coisas que mais me apraz fazer - gerir a alimentação da família. Este gosto herdei do meu saudoso Pai, que muito me ensinou sobre estas mágicas. Passei horas da minha vida a observá-lo a tratar da carne para congelar, a passar-lhe os ingredientes para a confecção das receitas da sua Bíblia - O Pantagruel, a provar animadamente as iguarias, em tardes cúmplices onde se trocavam confidências, se ouviam conselhos paternos, se contavam anedotas e se discutiam temas dos mais diversos. Com ele aprendi a fazer as minhas compras de supermercado, a gerir o orçamento, a prospectar preços e a escolher os locais ideias onde comprar o quê. Porque a tudo o que aprendemos acrescentamos sempre algo de nosso, orgulho-me de transportar comigo a sua herança nas lides da gestão alimentar, mas também elaborei outras estratégias, umas com base exclusiva nos seus ensinamentos, outras vou aprendendo por aí, e ainda outras advém das minhas necessidades. 
Desde que me mudei para a quinta e que tive de lidar com fartura de certos bens alimentares em determinadas alturas do ano, tive de aprender a trabalhar depressa para conservar abóbora, tomate, pimentos, etc.. Foi assim que me comecei a aventurar na elaboração de compotas, marmelada e geleias. Comecei também a utilizar cada vez menos o tomate de lata, sendo que durante seis meses do ano, praticamente não o utilizo. Desta forma dispenso produtos processados, carregados de conservantes e açúcares desnecessários à nossa alimentação. 
Hoje, como foi dia de fazer compras de carne e peixe para o mês, vou aqui falar da forma como organizo as coisas cá por casa de modo a facilitar o dia-a-dia da minha cozinha:

- No último dia do mês, trato de comprar carne e peixe, quase exclusivamente. Para esta ida ao supermercado, trato de prospectar os folhetos para saber onde e o que está em promoção. Este mês tive sorte porque a carne estava toda em promoção num dos supermercados. Como estamos numa 6.ª feira, aproveitei para comprar os perecíveis e outros produtos de consumo semanal para a próxima semana (o que normalmente só faço à 2.ª feira), mas aproveitei a ida à cidade por ter maior variedade de preços e de géneros. Como o congelador já estava praticamente vazio, devido ao pouco que sobrou do mês que findou, foi fácil acomodar os "novos inquilinos".

- Como, apenas as compras mensais são realizadas na cidade, aproveitei a visita para comprar alguns produtos que nos supermercados da vila não se encontram. Tal foi o caso dos amendoins crus para fazer a manteiga de amendoim, como se vê na primeira imagem. 

- O tomate mais antigo, que deu lugar ao novo no frigorífico, juntamente com um resto de alho-francês, virou molho para pastas diversas, almôndegas em tomate, ou outro prato qualquer. O molho foi congelado em bolsinhas herméticas prontas a usar, quando a ementa semanal assim o exigir.




- Chegada a altura de amanhar a carne para congelar devidamente, havia que dar destino mais concreto à carne picada que é, para nós, uma maneira mais económica e acessível de comer carnes vermelhas, que tão imprescindíveis são para a saúde das nossas células cerebrais. Sei sempre onde há carne para cozer em promoção, escolho nacos bons e mando picar. Nunca compro carne previamente picada. Em casa separo a carne em sacos, consoante o destino que lhes quero dar (ex.: rolo de carne, bolonhesa, etc.). Com uma parcela da carne faço as almôndegas que congelo de um dia para o outro e guardo posteriormente num saco hermético, que vou usando. 
 


- A restante carne foi devidamente acomodada e congelada numa gaveta exclusiva para carne. Não tenho as coisas misturadas no meu congelador. Sou muito esquisita com a separação dos alimentos. O peixe, a carne, o pão, os molhos e os vegetais, têm acomodações próprias para que os cheiros não se misturem. Ensaco tudo muito bem, domino por completo o conteúdo de cada gaveta e tenho tudo devidamente acomodado. Quanto às coisas mais antigas (que por sinal, pouco sobra duns meses para os outros), substituo os sacos para me livrar do gelo que se acumula no seu interior e dar um ar mais limpo e fresco aos alimentos que estão lá há mais tempo. Naturalmente que estes são alvos a abater nas mais próximas refeições. 

