quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Adeus 2016!


A muito pouco tempo de se iniciar um novo ano, cá por casa já está quase tudo a postos! Não para a festa, claro está, que como aqui referi, não assume grande importância, mas para dar continuidade a novos projetos e iniciar novos planos, traçar novas metas, definir novas estratégias e continuar a laborar na autodisciplina.
Este ano foi, sem dúvida, de grandes progressos e de estranhas sensações, nomeadamente a nível da saúde que andou tremida, mas não ao ponto de me deitar por terra. Penso que, pela primeira vez em quarenta anos, a doença não me atirou para uma cama!
Há novas metas que, sem dúvida, têm que ser muito bem trabalhadas. É muito possível que a Família fique sem o seu sustento, pelo que a ginástica orçamental terá que ser muitíssimo maior. O que quero dizer é que estou em processo de engendramento de formas de gastar o menos dinheiro possível. Será tarefa titânica, bem sei. A verdade é que já nem sei muito bem onde mais ei-de cortar. Provavelmente terei que investir em mais umas culturas na horta e reorganizar-me em termos de projeção de doses alimentares. Como na alimentação se retém uma boa parte do orçamento, passará a comer-se menos e cingir as compras ao estritamente necessário. Acho que com um pouco de esforço vou conseguir encontrar nas minhas listas de supermercado bens que se podem dispensar. A minha dieta de emagrecimento terá que ser sacrificada, pelo que tenho de procurar compensar com mais exercício físico ao ar livre, pois ginásios estão fora de questão.

No ano passado estabeleci poucas metas que, apesar de não serem muitas, não foram cumpridas na totalidade, pelo que este ano, vou apenas estabelecer dois grandes objetivos, que são o meu maior cavalo de batalha. O primeiro tem que ver com a gestão orçamental, a que já aludi, o segundo está relacionado com a minha dieta de Santa Engrácia.
Na verdade, apesar de ser apenas um par de coisas, são de extrema dificuldade para mim. Penso que não serei a única com este duplo problema - falta de dinheiro e peso a mais! Veremos como superarei estas metas. Vou tentar aliar uma coisa à outra. Se comprar produtos frescos e da época, não só estou a economizar, porque são mais baratos, como estou a contribuir para uma alimentação mais saudável. Quanto à questão dos hidratos de carbono, tenho muita pena, mas não vão desaparecer da minha alimentação, pois são baratos e servem para confecionar um sem número de pratos!´
Mas os problemas com a gestão orçamental não se quedam por aqui, há contas para pagar e uma criança grande cá em casa que tem alguma dificuldade em perceber que o dinheiro não nasce nas árvores e que desaparece muito rapidamente.

O ano 2016 termina com vitórias e fracassos. Da minha lista para este ano que agora finda, muitas coisas risquei, outras nem sequer tive oportunidade de pensar bem nelas. Mas termino com uma sensação de grande satisfação por ter cumprido metas importantes. O miúdo cresce, daqui a 9 meses estará na escola, o meu relacionamento com o R. vai-se consolidando. Mais um ano que passou, bem passado, mas que não deixa saudade, pois o que lá vai, lá vai.
E é com alegria que me despeço de 2016 e que desejo que 2017, se não for melhor, pelo menos que seja igual a este ano que agora morre de velho...




terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Reveillons


Imagem retirada da internet
 
 
Embora me considere uma ex-foliona, não sou especialmente fã da festa da Passagem de Ano. Para ser franca, nunca fui! Passei uma grande parte destas festas com o meu Irmão que, quem me segue, sabe que já partiu. Acho que me trás recordações da adolescência, em que nos divertíamos a contar os minutos para a meia-noite e dançávamos e bebíamos a noite inteira! As primeiras saídas à noite, as primeiras peripécias noturnas no Bairro Alto e no antigo Brahms, discoteca história da Costa da Caparica. Tudo restos de um passado, se não cheio de glória, pelo menos com a satisfação de ter sido bem vivido!
Atualmente, não é inédito terem de me acordar por adormecer no sofá antes da meia-noite. Habituei-me a uma vida bastante rotineira. Ao contrário da azáfama do Natal, nada acontece aqui por casa no dia 31 de Dezembro. Em parte porque nunca promovi nada, em parte porque tenho uma criança pequena a quem este evento nada diz.
Por seu turno a passagem de ano sempre teve um efeito de certo modo perverso em mim. Recordo, desde tempos imemoriais acordar no dia 1 de janeiro com uma péssima sensação de fim de ciclo. Mais do que uma péssima sensação, direi mesmo deprimente.´
Há coisas estranhas nesta vida. Uma delas foi o facto de ter chorado de tristeza na passagem de ano de 1999 para 2000 como se algo de muito mau se tivesse apoderado de mim. O certo é que o ano 2000 terá sido o mais aziágo da minha vida. O meu Irmão morreu! No fundo, sempre soube que o ano 2000 iria trazer uma enorme desgraça sobre mim e sobre a minha família. Parecem histórias retiradas de filmes, mas não são. Este sentimento existiu e efetivou-se.
Antes de estar com o R., sempre fui muito desligada dos namorados que tive. Não era raro não passar esta noite com eles, coisa que muito os desiludia e chegou mesmo a ser motivo de discórdia (que eu alias nunca fomentei). A verdade é que esta festa pouco ou nenhum significado já tinha para mim quando essas coisas foram sucedendo. Mas, curiosamente, a minha Alma Gémea nutre o mesmo sentimento que eu por este dia, embora por motivos diferentes. Assim, como se costuma dizer - Só se estraga uma família!


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Boas Festas!!


A poucas horas de abraçar a Avó Elsa, que neste momento já vem a caminho de terras da Beira, tudo se encontra a postos para o tumulto que por aqui se vai viver ao longo de todo o dia de hoje. Há muita bricolage e arrumações a fazer. Estamos num daqueles dias que dava muito jeito que tivesse para aí umas quarenta e oito horas! Mas como só tem vinte e quatro, já estou a pé há um bom par de horas e já comecei a organizar algumas coisas: os brinquedos já estão devidamente separados e prontos para arrumar na nova caixa que aí vem. Já foram para o lixo aqueles que estavam estragados e "arquivei" os que já não são para a idade dele ou aqueles em que ele já não toca. 
Os sofás e as mantas também já acabaram de ser preparados para que, logo à noite, depois da canseira que vai ser o dia de hoje, possamos descansar e trocar uns dedos de conversa.
Hoje, vou buscar o M. bem tarde à escola para que tenhamos tempo de fazer o maior número de coisas possível que, com a presença dele seria mais difícil. É um miúdo muito irrequieto e passa o tempo todo a fazer perguntas, principalmente se nos vê a fazer alguma coisa.
Pelo meio meter-se-ão máquinas de roupa, almoço e jantar e, à noite, a comida para o grande dia tem que estar semi-confecionada. Como se vê, o dia vai ser azafamado!
Boas Festas!!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Devagar, devagarinho...


Inércia não é algo que me caracterize, mas a verdade é que nestas duas últimas semanas o meu entusiasmo mental não tem acompanhado a minha energia física, ou falta dela! E logo agora com tanto para fazer!
Tudo o que tenho de ter preparado para o Grande Dia vai-se fazendo a passo de caracol e puxado a ferros. Mas hoje, decidi sentar-me e dar a volta por cima, começando, como é natural, por delinear uma estratégia. Efetivamente tenho apenas a tarde de hoje e ,mais dois dias para ter tudo a postos. E um dos grandes objetivos é ter a cozinha, centro de grande tumulto em alturas de festa, em ordem.

Na próxima sexta feira, chegam de Lisboa recipientes para eu terminar a reorganização deste compartimento. Bem sei que é um pouco em cima da Festa, mas morar longe dos grandes centros, também impossibilita que tenha acesso a muitas coisas, que só por intermédio da minha Mãe, chegam a terras da Beira. Logo, pilhas de frascos e prateleiras novas farão com que parte da manhã de sexta feira tenha de ser passada em bricolage, para que no Sábado a cozinha esteja despachada! Até lá, reservo esta tarde para uma grande limpeza.

