Organização, arrumação e perfeição não são o meu forte...Projetos inacabados, arrumações sem fim, novas ideias entusiasmantes, mas que nunca passam da minha imaginação e muita, muita coisa por fazer, eis aqui, o diário dos meus fracassos...
domingo, 6 de dezembro de 2015
A Vida sem Natal
Quadra Natalícia é sinónimo de agitação, alegria, comida boa, estrelinhas, luzinhas, prendas e, acima, de tudo é uma época de confraternização com a família. Adoro esta época do ano!
Da infância trago comigo a imagem de uma grande azáfama em volta da elaboração do presépio, que até metia a corrida ao musgo na Serra de Sintra.
Jamais poderei esquecer as horas infindáveis, esperando a chegada do Pai Natal, que passei com o meu saudoso Pai, a jogar ao Rapa (a feijões ou rebuçados, claro está!).
Por norma, nós os dois eramos os mais entusiasmados nos preparativos. A árvore ficava toda camuflada de fitas, bolas e muitas, mas mesmo muitas luzes. Depois de feita junto à janela, rumávamos à rua, para ver a nossa obre cintilante.
Sempre gostei de tudo o que tinha sabor a festa. Aquando da minha meninice e já jovem adulta esperava impacientemente pelo próximo Natal. Esta quadra era até assinalada com os odores do ar. E quantas vezes, ainda hoje, sinto o aroma do Natal pelas ruas!!
Aos 22 anos, por vicissitudes da vida, a minha casa deixou de ser invadida pela quadra, e deu lugar a um profundo vazio. Um vazio demasiado pesado para ser descrito em palavras. A mesa, em torno da qual se reunia a família, ficou com um lugar vazio.
Assim se iniciaram 12 longos anos sem Natal...
Diz o povo que quando algo nos falta é que lhe sentimos a falta, não posso estar mais de acordo. A vida não nos dá garantias. O que hoje é certo, amanhã, ou não fará sentido ou deixa de o ser. Dar por certo sentar a família à mesa, para sempre,é uma miragem. Tudo se acaba, tudo tem um fim.
Por tudo isto e muito mais, vivo esta quadra com muita intensidade. Sabendo-me mais pobre sem Pai e sem Irmão, devo-lhes a reconquista do Natal. Onde quer que estejam, estarão por certo a partilhar da minha alegria.
É preciso continuar, o tempo não se cristalizará. Hoje, sabendo que nunca mais voltarei a usufruir com eles esta época do ano, resta-me passar para o meu Filho o legado que o Avô Zé tem para dar ao neto, que nunca chegou a conhecer. Proporcionarei ao meu Filho a alegria desta quadra. Haja o que houver não o privarei dos Natais vindouros.
Sempre compreendi a resolução dos meus Pais. Nada se deve igualar ao luto por um filho. Mas, para mim, confesso, que me deixou uma marca indelével ter tido uma vida sem Natal...
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