- Quanto ao peixe, o tratamento foi igual ao da carne - separar, ensacar e acomodar na devida gaveta.

- À medida que fui fazendo tudo isto, como não poderia deixar de ser, fui fazendo a lista de tudo o que tinha no congelador, com a indicação das coisas mais antigas (para lhes dar uso mais rapidamente).  

- Como a nova semana está à porta, ainda deu tempo de preparar a granola para a semana que vem.

- Com os frescos comprados, foi altura de limpar o frigorífico para acomodar os legumes e fazer a lista de tudo o que jaz lá dentro.

Apesar do dia ter sido bastante atarefado muito ficou ainda por fazer:
* A ementa da próxima semana com base nas listas de existências que elaborei;
* O planeamento das sopas que vou fazer;
* A organização e preparação dos alimentos para a confecção das refeições com base na ementa.

Hoje, para além de tudo isto, consegui preparar o peru assado de amanhã e o polvo à lagareiro de Domingo.

E cá para nós que ninguém nos ouve, fui ao Hospital de manhã fazer análises, fui à Biblioteca requisitar um livro e filmes para o fim-de-semana, tratei da roupa, da casa, do miúdo, trabalhei no computador.... e ainda dizem que me devo entediar muito por estar em casa sem fazer nada!  

sexta-feira, 24 de março de 2017

Sabores do Mundo


Há alguns anos que não faço viagens, há mais ainda que não passo de Espanha. Na verdade, quando descobri este país, deixei de viajar de avião. Fiz algumas incursões ao País vizinho que, confesso que havia jazido no meu rol de países secundários. Como me enganei! Quando descobri o que havia aqui tão perto de nós, comecei a fazer um turismo aventureiro, de carro e com destino semi-incerto.
Ao todo visitei vinte e dois países. Viajar era algo muito importante para mim. Mal terminava uma viagem, começava logo a pensar na próxima. Houve países que me encantaram de tal sorte, que optei por tornar a visitá-los. Fiz muitos tipos de turismo, desde o mais aventureiro do género mochila às costas até ao mais luxuoso em paquetes com ginásio e discoteca. Mas enfim, como eu costumo dizer, isso foi no tempo das vacas gordas.
O fascínio que nutro por outras culturas terá estado, por certo, na base das minhas escolhas académicas. Não sei se ter vivido na Guiné Bissau e na Líbia terá incutido em mim um certo espírito de cidadã do mundo. A verdade é que passei a infância em viagens de avião para cá e para lá. Se em terras muçulmanas vivi sempre escoltada na mais recatada segurança devido aos perigos a que os ocidentais estavam expostos, já por terras da África Negra subi palmeiras, apanhei ananases, comi ostras do alguidar e era das poucas meninas brancas na escola!
Tenho muito viva a lembrança de estar constantemente a pedinchar comida do prato do Zé Preto (nome que carinhosamente dávamos ao rapaz que trabalhava lá em casa, que nas horas vagas era o nosso melhor amigo de brincadeiras). Apesar de ter o meu almoço, o dele parecia-me sempre muito mais apetitoso. Ainda hoje tenho o sabor daquelas iguarias guineenses na boca e a recordação daqueles cheiros no olfacto!
Já adulta, aquando das minhas viagens e a despeito dos meus escassos 50 kgs, sempre fui muito lambona (como o meu saudoso Pai me dizia). Viajar sem experienciar a gastronomia local não era uma possibilidade. Aliás, seria absurdo não o fazer. Não me lembro de, nem me ter recusado experiência alguma ou nem de me ter arrependido de nenhuma! A verdade é que sou muito aventureira, se a carne de cobra é que era boa, então embora lá, e cobra estufada para cima!
Frequentei alguns cursos de línguas no estrangeiro, pois essa era uma forma relativamente económica de viajar. Normalmente nesses programas as aulas ocupam as manhãs e a maioria das tardes e fins-de-semana estavam por minha conta. Foi neste contexto que, munida de mapas, calcorreei muitas cidades, vi muitos museus, petisquei em trattorias e bebi chocolates quentes em climas frios.
Também regressei a Portugal no dia da Consoada para poder conhecer feiras de Natal por essa Europa fora. Houve cidades a que regressei mais do que uma vez, tal foi a marca que elas deixaram em mim. Por vezes o retorno revelou-se maravilhoso, por vezes acabou na certeza de que dizia um último adeus àquele lugar...
Também me aventurei a tal ponto que o meu Pai desesperou em terras lusas o tempo todo, jurando que se meteria num avião para me ir buscar a lugares menos amistosos. Houve também um lugar que me marcou indelevelmente. Um lugar no outro lado do mundo em todos os sentidos, mas que não sei por que mágicas, me pareceu o lugar onde devia ter nascido e de onde nunca devia ter saído. Foi talvez a mais mágica viagem da minha vida. Em terras tailandesas, senti-me nativa. Cirandei sozinha em plena luz da lua, em ruas movimentadas de uma língua estranha, onde regateei preços e desbaratei sorrisos porque me sentia, simplesmente feliz!
Também recordo com intensidade as tardes tórridas passadas em Volubilis, antiga cidade romana, onde pernoitei por quinze dias na companhia de uma grande amiga. Viagem recheada de aventuras que quase levaram o meu Pai a meter-se no avião para nos resgatar.