Quanto ao salão, será aí que o Pai Natal depositará as prendas na noite de 24 para 25. Como haverá novos brinquedos está na altura de rever o que há e o que já está estragado. Com a ajuda do M., que tem sempre muita dificuldade em desapegar-se de brinquedos mais antigos, tentarei dar um refresh no baú da brincadeira. Os filmes de Natal já foram requisitados na biblioteca, para que possamos desfrutar de um serão diferente em família. Não que eu seja grande adepta de TV e festas familiares, mas infelizmente a Avó Elsa tem muita dificuldade em estar aqui sem o burburinho da televisão. Como não tenho serviço, tive de requisitar filmes na biblioteca. As mantinhas também já estão preparadas para aquecer as pernas neste Natal, que nunca andou tão frio!

O quarto onde vai ficar a hóspede de honra já está devidamente preparado. Cama quentinha feita e aquecedor em riste, pois desconfio que a Avó Elsa vá ter uma grande surpresa gélida na primeira noite.

Amanhã, uma boa parte da manhã terá que ser passada na cozinha a preparar algumas coisas. Este ano, como no dia 25 vamos fazer um grande churrasco, resolvi, pela primeira vez, fazer molho barbecue. Como ainda não o fiz, deixarei a receita mais tarde, se der bom resultado. Vou também cozer e escorrer abóbora, a qual será necessária à elaboração de alguns doces.

Assim, entre limpezas, organização e cozinhados, vamos preparando o Natal. Preparação que este ano está um pouco perra devido a circunstâncias que pouco têm que ver com o assunto! Independentemente de tudo e, embora devagar, devagarinho, lá vamos fazendo...

sábado, 17 de dezembro de 2016

Em modo quase Natal


Dentro de, precisamente, uma semana a Avó Elsa chega para passar o Natal em terras da Beira. Por cá, o frio que se faz sentir é deveras cortante. Hoje, embora a lareira tivesse estado o dia inteiro a carburar, esteve especialmente difícil de suportar. A neve que daqui se avista, arrasta um vento gélido ao qual ainda não me habituei. Penso, aliás, que nunca o farei!
Daqui a sete dias a casa estará longe das suas rotinas habituais e mergulhada numa azáfama que só mesmo a Avó Elsa, com a sua exuberância, é capaz de implementar. Como costumo dizer: a minha Mãe enche uma sala! O miúdo andará enlouquecido de alegria, aos saltos de volta de nós todos, se bem o conheço.
Deixo-me contagiar pela magia desta quadra. Como não tenho por aqui escondido, esta é provavelmente a minha época do ano predileta. Ainda hoje, depois de ir buscar o miúdo à escola, vagueámos pelas ruas do Concelho para contemplar as luzes de Natal. Uma diversão tão simples e agradável! Terminámos a volta no cimo do monte, onde pudemos observar a torre de menagem que, em tempos medievais, passaria muito pouco despercebida!
A uma semana do grande dia, ainda há muito por fazer. Embora o Menu já esteja pensado, ainda me falta elaborar uma lista mais detalhada dos doces que, este ano, vão ser muito menos do que no ano passado. Optei por não ter uma mesa muito farta, principalmente em açúcares. Um bolo-rei, as tradicionais filhós da Beira e um pudim farão as nossas delícias. No dia de Natal, far-se-á um churrasco na lareira para deleite da Avó Elsa. É pouco convencional, bem sei, mas o Polvo à Lagareiro que comeremos na Consoada, embora seja tradicional nalgumas zonas do País, por aqui ou por Lisboa não é muito habitual. 
Hoje, continuei a fazer de duende do Pai Natal e quase dei as minhas ofertas por terminadas. Resta-me, durante a semana, fazer alguns embrulhos, muito poucos, e escondê-los bem escondidos, pois o catraio aqui de casa ainda acredita no Pai Natal! Como, cá por casa, o Natal é festa profana, pois somos agnósticos praticantes, celebramos, não o nascimento de Jesus, mas a família, o amor e a alegria de estarmos todos juntos. Também celebramos os sentimentos que nutrimos uns pelos outros com uma sentida troca de prendas. Não que goste especialmente do consumismo do Natal, bem pelo contrário, pois gosto de fazer as prendas, mas gosto de pensar tanto no que vou comprar como o que vou fazer para determinada pessoa. Fica a vontade de dias monetariamente melhores em Natais futuros para poder presentear mais amigas.
Entretanto, confesso que ando um pouco inerte em relação àquilo que ainda tenho de fazer. Estou à espera de 2.ª feira para entrar em modo quase Natal...
Vou dando notícias!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Em modo preparação para o Natal


Adoro esta época do ano! Depois de me ter visto privada desta quadra durante alguns anos, mais do que nunca, adoro este mês de Dezembro. Passei a gostar ainda mais desde que me mudei para o campo. O Natal sem a agitação do trânsito e dos centros comerciais é muito mais genuíno. Apesar de sermos poucos à mesa, porque apenas temos a visita da Avó Elsa, divertimo-nos bastante.
Há uns dias, pedi à minha Mãe que me desse parte do serviço de jantar de Natal dela, visto ela nunca mais o ter utilizado desde a morte do meu Irmão. Sabendo que nunca mais o utilizaria, pareceu-me oportuno reanimá-lo, assim como reanimei o Natal na família! Provoquei-lhe alguma dor, não por lhe pedir o serviço, claro está, mas porque a pus em confronto com objetos que traziam com eles memórias de um passado em que nos sentávamos todos à mesa da consoada.
Não sei ao certo porque gosto tanto do Natal. Sei que não tem que ver com prendas, tem que ver com memórias e família. Claro que me ter visto privada desta festividade durante bastantes anos, aguçou a minha vontade de a reviver. Por outro lado, ter-me visto tão precocemente sem Pai e sem Irmão, fez-me perceber o quão é importante é reunir a família à mesa.
Este ano, o Natal tem sabor especial. O R. estará em casa para a consoada, o que não tem acontecido nos últimos anos. Seremos quatro à mesa. Não é uma mesa farta de gente, bem sei. Mas será certamente uma mesa com tudo aquilo a que aspiro - Família chegada! 
Pelo terceiro ano, vou regozijar-me de passar o Natal na Serra, junto de uma aconchegante lareira, com um Filho a saltitar à nossa volta! Nos planos estão muitas coisas incluídas. Fiz um calendário do Advento para preencher o mês de Dezembro com atividades alusivas à Quadra. Desde fazer as bolachas para deixar na lareira para o Pai Natal comer na noite de 24, até à lista das boas e más ações, temos um pouco de tudo!
Agora que o miúdo tem cinco anos, e porque não somos católicos, festejamos esta data um pouco em tom de heresia. Não somos crentes, não frequentamos a igreja, pelo que a Missa do Galo não faz parte dos nossos planos. Por enquanto, o miúdo é pequeno para ir ver o madeiro na noite de Natal. Daqui a uns aninhos, chegaremos a casa à noitinha, vindos da aldeia, a cheirar a lareira gigante!! Mas por enquanto, contentamo-nos em ver as luzes à volta do nosso abrunheiro, e em redor da casa. 
Este ano a novidade será o polvo para a consoada. Como sou descendente de transmontanos, apesar de ter comido bacalhau na consoada a vida toda, sempre ouvi falar de polvo nesta refeição tão especial. A minha Mãe costumava dizer que toda a vida de casada teve pena de nunca mais ter comido polvo na Ceia de Natal. Este ano, fazendo valer aquilo que sempre ouvi, propus-lhe um jantar à base de polvo. Este já foi comprado aos pescadores lá da Caparica e já jaz no congelador, para ser cozinhado à Lagareiro! Já comecei a investigar receitas na net.
Este ano a mesa será muito glamorosa. Tenho andado a pensar acerca do que vai ser o nosso centro de mesa. Em devido tempo, publicarei as novidades natalícias aqui de casa. Por agora fica a fotografia do nosso Calendário do Advento, inspirado no pequeno ramo que lhe serve de suporte!
A preparação do Natal continua. A chegada da Avó Elsa prevê-se para dia 23 de Dezembro. Os postais estão a postos, as prendas já estão feitas e compradas, a carta ao Pai Natal já seguiu para o Pólo Norte, está-se a preparar a lista das encomendas de doces de Natal, que este ano não vão ser maioritariamente feitos por mim, e assim, vão passando velozes estes dias para quem está em contagem decrescente para o grande dia!!





quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Porque uma mãe também é gente...


