quarta-feira, 8 de março de 2017

Dizem que é o nosso dia...



Hoje, celebra-se mais um Dia Internacional da Mulher! Pois para mim esta celebração até faz sentido, mas está a ficar um pouco carnavalesca, não?
Como sempre, acordei de madrugada, tratei da horta, do miúdo, cozinhei, limpei, arrumei, lavei, trabalhei, resolvi assuntos da família, fiz o meu papel de encarregada de educação, de educadora do meu Filho, preparei tudo para quando o meu Marido chegar à noitinha depois do trabalho tenha a comida já preparada, etc., e ainda me dizem que hoje é o dia da Mulher?
Tenho ouvido notícias de rádio e hoje, não se fala de outra coisa, senão em desigualdade, discriminação, violência, etc.. Também se ouvem notícias dispersas, pouco profundas acerca das origens desta celebração. Até ouvi, imagine-se a semi-história da primeira mulher portuguesa a votar. Digo semi, porque nas notícias, esqueceram-se de mencionar que logo a seguir ao seu exercício de voto, os republicanos alteraram de imediato a lei eleitoral para, de futuro, impedirem mais mulheres de votar. Infelizmente vivemos numa sociedade de desinformação, onde a notícia pela rama impera!
Durante quase uma década dediquei-me ao estudo da Mulher em Portugal nos anos 30. Acho que se evoluiu bastante, mas também acho que poderíamos ter evoluído mais. Todas as mulheres da minha geração são de uma geração muito ingrata. Fomos criadas pelas mulheres de ontem, cujos papéis domésticos estavam muito acentuados. As nossas mães, criaram os filhos à imagem dos seus valores, o que fez com que as mães dos rapazes tivessem criado os seus filhos para que as filhas das outras mulheres servissem de suas criadas. Sim! Muitas vezes infelizmente é como eu me sinto na minha própria casa! Não é pelo simples facto de não trabalhar fora de casa que assim me sinto, pois quando era docente era exactamente a mesma coisa. A verdade é que os nossos companheiros podem até não fazer por mal, mas que lhes dá um grande jeito, lá isso, dá!  
Mas para além das sobrecargas domésticas que temos nos nossos ombros, somos vítimas de outras pressões sociais, que tão bem conhecemos, como o desrespeito no trabalho, a desprotecção na gravidez e na maternidade, a violência doméstica, a desigualdade no tratamento, o assédio público, a pressão estética, etc.. 
Dizem que somos o sexo fraco. É verdade que não pego tão bem na enxada como o meu companheiro musculoso de 1.85 mt de altura, mas pego. É verdade que não trago dois toros de lenha para a lareira nas duas mãos, mas trago um. Mas também é verdade que quando estou cheia de febre, com gripe ou afins a vida continua. Por muito que me faltem as forças tenho um Filho para alimentar, uma casa para governar, etc.. Não posso parar, posso reduzir as rotações ao mínimo, mas sou muito necessária na engrenagem do meu pequeno núcleo social. 
Dizem que é o nosso dia, pois para mim, se me querem dar uma bela prenda por este dia, tratem de tudo por mim, pelo menos durante 24 horas!

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