Umas foram andanças solitárias, outras nem tanto, mas foram todas viagens prazerosas que deixaram marcas profundas na minha maneira de estar no mundo e de senti-lo. Hoje, debatendo-me diariamente com dificuldades económicas, as viagens não estão na mira de um longo prazo, sequer. Por ora, contento-me, nas idas a Lisboa, com uma passagem no Martim Moniz pelos bazares estrangeiros, onde adquiro produtos alimentares que me permitem viajar kilómetros e percorrer culturas, sem sair das paredes da minha cozinha... 

domingo, 19 de março de 2017

Os Pais da Minha Vida






Não é segredo para ninguém - tive um Pai fora de série. Se fosse vivo estaria na casa dos 70, mas nunca teve pejo de nos mudar fraldas, acordar a meio da noite para nos embalar, ou mesmo para nos levar o almoço à cama quando estávamos doentes. Teve o infortúnio de ver um filho partir à sua frente e eu tive a infelicidade de o ver definhar com o desgosto. Tenho muita pena que não me tivesse levado ao "altar" e que não visse o neto nascer. Lamento profundamente não o ter por perto quando a doença aperta e eu me sinto mais fragilizada. Ele, como ninguém, tinha o condão de me acalentar a alma dorida. Amei-o e amo-o até à exaustão. Foi de facto uma tragédia tê-lo visto partir tão precocemente. 
Mas não venho falar exclusivamente do meu saudoso Pai, quero hoje, neste dia tão especial - Dia do Pai - falar dos Pais da minha Vida. O R. é sem dúvida o outro Pai, o Pai do meu menino de oiro. Falar do R. como Pai é falar de um homem cheio de amor e ternura, é falar de um homem que ama incondicionalmente o seu Filho, o nosso Martim. É falar de um homem que, muitas vezes se vê a braços com a Mulher doente, de cama, com a responsabilidade de cuidar do miúdo e aguentar o barco. É uma Pai que sabe sê-lo, que merece o nome e que sabe amar o Filho como ninguém. 
A nossa vida familiar é muito boa também graças ao equilíbrio que estabelecemos entre nós. Como não temos família por perto, nunca nos pudemos dar ao luxo de deixar o miúdo com os avós para uma saída a dois. Estamos habituados a fazer tudo a três. Como eu costumo dizer: para onde um vai, os outros vão! Nesta casa vivemos numa autêntica "economia comunitária". Contamos essencialmente uns com os outros e ter o R. do meu lado, é muito bom.
E porque estou muito feliz com o Pai da nossa pequena família, e porque fui muito feliz ao lado do meu próprio Pai, sou uma sortuda e estes são os dois Pais da minha vida!!!