Há cinco anos que sou mãe de um rapazinho, bem enérgico, por sinal! Têm sido cinco anos de emoções diversas, sentimentos extremos, canseiras sem par e desafios julgados insuperáveis. Têm sido também cinco anos de responsabilidades acrescidas de quem tem a seu cargo o sustento de uma criança. Se para mim se pode desenrascar qualquer coisa, já para o M., nem por isso!
Têm sido também anos muito atarefados, pois quem tem crianças pequenas não pode falhar refeições, horários, rotinas diárias e afins. Tem também que fazer esforços para que a vida seja estimulante, colocando novos desafios à criança. Este ano, pela primeira vez, fiz o Calendário do Advento com vinte cinco atividades para fazermos em conjunto.
Estes últimos anos também me ensinaram muitas coisas a respeito da natureza humana e instinto de sobrevivência. Como não poderia deixar de ser, não alheio a minha função de mãe à perturbação Bipolar, pois ela está sempre patente, dando-me algumas tréguas pelo meio.
Estes últimos cinco anos têm sido também de muito ansiedade face ao mundo. Comecei a ver perigos a espreitar a cada esquina: os carros, os cães pastores, as pessoas más, os ladrões...
Nos últimos três anos, aprendi que ter filhos é dar-lhes asas para voar. A partir dos dois anos fui tentando que o M. fosse ganhando a sua autonomia. A muito custo comecei a deixá-lo brincar na horta sozinho e hoje já maneja a sua faca na cozinha, ajudando-me a cortar pequenos legumes. É com um sentimento agridoce que vejo o meu menino ganhar asas. Se gosto que ele se desenrasque sozinho, tenho muito medo de não conseguir (porque NÃO VOU CONSEGUIR) protegê-lo do mundo!
Estranhamente nunca olhei para o passado como a maioria das pessoas o olha: com saudade. O passado para mim, não passa disso mesmo, passado. Gosto de viver no presente e pensar pouco no futuro. Se tenho saudades do meu menino de colo? Nem por isso. Gostei de viver a sua primeira infância, gostei, não o nego. Mas também não nego que foram dois anos muito difíceis: privação de sono, cansaço, berros, choradeira, birras, fraldas, viroses: dependência completa! Por isso, não trago comigo saudades.
Os dias de hoje não são mais fáceis. Com a agravante de ter uma doença mental que me fragiliza psiquicamente, tenho que enfrentar o dia-a-dia com mil porquês, mil nãos, mil vá lá, mil mãe olha, mil mãe isto, mil mãe aquilo...
O M. tem energia e imaginação para dar e vender! Desde que acorda até que se deita não para quieto. Já para não falar da agitação dos seus mundos imaginários, próprios de uma criança que cresceu sem TV. Cá por casa não existe sossego enquanto o miúdo está. Não é uma criança capaz de se sentar a desenhar, por exemplo. Tem de estar sempre com a espada de laser a defender-se dos maus, a lutar com os robots imaginários, a preparar armadilhas ou qualquer outra coisa que implique muito movimento! Cá por casa o silêncio é sinal de que algo de muito errado se está a passar: ou está a fazer asneiras ou está doente!
Viver assim parece bom e idílico, mas não é. Claro que é uma bênção ter um filho enérgico com saúde para dar e vender. É maravilhoso, mesmo! Mas, para uma mente frágil, demasiado sensível aos barulhos e aos estímulos externos, é deveras cansativo! Se para trás ficaram as noites mal dormidas, hoje, por vezes, falta-me a energia e a saúde que tanto gostaria de ter para tornar o quotidiano mais fácil. Não será este um problema comum a todas nós, mães? Eu debato-me com a doença, outras mães terão outras questões que as levarão à exaustão de quando em vez.
A ambiguidade de sentimentos que tenho ao ver o pirralho constantemente aos saltos à minha volta leva-me, por vezes, a sentir-me culpada pelo cansaço que, por vezes arrasto comigo! É tão bom ter um filho transbordante de saúde e energia. No meu íntimo, culpo-me e acho-me uma bruxa má quando dou por mim a desejar que o meu Filho fosse mais calmo e parado! Mas a verdade é que não consigo deixar de me sentir bastante cansada em determinadas alturas...
Ter um filho pequeno é muitíssimo trabalhoso, quem diz que não é, mente! Muitos ou poucos, dão trabalho! Nas diferentes fases, revelam necessidades específicas, claro está. Importa dizer que a minha procissão ainda mal começou. Não me posso considerar uma mãe experiente, pois só tenho um e com poucos anos de vida. As minhas palavras são apenas e só, sintomáticas dos sentimentos despoletados pelas minhas experiências.
Ao longo destes cinco anos, várias foram as ocasiões e circunstâncias que me levaram a crer que não estaria a dar o meu melhor como mãe. Penso que este sentimento será comum a muitas de nós. Quem assumiu a maternidade verdadeiramente, procura dar o seu melhor, pelo que constatar que não o fez, faz cair em fracasso. Em vários momentos senti que fracassei.
Tudo nesta vida tem, no entanto, duas faces. A verdade é que o que dou de mim ao meu menino faz-me sentir feliz. As gargalhadas que lhe oiço põem cobro a qualquer sentimento menos feliz. E se há coisa que caracteriza o M., são as suas sonoras gargalhadas!
O caminho faz-se caminhando, e eu sei que vou dar muitos tropeções. Quem sabe se não um todos os dias, pelo menos. O importante é conseguir levantar-me e arrepiar caminho. E acima de tudo, ter presente que cada momento da maternidade é único e difícil, único e bom, único e desafiante...
Se há coisa que realmente posso assegurar é que desde que o M. nasceu, deixei de ter certezas e de saber exatamente como faria no futuro. Simplesmente deixei de dizer: se fosse comigo, fazia e acontecia... Hoje em dia, aguardo calmamente a ocasião e logo vejo se fracasso, ou não, mas nunca desistirei de tentar fazer o melhor que me seja humanamente possível. Por detrás desta mãe, está uma pessoa...

domingo, 20 de novembro de 2016

O mundo dos meus pensamentos

 


A minha vida aqui é mais tranquila. Estou em paz com o mundo, fiz as pazes com o passado, aprendi a viver com a minha doença e, acima de tudo, encontrei a minha felicidade! Aqui, em terras campestres sou genuinamente feliz. Embora não alheia às dores que me assolam de quando em vez, pois todos nós carregamos connosco a saudade de alguém e as nossas dores próprias. Quem me conhece sabe que vivi um inferno em terra muitos anos, mas sabe também que nunca deixei de me divertir, de lutar e de continua apesar das milhares de quedas que fui dando! Um dia, quando eu estiver preparada para versar sobre isso, saberão do que falo... 
Mas hoje, tudo isso é passado, não carrego mágoas. Mesmo em relação àqueles que jamais voltarei a abraçar sinto uma imensa paz em relação á sua ausência física para sempre da minha vida, embora a saudade permaneça, claro está!
Hoje a vida é singela, não revela surpresas, tem os desafios da maternidade, da doença e os dias correm rotineiros, mas ao meu contento. E eu gosto dela assim. Como não tenho por aqui escondido, a minha mente é demasiado inquieta para grandes andanças. Gosto dos dias planeados ao detalhe, tenho prazer em tratar da família, não me sinto minimizada por não ter uma carreira, apesar de ter estudado, adoro o momento do dia em que escolho a roupa para o dia seguinte, enquanto pergunto ao meu Filho se ele acha que a mãe vai bonita com este lenço ou aquele colar...
Não tenho serviço televisivo, não oiço notícias, moro numa quinta relativamente isolada e passo a esmagadora maioria dos meus dias comigo mesma. Desfruto da companhia do meu Marido e do meu Filho e pouco mais, no entanto, nunca me senti tão acompanhada como agora. Ao invés já vivi na mais retunda solidão rodeada de multidões. Longe vão os tempos em que me misturava com dezenas de pessoas, frequentava inúmeras festas, participava num sem número de atividades e, no fundo, estava acompanhada da minha própria solidão. Sei que poucas coisas se igualam a este estar-se só no meio das gentes.
Mais do que em qualquer outra altura da minha vida, perco-me a escutar o silêncio da minha alma. Como adoro o meu silêncio e como me alegro na companhia de mim mesma. Não sendo, sou solitária. Disseram-me em tempos que uma pessoa para viver a vida como eu a levo, é preciso ter o feitio certo. Bem sei que nem todos aguentariam levar uma vida tão isolada. Até consigo surpreender as pessoas aqui da aldeia!
A verdade é que, nem me sinto só, nem estou só! Tenho família e amigos para quem a distância pouco ou nada representa. Para as verdadeiras amizades não existem quilómetros pelo meio. Para os laços de sangue que perduram para além da mera genética, também não.
Porque solitária não quer dizer mergulhada na solidão, amo a vida que levo. Hoje, não poderia ser mais feliz.
Tenho problemas comezinhos, naturalmente. O dinheiro não abunda e isso, por vezes, exaspera-me, mas não me ocupa os pensamentos mais do que o estritamente necessário. Tenho um familiar às portas da morte, sei que em breve ficarei sem mais uma pessoa. Mas ainda assim sei que a vida não se vai cristalizar. O mundo, cruelmente e como sempre, não vai parar para escutar as minhas dores, mas eu também não vou parar para as carpir.
Hoje, acabei de fazer a árvore de Natal com o R. e o nosso Filho. Também enfeitámos a casa e acendemos a lareira. Amanhã, o miúdo estará na escola, o R. na sua vida e eu ficarei presa às minhas atividades quotidianas na companhia de mim mesma. Se por ventura algum triste pensamento me vier à ideia, não me vou esquecer de olhar para a árvore que fizemos em conjunto e de me congratular por cada segundo da vida que levo...