quarta-feira, 8 de março de 2017

Dizem que é o nosso dia...



Hoje, celebra-se mais um Dia Internacional da Mulher! Pois para mim esta celebração até faz sentido, mas está a ficar um pouco carnavalesca, não?
Como sempre, acordei de madrugada, tratei da horta, do miúdo, cozinhei, limpei, arrumei, lavei, trabalhei, resolvi assuntos da família, fiz o meu papel de encarregada de educação, de educadora do meu Filho, preparei tudo para quando o meu Marido chegar à noitinha depois do trabalho tenha a comida já preparada, etc., e ainda me dizem que hoje é o dia da Mulher?
Tenho ouvido notícias de rádio e hoje, não se fala de outra coisa, senão em desigualdade, discriminação, violência, etc.. Também se ouvem notícias dispersas, pouco profundas acerca das origens desta celebração. Até ouvi, imagine-se a semi-história da primeira mulher portuguesa a votar. Digo semi, porque nas notícias, esqueceram-se de mencionar que logo a seguir ao seu exercício de voto, os republicanos alteraram de imediato a lei eleitoral para, de futuro, impedirem mais mulheres de votar. Infelizmente vivemos numa sociedade de desinformação, onde a notícia pela rama impera!
Durante quase uma década dediquei-me ao estudo da Mulher em Portugal nos anos 30. Acho que se evoluiu bastante, mas também acho que poderíamos ter evoluído mais. Todas as mulheres da minha geração são de uma geração muito ingrata. Fomos criadas pelas mulheres de ontem, cujos papéis domésticos estavam muito acentuados. As nossas mães, criaram os filhos à imagem dos seus valores, o que fez com que as mães dos rapazes tivessem criado os seus filhos para que as filhas das outras mulheres servissem de suas criadas. Sim! Muitas vezes infelizmente é como eu me sinto na minha própria casa! Não é pelo simples facto de não trabalhar fora de casa que assim me sinto, pois quando era docente era exactamente a mesma coisa. A verdade é que os nossos companheiros podem até não fazer por mal, mas que lhes dá um grande jeito, lá isso, dá!  
Mas para além das sobrecargas domésticas que temos nos nossos ombros, somos vítimas de outras pressões sociais, que tão bem conhecemos, como o desrespeito no trabalho, a desprotecção na gravidez e na maternidade, a violência doméstica, a desigualdade no tratamento, o assédio público, a pressão estética, etc.. 
Dizem que somos o sexo fraco. É verdade que não pego tão bem na enxada como o meu companheiro musculoso de 1.85 mt de altura, mas pego. É verdade que não trago dois toros de lenha para a lareira nas duas mãos, mas trago um. Mas também é verdade que quando estou cheia de febre, com gripe ou afins a vida continua. Por muito que me faltem as forças tenho um Filho para alimentar, uma casa para governar, etc.. Não posso parar, posso reduzir as rotações ao mínimo, mas sou muito necessária na engrenagem do meu pequeno núcleo social. 
Dizem que é o nosso dia, pois para mim, se me querem dar uma bela prenda por este dia, tratem de tudo por mim, pelo menos durante 24 horas!