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O balanço de mais uma experiência....

Na semana passada fui à TV falar de maternidade e doença mental, na qualidade de mãe bipolar. Foi uma experiência enriquecedora e muito positiva. Na verdade, não pensei que pudesse ter sido tão importante como foi (dentro da sua relativíssima importância, claro está!).
Ao longo destes últimos dias tenho ouvido um feedback bastante positivo no que concerne à questão da importância de se debaterem publicamente problemas relacionados com a saúde mental, ainda tão estigmatizada em Portugal.

Confesso que estava bastante nervosa, não por falar do que falei, mas por sentir aquelas caras, câmaras e luzes voltadas para mim. Mas enfim, lá respirei fundo, fingi que ia dar uma aula, e cá vai disto! Falar de doença mental, como já se percebeu, não é tabu para mim. Apesar de ter sofrido muito ao longo da vida com comentários desagradáveis, atitudes pouco nobres e abusos psicológicos, por padecer de tal mal, não me coibo de apregoar aos ventos que tenho uma doença mental. Não que ande para aí a falar por falar, claro está. Bem pelo contrário, para ser muito honesta comigo mesma, o meu caso interessa-me muito pouco. Tomo a minha medicação, tenho um grande apoio de familiares e amigos, logo o meu caso está remediado. Preocupam-me essencialmente as pessoas que não se tratam por vergonha ou preconceito. O meu interesse na divulgação deste problema passa essencialmente por aí.

Conheço muitos casos tristes de pessoas que vivem uma vida infernal e doentia por temerem o tratamento. O grande mal é que a medicação psiquiátrica tem muito má fama. Coisa que de facto eu não entendo! Postas as coisas desta maneira será que faz algum sentido eu dizer - o meu medicamento diário para a tensão arterial é imprescindível, mas a minha medicação psiquiátrica faz-me mal!? Não, claro que não!

Voltando à experiência sobre a qual me apraz versar, a minha ida à TV, uma das coisas que mais me tem dado que pensar tem sido o facto de as pessoas que me abordam acerca da minha entrevista, me dizerem essencialmente que eu fui muito corajosa por me expor. Pois eu não me sinto minimamente corajosa! De facto, ponho as coisas de outra maneira. Eu simplesmente aceitei falar abertamente sobre um assunto tabu! Em vez de corajosa, eu diria, aberta e despreconceituosa. Será que alguém concorda comigo?

Sim, de certa forma, precisei de alguma coragem, na medida em que tive de fazer referência a episódios muito íntimos da minha vida para que as pessoas pudessem compreender a dimensão destes problemas. Mas acima de tudo acho que aceitei discutir abertamente o tema da doença mental.

Quem me conhece sabe que sou uma pessoa mais do tipo solitária. Talvez por causa da doença, não sei, tenho necessidade de me refugiar no barulho do meu silêncio. No entanto, longe do contexto laboral, que há muito abandonei, não tenciono deixar de dar o meu contributo ao mundo. Se, por ventura, consegui mudar uma só cabeça em relação à questão da saúde mental e do estigma que ela arrasta consigo, já encosto a minha cabeça na almofada satisfeita!





quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Eu, Mãe Bipolar: Amar e Sofrer




É quase Natal, Natal de 2016. 2017 aproxima-se a grande velocidade. Está-se quase a completar o primeiro quartel do século XXI. Falar de século XXI é falar de inovação, globalização, tecnologia, multiculturalismo e tolerância. Fala-se, fala-se muito de muitas coisas. Ao invés, silenciam-se outras, por dificuldade de abordagem, vergonha ou medo. Há até mesmo aquelas palavras que assim que são proferidas, são logo silenciadas: não contes; não fales; não digas; o que é que as pessoas vão pensar!


O diálogo sobre a doença mental é, maioritariamente, travado à porta fechada. Eu própria, quantas vezes me retraio de afirmar-me doente mental?! Muitas. Por vergonha? Às vezes e também porque, aos olhos dos outros isso não é uma doença. Só a minha hipertensão arterial é que é um problema de saúde. Acham a Bipolar outra coisa, talvez tenham pouca vontade de trabalhar, sejam fracos ou instáveis, etc..


Não é nada disto! Sou doente! Sou portadora de doença Bipolar tipo II, que é uma perturbação biológica que se manifesta em grandes oscilações cíclicas de humor. Sou uma pessoa cuja saúde, ou falta dela, mexe com a minha vida. Não tenho a sorte de ter saúde mental. Revolta-me olhar à minha volta e constatar a desvalorização de que as doenças mentais são alvo. A conotação é válida para tudo, segundo o que o povo diz, doentes, médicos, medicamentos, tudo é nefasto: os doentes ou são tolinhos, ou preguiçosos, os médicos chupistas e a medicação venenosa!

Esta é a realidade do estigma em torno da doença mental. Ela, para além de ser um assunto tabu, é relegada para um plano inferior, como se houvesse doenças de primeira e de segunda. Nós, os doentes mentais, sofremos pelo que a maleita nos provoca e pelo que nos é infligido pela sociedade. Desconheço a realidade noutros países ditos civilizados. Mas conheço muito bem a realidade nacional em meio social, familiar e hospitalar. Se quiser pintá-la de uma cor, pintá-la-ia de cinzento muito escuro. Só não seria totalmente uma realidade negra porque no meu caminho, se foram cruzando pessoas solares, cheias de luz, que com o seu amor, amizade, compreensão, carinho e competência me foram alumiando o caminho...

Hoje, não falo apenas de doença mental, de estigma e de tabu. O que me traz aqui é mais forte, mais estigma, mais tabumaternidade e doença mental. Meu Deus! Que mistura explosiva, dir-me-ão as mentes mais ignóbeis!!

Eu conto com cinco anos de maternidade. Tem sido um percurso difícil, fácil, tristonho, divertido, preocupado, despreocupado, stressante, calmo, tudo isto e muito mais, como na vida de todas as mães, ditas normais.

A maternidade não é a imagem idílica do casal aos beijos a passear o carrinho do recém-nascido à beira-mar. Também é isso, mas é muito mais. É dor, cansaço, orgulho, alegria e sofrimento. Até agora, acho que não disse nada de novo. Muitas mães identificam-se e revêm-se nisto. Se houvesse podium, estaríamos todas orgulhosamente no pedestal de cima, com as flores e a medalha. Assim é, porque damos o nosso melhor. Mas eu... eu nunca ficaria no cimo, o  meu estatuto não mo permite por ser Mãe Bipolar!

Tenho um Filho e sou doente mental. E agora? Dois problemas, os que me são intrínsecos e os que a sociedade me inflige. Ser mãe portadora de doença mental em Portugal é mau. Sofre-se muito. Sofro por temer adoecer, sofro porque me olham de lado, porque me criticam, porque me condenam. É como se por ser doente mental não tivesse direito à maternidade.

Falar de doenças psiquiátricas é falar de medicação e tratamento. Nenhum doente pode ter qualidade de vida, ou mesmo levar uma vida dita normal, se não estiver devidamente medicado. As alterações comportamentais de que padecemos não nos permitem levar uma vida estável aos mais diversos níveis.

Sendo bipolar e mãe, tendo mais essa responsabilidade (cuidar do M.), tenho de continuar a medicação para poder exercer esta função acrescida. Nenhuma pessoa doente, consegue cuidar do outro, principalmente quando a maleita se manifesta comportamentalmente. Uma mãe bipolar tem de ter essa consciência. Por mim e pelo M. tenho de estar equilibrada.

Ser mãe bipolar é um grande desafio. É um desafio que se enfrenta diariamente. Ama-se muito, mas também se sofre muito! Por amor a mim e ao M. não descuro os meus tratamentos. Se antes podia esquecer-me de uma toma ou outra, hoje em dia, sou muito escrupulosa nesse aspeto. Tenho de ter sempre presente que, se a saúde me falha, deixo de ser capaz de cuidar do meu Filho. Sofro essencialmente pelo temor que tenho de vir a adoecer. Sei que, quando adoeço, o mundo desaba. Nada interessa, nem mesmo a própria vida! Cuidar de uma criança nestas condições é deveras doloroso, pois se nem sequer consigo cuidar-me a mim.  

Por mais chocante que possa parecer, as crises depressivas convidam às ideias suicidárias. E sim, temo acabar com a vida e deixar o meu Filho órfão! É um temor latente que constantemente sinto, mas só nos meus momentos saudáveis.

Por outro lado, as crises psicóticas são difíceis de controlar. Não fosse a grande consciência que tenho da minha doença, estes episódios poderiam deixar-me completamente atordoada.

Pese embora tudo isto ser mãe bipolar é bom! É bom porque faz de mim uma mãe mais atenta e preocupada. Ao temer a hereditariedade, estou atenta às manifestações precoces que possam surgir no meu Filho e mais preparada para o ajudar.

Ser mãe bipolar tem sido uma experiência de amor e sofrimento. À semelhança da manifestação da doença, oscila-se entre estes dois sentimentos opostos. Se faz de mim feliz e realizada, é também uma trajetória de temor, de receios e até de momentos de pânico. Não é fácil ser doente mental e mãe, mas não é impossível. Para mim, nunca foi concebível ponderar não ter nenhum filho por causa desta doença. Sinto-me uma pessoa igual a milhões de outras!

Não posso terminar sem referir o apoio incondicional que tenho da família que me protege, auxilia e ampara. Se sou a mãe que sou, também a ela o devo. E, como sei que a importância da família é tão crucial por experiência própria, procurarei, também eu, ser o apoio incondicional do M. pela vida fora!!

E assim sou eu: Mãe bipolar...

sábado, 29 de outubro de 2016

Retomando as rotinas...

 
 
Embora não seja especialmente apreciadora do tempo frio, gosto da sensação de aconchego que a aproximação do Inverno me dá. Deitar-me no sofá a ler e a ouvir a chuva a bater no telhado e o vento a abanar as árvores é, para mim, um grande prazer. Agora que preparei tudo para a chegada da nova estação, posso respirar de alívio e restabelecer as minhas rotinas!
 
Gosto de estabelecer horários, prioridades, tarefas, objetivos, etc., nunca escondi isso aqui. Como nem só no Verão há fartura de colheitas, nesta altura do ano, sou presenteada com abóboras, nabiças, nabos, marmelos e afins. Já para não falar dos restos das culturas do calor que se vão distribuindo pela vizinhança para não se estragarem. Foi, então, altura de voltar a meter mãos à obra. Legumes, frutas e tubérculos a postos, faca em riste e toca a rumar à cozinha para "perder" umas tardes de volta dos tachos e das panelas!
 
Este ano a novidade veio em forma de melancia branca, que é uma espécie de melancia, mas não é tão doce e é utilizada para fazer compotas. Lá a descasquei, descarocei e cortei, para a transformar em doce. Foi a primeira que fiz este ano. Normalmente o Verão é uma altura boa para o fazer devido à fartura de géneros, no entanto, este ano, o calor que se fez sentir foi tão escaldante que não tive coragem para me enfiar na cozinha, se não a fazer o indispensável! A compota de curgete terá, fatalmente, de ficar para o ano vindouro.
 
A chegada do Inverno, convida também ao consumo de sopas. Cá em casa só o pequenote é que as come o ano inteiro. No Verão, eu e o R. substituímos as sopas por saladas generosas. Como fazê-la de raiz semanalmente me tomaria muito tempo, opto por reunir um manancial considerável de legumes (maioritariamente da minha horta ou da das vizinhas) e prepará-los de forma a ter a tarefa simplificada. Ontem, foi dia de cortar batatas, cenouras, curgetes, nabiças e alhos que se ensacaram devidamente e acomodaram no congelador para que, nos próximos tempos, tenha a vida facilitada no que diz respeito à confeção de sopas.
 
Como não podia deixar de ser, e à semelhança de anos transatos, vieram trazer-me um grande balde de marmelos. Só agora consegui acabar de fazer a marmelada. Uma parcela foi reservada para ofertar, a restante ficou para nós que, depois de arrefecida, é congelada em caixinhas de plástico, que se vão tirando à medida das necessidades.
 
Resta-me uma grande abóbora que, mais uma vez, me foi ofertada pela bondosa D.ª Electa. Confesso que estou desejosa de meter mãos-à-obra para a transformar em compotas variadas, sopas e outros pratos curiosos à base de abóbora. É um alimento com muito potencial de que gosto bastante. 
 
Foi também altura de rever algumas culturas no exterior, e deste vez resolvi apostar em mais aromáticas. Cada vez gosto mais de as utilizar na comida, e cada vez conheço mais combinações saborosas. A experiência que já tive em relação às que tenho plantadas diz-me que é uma boa ideia alargar a produção.
 
É também altura de começar a pensar no Natal. Adoro o mês de Dezembro e, como me faz feliz pensar no Natal, começo já! É tempo de preparar prendas e apanhar e preparar pinhas para as decorações. Não sou grande bricolageira, mas este ano estou tentada a aventurar-me a fazer umas pequenas decorações. Sem promessas, confesso que me vou empenhar no assunto. Para já, para já, já tenho as pinhas a secar para as selecionar e observar para pensar no que vou fazer com elas. Talvez recolha também um tronco para fazer uma Árvore de Natal avant-garde, ainda não sei! A minha experiência diz-me que quando não estamos habituados a fazer determinadas coisas, não devemos estabelecer fasquias muito elevadas. 
 
Para o ano, o M. entra para o 1.º ano, pelo que estamos a tentar introduzir novas rotinas para que a adaptação seja mais fácil. As conversas entre nós já introduzem recomendações acerca da importância de ter atenção nas aulas. Se já antes lhe perguntávamos o que acontecia na escola, hoje em dia também estamos preocupados com as tarefas que ele desempenha e a forma como o faz. É importante que ele vá consciencializando que a partir do próximo ano, a escola é para ser levada ainda mais a sério! 
 