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Renascer de novo


Após mais um mês de ausência, eis-me de novo renascida e refeita de mais uma complicada crise que me deitou por terra, mas quiçá me tenha deixado mais forte. A muito custo se retomam atividades deixadas pelo caminho, rotinas abandonadas ao sabor das dores corporais que não são raras quando as crises me assolam, e todos os outros afazeres quotidianos retomam o seu sentido. Só a muito custo as madrugadas fora da cama voltam a ser uma realidade. O que é mais difícil para mim é, indubitavelmente, retirar-me da cama com a antecedência necessária para desempenhar toda uma série de atividades a que costumo gostar de me entregar logo ao raiar do dia. Mas sei que com o tempo e com a recuperação, essa vontade e força invadir-me-á e em breve estarei a dar os meus cem por cento.
Renascer da vida cinzenta em que mergulhei por tanto tempo não é tarefa que se avizinhe fácil. Bem pelo contrário, só a muito custo o ânimo se instala e a vida torna a fazer sentido. A uma velocidade, tudo menos sónica, as minhas capacidades se vão reinstalando, permitindo-me raciocinar com clareza, pensar, agir e interagir socialmente. Sair deste casulo onde, por tanto tempo, me encontrei comigo mesma, é custoso e difícil de gerir.  
Não se pense, porém, que tudo é mau. As chapadas constantes que a vida me prega permitem-me olhar com um brilho diferente nos olhos de cada vez que o mundo se apresenta colorido para mim. Depois dos dias invernosos, penso que todos nós acolhemos de bom grado as primaveras esverdeantes e cheias de vida. Assim eu olho para o mundo como uma cíclica primavera que se apresenta diante dos meus olhos de cada vez que consigo sair desta lama invernosa e sombria em que constantemente mergulho.
O mundo assume contornos maravilhosos quando se sai das trevas. A apatia completa de que me liberto dá lugar ao prazer de ouvir o chilrear dos pássaros e do vento a bater nas oliveiras. Um sorriso que me é presenteado tem sabor a mel, tem a profundidade do amor que sinto pela vida, pela simpatia do mundo, pela beleza das coisas e pelo prazer que tudo me dá. Sair de um momento sombrio é, sem dúvida, uma libertação da alma. Viver a vida com saúde mental é uma bênção a que estamos pouco habituados a agradecer. Quando a nossa mente vagueia por vitalidade e energia mental o mundo assume outros contornos.
Quando estou saudável, amo intensamente a vida, sugo-lhe cada segundo e transpiro felicidade por todos os meus poros. Estou em paz com a vida. E, por mais paradoxo que possa parecer, por cada queda que dou, o reerguer vem com redobrada força e amor à vida. Não escondendo, porém a exaustão que a fraca saúde me provoca, pouca ou nenhuma recordação me esforço por ter dela quando a saúde me bafeja...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Dias sombrios