E assim, preparada a nossa rentrée, nos vamos introduzindo nas nossas rotinas...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


sábado, 15 de outubro de 2016

A Minha Rentrée


Confessa mulher de rotinas, fanática da organização, adepta das listas e amante da programação, quem me tira o prazer de preparar a rentrée, tira-me uma parcela importante e divertida do meu ano. Desta vez a rentrée instalou-se tarde cá por casa. Como as últimas férias do ano terminaram esta semana, atrasei todo o processo organizativo de que se reveste esta época. Este ano pode ser assim, pois o miúdo ainda está no pré-escolar e foi possível faltar a duas semanas de aulas. As férias foram agradáveis, mas confesso que já estava um tanto incomodada de estar em Outubro e ter tudo cá em casa por fazer!
Chegada a casa, houve que assentar arraiais: desfazer malas e lavar roupa para, finalmente, poder arquivar toda a parnafernália de Verão. Não me apraz, durante uma semana, ter a sala cheia de caixas de arrumação, contudo, o resultado é animador: uma casa organizada e pronta para acolher a nova estação!
Está na altura de reinstalar rotinas que se perderam e que tanta falta me fazem. Tornam a ter de se cumprir horários mais rígidos para que tudo funcione na perfeição. Para quem não tem "obrigações" laborais, a autodisciplina constitui um importante ponto de partida para se ter um dia-a-dia organizado sem cair, nem na bandalheira, nem na pasmaceira!
Quando a saúde me bafeja adoro sentir o prazer de acordar bem cedo, dedicar-me ao que gosto, tirar as primeiras horas do dia para mim e dedicar-me com prazer àquilo de que mais gosto e com ligeireza àquilo de que menos gosto. Como já aqui tenho referido, os dias desorganizados e sem qualquer tipo de planeamento descompõem a minha saúde mental. A rentrée tem sabor a ordem e a retoma de rotinas em que se avizinham dias dinâmicos, com muitas coisas para fazer, projetos para abraçar e tarefas para concluir. O difícil mesmo é não me perder na imensidão de coisas que quero fazer.
Apesar de já me ter mudado há uns tempos, continuo com muitos projetos para a casa. Restam ainda alguns problemas por resolver e soluções para substituir. A organização dos alimentos está, por exemplo, de momento a ser reequacionada. Sobre isso já falei neste post e por altura do Natal darei notícia das novidades.
Eu e o R. continuamos com Kilos a mais, pelo que resolvemos abraçar um regime alimentar e de exercício mais rigoroso. Tenho andado em campo à caça de receitas apetitosas e pouco calóricas (pois já ando um pouco saturada da minha alimentação rica em proteínas magras). Tenho andado a registá-las e adaptá-las para as incluir nas ementas semanais. Já calendarizei as atividades físicas: caminhada, bicicleta e natação, sendo que só falta retomar a piscina.
Um sonho antigo continua a ser procurar que o R. coopere mais na organização da casa. Ainda não encontrei a fórmula milagrosa, mas confesso que me incomoda não ter tudo melhor por causa das coisas que ele vai plantando cá por casa (ainda agora saiu para trabalhar e estou a ver os seus chinelos no meio da sala, grrrrrrr)!
Está também na altura de começar a pensar no Natal. Não tarda, a casa enche-se de enfeites e prepara-se a chegada da Avó Elsa. Vou aproveitar que estou a dar uma grande volta nas revistas de receitas para ver o que vou querer fazer no Natal. 
Mas nem só do interior da casa se povoam as minhas ideias. Para o exterior da quinta também tenho alguns projetos que quero ver realizados. Vou aproveitar a boleia da limpeza do pinhal que levamos a cabo neste Verão para compor definitivamente o espaço exterior. Terei de dar cumprimento a um determinado calendário de tarefas que terei necessariamente de conciliar com os projetos científicos que tenho em mãos, pois recentemente abracei mais um.

A juntar a tudo isto, e para terminar, importa dizer que estou muito empolgada e empenhada para continuar a minha labuta pessoal numa eterna busca de uma vida mais plena e cada vez melhor!




terça-feira, 20 de setembro de 2016

Quando um vai e o outro fica...


Hoje, assinala-se mais um ano sobre a partida do meu Irmão. Procuro vaguear pela minha memória tentando recordar-me do torpor em que estaria neste preciso momento, nesta mesma hora, neste mesmo dia. Sei apenas que o choque se apoderou de mim. Sei que ao longo de várias semanas vivi num limbo de dor inimaginável e indescritível. Jamais esquecerei o rancor que se apoderou de mim ao receber no seu telemóvel uma mensagem que anunciava o nascimento de uma criança, já ele jazia numa mesa de uma morgue qualquer. Como poderia alguém estar feliz num dia tão miserável?!
A operacionalidade que me caracterizou nos primeiros tempos, em que tive de resolver questões práticas e servir de amparo aos meus pais, quebrou-se ao final de algumas semanas. Caí num abismo profundo de dor. Soube que a vida jamais seria a mesma. Lançadas as suas cinzas ao mar, ao terminarem todos aqueles rituais de morte, recordo ter mergulhado numa solidão tão profunda e dorida que não consigo sequer descrever.
Deitada na minha cama, deixava-me sacudir pelo cansaço provocado pelo sofrimento até que o sono me levava a viajar pela ilusão de que nada estava a acontecer. Como desejava que a realidade fosse o sonho e o sonho a realidade!!
Não pude, no entanto, sofrer livremente as minhas dores. Na verdade, tinha a enorme responsabilidade de não deixar que os meus pais caíssem. Se era duro ficar sem o meu Irmão, como suportaria ficar sem os meus Pais? O mundo também não me soube deixar sofrer. Todos me diziam que a minha preocupação devia estar virada para os meus Pais: Tens de ser forte, os teus pais precisam de ti! Ouvi vezes sem conta. Na verdade, mais do que aquelas que precisaria de ouvir. Tinha vinte e dois anos, era pouco mais do que uma jovem adulta. Onde poderia eu arranjar humanamente coragem para amparar um pai e uma mãe que haviam acabado de enterrar o seu bem mais precioso - um Filho! Eu, que nem sequer sabia o que era o amor de um pai ou de uma mãe.
É duro perder um filho, bem sei, consigo imaginá-lo. Conheço demasiado bem essa dor porque convivi com ela durante muitos anos. É igualmente duro ver os nossos pais morrer em vida. No dia em que enterrei o Guncha, enterrei também parte do meu Pai, da minha Mãe e de mim. Perder um Irmão não é menos duro. Perde-se o primeiro e mais íntimo amigo de todos. Perde-se parte da nossa história. Passamos a ser tripulantes de um barco naufragado que, muito a custo retoma a sua rota.
É preciso reaprender a viver. A vida nunca mais torna a ser a mesma. Passa a haver o antes e o depois. A dor encarregou-se de me moldar.Com o tempo aprendi a ser mais feliz. Mais feliz porque não tenho o amanhã como garantido. Aproveito cada segundo na companhia de quem mais amo. Quando acabo de abraçar o meu Marido, não sei se o poderei voltar a fazê-lo. Cada beijo é como se fosse o último. Aprendi da mais dura forma que a vida se esvai num ápice.
Estou grata pela vida que tenho. Se não tivesse sido a sua precoce partida, nunca me veria tão grata pelos dias que se sucedem rotineiros e prazerosos. São no entanto prazerosos, porque, na sua simplicidade e singeleza me proporcionam a segurança de ser quem sou, de carregar todas as minhas alegrias, dores e sofrimentos. Se não fosse a sua precoce partida simplesmente não seria eu. Sou fruto daquilo que sofri, daquilo que vivi. Principalmente sou fruto duma espécie de irmandade, pois faço parte do grupo daqueles que desde que nascem têm um amigo à espera. Não seria quem sou se não tivesse partilhado parte da minha vida com um irmão.
Quando um vai e o outro fica, resta-nos, sem dúvida, um sentimento profundo de solidão. O vazio é aterrador. O abrupto do desaparecimento é traumático e terrível.
Não éramos gémeos, mas tinhas pouco mais de 12 meses de diferença. Tu foste o meu primeiro amigo. Nunca se apagarão da minha memória as brincadeiras que partilhámos, noitadas que fizemos e até brigas que tivemos. Não sei como seria a vida contigo, hoje. Sei, no entanto, vincada, profunda e sentidamente como fiquei quando um foi e o outro ficou...


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Mães de cesariana


Após o feliz nascimento de mais uma "sobrinha", apraz-me falar das mães que, como eu, falam cesarianês. Tenho lido muito sobre o assunto. Há quase cinco anos, dei à luz o meu Filho de ventre aberto. Deitada num bloco operatório, anestesiada e ligada a muitas máquinas, vivi o momento mais importante da minha vida.
Não quero tecer juízos de valor, quero apenas aproveitar este meu cantinho para me exprimir livremente sobre o assunto. Acho, sinceramente, que cada mãe vive o nascimento do seu Filho à sua maneira. O erro está na intervenção opinosa de quem nos rodeia e que, longe de vaguear pelos nossos pensamentos mais profundos, tece ideias generalistas, quanto a mim pouco sensatas e mesmo dotadas, por vezes, de uma insensibilidade sem par.
Independentemente dos motivos que levam à intervenção cirúrgica, nós, mães de cesariana, somos legadas para uma categoria inferior, estamos num patamar diferente de maternidade. É atual e moderno ter um parto natural. A amamentação também está na ordem do dia (mas isso são contas de outro rosário). No meu caso, que tive o M. num Hospital Público, fui intervencionada pelo facto de não ter condições para sobreviver a um parto convencional. Sei, no entanto, de casos de mães que, por comodidade, medo ou outro motivo qualquer que não implique a direta sobrevivência da mãe e/ou do bebé, optaram por um parto cirúrgico. Sei também que nos estabelecimentos de saúde privados recorre-se muitas vezes a este método, por ser mais seguro. Mais do que isso, sei que não sou absolutamente ninguém para questionar as escolhas das outras mulheres. Por isto fico atónita ao ouvir/ler futuras mães, mães que tiveram partos naturais, profissionais de saúde e afins dizer que nós, mães de cesariana, não criamos vínculo afetivo com os nossos filhos. Não o criamos porque não passamos pelo processo natural do trabalho de parto. Não o criamos porque, muitas vezes, também não amamentamos. Não o criamos porque estamos meio anestesiadas ao longo de todo o processo.
Tenho conhecimento de uma mãe que ficou traumatizada por não poder ter tido um parto natural por questões de sobrevivência. Como pode uma mãe, pensando no bem do ser que se avizinha à sua guarda e destino de todo o seu amor, sentir-se mal simplesmente por não parir como devia??!!
A verdade é que somos socialmente malquistas porque tidas como incapazes de fazer o mais supremo sacrifício pelos nossos filhos. Somos tidas por egoístas que apenas pensam no bem-estar próprio. Mas pior do que tudo é o facto de se duvidar do nosso amor pelos nossos filhos.
O facto de eu ter dado à luz num bloco operatório, e não numa sala de partos, não faz de mim menos mãe. O facto de ter podido apenas beijar o meu Filho muito fugazmente no momento do seu nascimentos, também não implica que não tenha imediatamente criado um vínculo para a vida. ´
Uma mãe de cesariana é tão capaz de gostar do seu filho como qualquer outra. Não me sinto num patamar diferente de todas as outras mães que gostam e se prezam de o ser.
Daria a vida pelo meu Filho, tal como o fiz no dia em que o tive. A minha entrada para o bloco operatório não era garante da minha saída com vida. Como qualquer cirurgia, teve muitos riscos ao que os meus vários problemas de saúde não foram alheios.
Não pari, desconheço as dores do parto. Recuperar de uma cesariana numa cama de hospital durante seis dias, com um recém-nascido ao meu cuidado, também não foi um processo fácil. Conheço as dores de ter o ventre cortado e cisado, mas sinceramente, essas pouco me interessam, e pouca relevância têm para a ponte existente entre mim e o M.. Honestamente, sei que fisicamente foi duro mas não é disso que guardo memória, nem é disso que se trata. Sei também que as minhas opções e as da equipa médica visaram essencialmente preservar o bem-estar do meu Filho. Ele era o motivo e não eu! Centrar o nascimento de uma criança numa ocasião meramente feminina não é, a meu ver, uma atitude tolerante. Não me expresso intencionalmente acerca do parto natural. Não o admiro, nem deixo de o admirar. Admirável é haver mães que, como a minha, apesar da dor de ter enterrado um Filho, continua a lutar por mim! Admirável é haver mães que amam incondicionalmente os seus filhos, já que nem com todas isso acontece. Admirável é haver mães que, contra todas as expectativas conseguem, com a força movida pelo amor que têm pelos filhos, criá-los, educá-los e ajudá-los em que circunstância for.
Não sou menos mãe, não gosto menos do meu Filho nem, tão pouco, me sinto num outro patamar da pirâmide da maternidade. Não sou mais nem menos do que qualquer outra. Sou apenas e só a mãe que consigo ser, a mãe que as minhas forças permitem que seja, a mãe que, à semelhança de milhões de outras, faz tudo pelo seu Filho, a mãe que não tendo tido a dor conhece a força do superior amor maternal...

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Rumo à Capital

 

É praticamente de malas  à porta que eu regresso a este meu cantinho, durante uma semi-rentré que tem vindo a conta-gotas! Por norma, esta altura do ano, à boa maneira de uma "professora reformada", significa recomeçar. Ao longo de, praticamente, quatro décadas que este mês significa fim de férias e início de um novo ciclo.
Este ano, como referi, o reinício tem vindo aos soluços, o que de certa forma me está a deixar uma tanto baralhada! O R. só conseguiu férias para o início e para o final do Verão, pelo que, quase em Outubro, rumamos novamente à terra natal para mais umas férias em família. Por outro lado, eu e o pequenote estamos de partida para uma mini estadia em Lisboa. Na verdade não chega a ser uma semana, e o pretexto é o aniversário da Avó Elsa, que já estava a precisar de o celebrar na companhia da família.
Assim sendo, desta feita, a aventura é nova: eu mais o pequenote de comboio rumo à Capital! Mais uma vez a logística assumiu um importante papel na preparação da viagem, que está, porém, cada vez mais aperfeiçoada! 

Como sempre acontece, temos um sítio onde ficar e tudo preparado à nossa espera. Tal não seria possível sem a coordenação de esforços entre mim e a Avó Elsa. Com cerca de duas a três semanas de antecedência comecei a preparar a nossa estadia:

- Em primeiro lugar, foi necessário saber o que tinha sobrado da nossa anterior estadia e aquilo que tinha de ser reposto. Consultei a lista das coisas de higiene que ainda ficaram lá, para saber o que seria necessário pedir para repor. Assim, não tenho de me preocupar com o transporte destes artigos que tornam a bagagem mais pesada para mim. Tenho de ter em conta que sou eu quem vai ter de transportar as malas sozinha, olhar por tudo e ter o pequeno pela mão!

- Tive de pegar numa agenda para planear a "distribuição do neto pelos avós"! É mesmo assim! Não quero ferir suscetibilidades e, como não sei fazer as coisas de outra maneira, de calendário e lápis na mão, calendarizei as atividades do meu menino. Tive, naturalmente, em conta os seus horários de descanso e de refeições. Tenho estipuladas as horas aproximadas de o ir levar e buscar aos diferentes locais! Chamem-me maníaca da organização, não me interessa!!

- Também de agenda na mão, tive necessidade de elaborar a ementa, pois a vida não está para comer fora e o melhor é ter as compras feitas antes mesmo de chegar. Daí a necessidade de fazer tudo com tanta antecedência. A minha Mami já não anda para nova e não pode andar para aí em grandes correrias a fazer tudo à última da hora! Assim, quando lá chegar, sei exatamente aquilo que vou comer sem me preocupar com as compras!

- Tenho, em formato digital, uma lista de viagem que só tenho de adaptar às circunstâncias e especificidade de cada deslocação a Lisboa. É premente levar SEMPRE determinadas coisas (carregador do telemóvel, medicamentos, etc), pelo que tenho sempre registadas essas necessidades sem me arriscar a que na elaboração de uma lista de raiz me possa esquecer de coisas de grande importância.

- Para tratar da roupa faço contas aos dias. O M. normalmente não anda empiriquitado, pelo que não vejo motivos para o fazer nas férias. Faço questão de vestir sempre o meu Filho com roupa muito prática e confortável. Se tenho cinco dias pela frente, levo-lhe cinco t-shirts, cinco pares de calções (se for Verão), um abafo, roupa interior para o dobro dos dias, um fato-treino e pouco mais. Se as férias implicarem praia tenho, naturalmente, que pensar na roupa de praia. Quanto a mim, a técnica é sempre a mesma, faço contas aos dias, escolho uma muda para cada dois dias e seleciono os respetivos assessórios. Ensaco cada conjunto e, à chegada, é só pendurar no mesmo cabide cada muda e dispor os saquinhos dos assessórios correspondentes a cada um desses conjuntos de roupa.

- Na minha lista consta também a roupa de viagem. Isto é, sei exatamente aquilo com que vou vestida. Isto pode parecer bizarro, mas como vou de transportes, é uma forma de levar vestido aquilo que ocupa mais espaço dentro da mala.