Há cerca de uma semana anunciava aqui que o blog viria hoje com uma cara nova. Fiz de facto pequenas alterações que não são muito vistosas, mas atingi os meus objetivos. Era meu intuito esquematizar as páginas de uma maneira mais intuitiva, por forma a facilitar a leitura dos temas. Quanto a isso consegui o que queria. Se está bem ou mal, apenas quem me segue poderá avaliar.
Durante a semana passada, como em todas as outras, segui o meu horário. Acordei de madrugada, fiz exercício, fui para a biblioteca, etc.. No entanto, foi tarefa titânica ter sobrevivido a estes últimos dias sem perder o control da minha sanidade. A verdade é que a cabeça tem estado a pregar-me das suas partidas e as alucinações e outras sensações psicóticas teimam em não me abandonar. Desde que fui mãe, esta faceta da doença agudizou-se bastante. Eu sabia, o médico havia-me prevenido que a gravidez exageraria muito o meu estado de saúde. Mas eu não me importei, nem me importo. Ter o M. na minha vida é a coisas mais importante para mim. Não escondo, no entanto, o desnorteio que todas estas sensações estranhas me provocam.
Não sou carpideira, não gosto de me lamentar, mas nestas alturas amaldiçoo ter nascido com esta maleita que não se vê e me arrasa por completo. Quem me conhece e me acompanha de há longos anos, sabe o que tenho sofrido por ter nascido Bipolar. Não falo apenas de depressões tão grandes ao ponto de mal saber o meu nome, de mal me conseguir mexer, falo também de me sentir nesta vida como num barco à deriva, sendo que às vezes sei o que quero e o que fazer para o conseguir e outras completamente desnorteada, sem forças para me mexer. O estômago revolve-se-me e sacode-me o corpo em vómitos violentos. É nestes dias que a única coisa que corre bem é a dieta, pois não consigo reter nada do que como, o pouco que consigo comer, aliás! Apesar dos milhares de sintomas físicos da doença, o que mais sofre é a funcionalidade do dia-a-dia. Uma completa incapacidade comunicacional com o mundo exterior apodera-se de mim, isolando-me socialmente. Poderia tentar descrever um sem número de características das pequenas psicoses com que me debato nestes dias mais sombrios, mas não é o lugar para o fazer.
Aqui, quero essencialmente transpor para palavras a impotência que sinto face à vida. Tentei fazer do impossível, possível, até ao limite das minhas forças tentei cumprir com os meus objetivos diários até ter acabado por sucumbir ao cansaço físico e mental. É assim, a sentir-me de rastos e com pouca destreza para tocar nas teclas, que tento cumprir com as minhas promessas e ressurge aqui o blog com cara renovada em dias mais sombrios...

domingo, 8 de janeiro de 2017

Alterações


Durante a próxima semana estarei a fazer ligeiras alterações no blog que, aparecerá de cara renovada daqui a uma semana. Até lá estará tudo um pouco confuso. A mudança deu-se essencialmente devido ao facto de já ter muitas páginas publicadas e de ser necessário reorganizá-las.
Até breve, com nova feição!

sábado, 7 de janeiro de 2017

Redefinindo Prioridades


Imagem retirada da internet
 
Em várias frentes, perdem-se guerras e o mesmo se tem passado comigo! Quando tento controlar muitas coisas, mais estas me fogem das mãos. Com o final do ano que passou, chegou a altura de deitar contas à vida e rever 2016 para que 2017 seja melhor.
 
Sou daquelas que faz a lista das Resoluções de Ano Novo. Passei em revista a minha de 2016 e fiquei satisfeita por ter riscado coisas importantes. Naturalmente que muitas outras ficaram por concretizar. Mas como diz a minha Mãe, ter riscado pelo menos uma, já não foi nada mau!
 
A cada novo ano, à semelhança de milhões de pessoas, procuro fazer mudanças na minha vida. Acredito veemente que a mudança na vida é necessária. Ela é sinal de evolução, maturidade e reflexão. Gosto particularmente de reformular estratégias para afinar pontos fracos. Este mês será de experiências novas. Bem sei que ainda estamos a dia 7 de Janeiro, mas há que ter confiança e acreditar que posso continuar com o ritmo que tenho estado a seguir desde o dia 2.
 
 
Voltando ao assunto das resoluções de ano novo, parece-me oportuno verbalizar e partilhar algumas ideias:
 
- A vida, economicamente, está cada vez mais complicada. Dou por mim a esticar o mais que posso e, ainda assim, existem alturas em que não consigo deixar de desanimar, o que vai literalmente contra os meus princípios (chorar sobre a falta de dinheiro!). Assim estou a tentar novas estratégias de poupança que, não me permitem açambarcar, mas permitem-me sobreviver. Oportunamente darei conta da ginástica orçamental que estou a tentar fazer.
 