- Uma viagem de quatro horas implica levar comida, água e roupa suplente para o miúdo. Desta forma, também tem lugar na minha lista todo um conjunto de coisas que não convém esquecer de ter à mão. Na mochila do miúdo não pode faltar a muda e o farnel, por outro lado, na minha, há coisas que não podem ficar esquecidas em casa (o bilhete do comboio, documentos, etc)! E sim, sou daquelas que verifica quarenta vezes, antes de sair de casa, se tem o bilhete!! O mesmo é dizer que até o conteúdo da minha mala tem lugar na preparação da viagem! O lema é: nada pode ficar em terra!

- Para a viagem de ida nunca me safo de levar as "encomendas da terrinha"! A vizinhança, quando sabe que estou de partida, nunca deixa de me trazer uns miminhos para eu levar à Mami. Por outro lado, os queijos artesanais da vizinha, os bolos-esquecidos, as chouriças, alguns espécimes da minha horta e afins, têm que ser transportados no belo do saquinho hortelão! Trata-se de um entrouxo, bem sei mas, à chegada, sabe sempre bem dar os miminhos àqueles de quem gostamos!

Agora, como diria o meu Pai, quando já todos estávamos devidamente acomodados no carro para partir em viagem: Todo o mundo rolando?

domingo, 21 de agosto de 2016

Organização dos Alimentos


Ando em maré de dar a volta à cozinha! Já a tinha organizada, mas agora, como arranjei um novo sistema de inventário de stocks, surgiu a necessidade de rever algumas coisas por aqui.
Aproveito sempre estas grandes reviravoltas para atentar aos pormenores que, anualmente, vão sendo descurados, porque não passam disso mesmo, pequenos pormenores. Mas de quando em vez há que meter mãos à obra:
Após uma extensa pesquisa na internet acerca de organização e economia doméstica, resolvi, para além de reformular algumas estratégias (que na devida altura darei conta), começar pelo compartimento mais importante da casa, embora, quase sempre, o mais cansativo!
Há cerca de três anos e meio que os meus recursos económicos desceram drasticamente. Nos primeiros tempos tive de fazer um processo de habituação, em que por vezes cheguei a sentir algum desespero. Mas, como tudo nesta vida, é uma questão de hábito! Como quando se fecha uma porta, abre-se uma janela, também eu abri a minha e descobri um mundo novo e diferente à minha volta. Aprendi a dar menos valor a determinadas coisas, a ser muito menos consumista, a gerir uma casa com racionalidade e a distinguir o fundamental do assessório. Claro que também aprendi e continuo a aprender a cuidar de uma horta, a reconhecer árvores e plantas, como se faz o azeite, etc...
Mas não dispersemos. Em primeiro lugar fiz o inventário de todos os bens de consumo existentes na minha casa. Desde detergentes, passando por lenços de papel a terminar nos artigos de higiene e alimentos. Resumindo, dividi os bens em categorias (limpezas, alimentos secos, Mistóflas...). Já anteriormente fazia o inventário com frequência para poder elaborar a minha lista de compras e gerir as refeições. Mas desta vez, foi tudo a eito! Cheguei a conclusões animadoras que me permitirão poupar ainda mais dinheiro, espaço e tempo:

- Alguns detergentes jaziam para lá há anos (desde que comprei a casa). Isto é, não são utilizados, logo não são precisos, logo, ocupam espaço, logo podem dar-se!

- Alguns detergentes são desnecessários. Não vale a pena ter um detergente em spray outro em creme para a mesma finalidade. Na caixa dos detergentes do WC, por exemplo. vai passar a estar exclusivamente o da limpeza das loiças, o da sanita e as toalhitas de manutenção.

- Tinha para lá lixívia, que já não utilizo porque é ácido clorídrico e, ao contrário do que comummente se pensa, NÃO desinfeta (é apenas altamente TÓXICO). Para além do cheiro horrível que emana!

- Os detergentes do chão têm obrigatoriamente de ser três: Lava-tudo, especial tijoleiras e especial madeiras. À exceção do primeiro, os restantes pouco se gastam, pois as áreas são pequenas.

- Sou viciada em limpar balcões de cozinha, não dispenso o tira-gosrduras que tenho sempre à mão. Naturalmente que o limpa-vidros também não pode faltar.

- Continuo com bastantes, mas fiz a operação destralhar! Quanto aos detergentes da roupa, como mudei para as cápsulas, passei a precisar apenas do tira-nódoas e do das lãs.

Bem sei que poderia fazer em casa os meus próprios produtos de limpeza, mas opto por comprá-los porque tenho a sensação de que as coisas não ficam tão bem limpinhas. E como sou poupada na utilização dos mesmos, acabam por durar bastante. Uma das regras que tenho sempre em conta é que mais detergente não limpa mais! Por outro lado, como só sou fiel à marca do da loiça, aproveito sempre as promoções.

Agora, debrucemo-nos sobre o resto dos produtos que jazem na cozinha, assunto que aqui me trás: os alimentos.

Normalmente, os secos que utilizo com maior frequência estão em frascos. A maioria dos frascos são aproveitados de outras utilizações, que em vez de irem para o vidrão, são devidamente limpos e colocados em prateleiras. Como não tenho a sorte de ter uma casa muito espaçosa, optei por comprar poleias e prateleiras para poder fazer uma espécie de pequena dispensa. Tenho também coisas arrumadas nos armários, mas desde que instalei as prateleiras, libertei muito espaço para outras coisas. Como me deram umas etiquetas muito giras, estou à espera que a minha Mãe venha de visita para escrever com a sua mão firme e letra bonita, o conteúdo das caixas. Eu já o tinha feito, mas ficou tão feio que resolvi tirá-las para as reformular. Se há coisa para a qual não tenho jeitinho nenhum, é para fazer coisas bonitinhas!

Como tenho alguns produtos que são colocados em frascos pequenos, optei por agrupá-los em caixas, pois assim, ocupam menos espaço. Na altura em que são necessários, retiro a caixa, tiro o frasco, e volto a pô-lo no sítio. Por outro lado, na hora de limpar também é mais fácil.Assim, massas, aveias, lúcia-lima, vários tipos de arroz e outros alimentos de utilização mais frequente, estão logo ali à mão.

Dentro de um armário grande de baixo do balcão tenho duas caixas grandes: numa acomodo os pacotes abertos, noutra, os que estão fechados.

Como tenho muitas especiarias, esse foi outro problema que tive de resolver. Por sorte, a minha cozinha tem um armário superior pequeno, mesmo ao lado do lava-loiça. Aí, tenho duas caixas largas. Uma alberga os líquidos (molho inglês, etc.), outra as especiarias. É muito prático, na hora de cozinhar está sempre à mão. basta retirar a caixa, escolher, polvilhar e recolocar no armário!

A realização do inventário levou-me a uma resolução drástica! Os homens, definitivamente não sabem fazer compras! Não é que me deparei com cinco pacotes de aveia!!?? Como, muitas vezes, as compras mensais são feitas em família, o R. vai metendo coisas no carro (o que me põe fora do sério!). A partir de agora vou ser implacável! Ou vou sem penduras, ou obrigo-o a dizer-me o que precisa para eu ver se realmente está em falta. Ontem teve o desplante de me dizer que tinha de comprar aveia!!!

Inventariar também me recordou a existência de alguns secos que ficaram para lá esquecidos (farinha de alfarroba, por exemplo). Assim, vou ver aquilo que uso com pouca ou nenhuma frequência (mas que na altura comprei para fazer algo em particular), procurar e receitas e "despachar"!

Quanto aos frescos, tenho o hábito de lavar o frigorífico semanalmente (sobre a planificação da semana ver este post). Costumava ser à 5.ª feira, mas vou alterar para a segunda, que é o dia em que compro os frescos. Sou muito ciosa da ordem dentro do meu frigorífico. Não suporto ver lá dentro loiças, panelas e recipientes destapados. Para além de que, cada prateleira tem o seu tipo de alimento. A regra de ouro é que o que precisa de temperaturas mais frias, está nas prateleiras superiores.

A arca congeladora também está organizada por tipos de alimento: peixe, carne, legumes, pão e diversos (a esta categoria pertence, por exemplo o molho de tomate, ou a polpa de limão que preparo no inverno, quando há fartura de limões, para fazer gelado no verão). 

Por ora vou despejando os frascos para os ir lavando, retirando as etiquetas antigas e pô-los bonitos, porque estão à vista! Outros, pretendo substituir, pois o objetivo é ficar com as tampas todas em vermelho que é a cor predominante na cozinha).