- Novamente a questão do excesso de peso impera. Tem sido uma luta deveras complicada de travar. Quando dou dois passos para a frente, logo em seguida dou quatro para trás! Não tem sido nada fácil esta jornada, pelo que consta da lista de prioridades para este ano. Estou a tentar controlar, essencialmente, os ataques noturnos ao frigorífico e à despensa, que são a minha perdição. Ao longo do dia, porto-me condignamente mas chegados os serões parece que tenho de comer como se não houvesse amanhã... Também é importante implementar a rotina do exercício físico. Para já tenho tentado, todos os dias à mesma hora, fazer pequenos treinos por conta própria, pois detesto ginásios. Ouvi algures que um novo hábito durava poucas semanas a tornar-se parte integrante da rotina. Por este motivo, estoicamente, às 6.15h me dirijo aos rolos da bicicleta e vou pedalar na esperança de que se torne um ato tão automático e natural como lavar os dentes!
 
- Uma outra importante resolução que tomei foi a de me propor terminar um projeto que iniciei há uns tempos. Para concretizar esse objetivo, depois de largar o M. na escola, dirijo-me à Biblioteca e por lá fico a trabalhar até à hora de almoço. Para conseguir levar a cabo esta tarefa também preciso de fazer dela um hábito. Tenho de encarar a ida à biblioteca como uma ida para o trabalho, pois ter coisas para fazer sem ter horários é propenso ao desgoverno.
 
Estes são os principais objetivos que tracei para 2017. Depois de muito pensar, apercebi-me de que tinha que me focar em muito poucas coisas para as conseguir realizar, ou seja, demasiados objetivos levariam à dispersão. Uma das coisas que considerei importante fazer foi um horário diário e um horário semanal. Desta forma rentabilizo melhor os meus dias e não perco o foco. Tenho cumprido os horários desde dia 2 de Janeiro e tenho estado muito tranquila porque sei exatamente o que fazer e quando fazer:
 
Horário semanal - contempla desde os dias a que tenho de fazer máquinas de roupa até aos compartimentos que tenho que organizar e limpar, passando pelos dias em que tenho direito a fazer uma máscara facial. Contempla-se também as horas e os dias em que tenho de estar a trabalhar no meu projeto, o dia das compras, da natação, de elaborar o menu semanal, etc.. Basicamente este mapa permite-me preparar melhor os meus dias, pois sei exatamente os compromissos que me esperam. Pode parecer meio hilariante esta ideia do horário, mas acredite-se que, para quem não trabalha fora de casa, é muito fácil entrar num esquema de inércia irreversível. Esta tabela transmite-me segurança e oferece-me a certeza de que o dia será tranquilo e devidamente organizado. Este horário não foi uma novidade na minha vida, simplesmente foi refeito, com base numa reflexão que me permitiu compreender aquilo que não estava a resultar.  
 
Horário diário - este, coordenado com o semanal, é como se fosse um horário de trabalho. Define-me as horas em que devo tomar as minhas refeições, tratar do miúdo, trabalhar e até tenho direito a hora de descanso diário. Até agora o saldo tem sido muito positivo e, estranhamente sinto que o meu próprio organismo agradece esta vida sem grande agitação e bastante previsível. Aqui, trabalhar, comer e descansar têm hora marcada, e isso tem-se revelado bastante confortável. Este horário foi uma novidade que tentei implementar para ver se resultava. Embora eu já tentasse controlar os tempos das atividades, acho que desta forma tem sido mais exequível. E quando é exequível causa-me maior satisfação por ver os objetivos cumpridos. Como costumo dizer, traçar metas passa por coloca-las onde nos seja possível chegar!
 
Esta experiência tem-me provado que o tempo que perdi a pensar e teorizar tudo isto já está mais que pago! Nunca tive tanto tempo para mim e para a milhentas tarefas que tenho de realizar como atualmente. A quantidade de atividade não diminuiu, simplesmente passaram a estar mais metodicamente organizadas. Tenho ganho mais tempo para os meus príncipes e nunca tive uma vida tão organizada.
 
Sou um pouco maníaca da organização, bem sei. No passado, já era organizada, mas não vejo porque não continuar a limar arestas. Acho que podemos sempre melhorar tudo o que fazemos. E é com este espírito que entrei com o pé direito em 2017. Feliz Ano Novo!!