A Catedral do Mar



Nas férias de Verão de 2017, uma amiga, professora de Língua Portuguesa reformada, com quem me dou muito bem, por afinidade de interesses, recomendou-me esta obra de Ildefonso Falcones. Já conhecia o autor, por ter lido A Mão de Fátima, e como apreciei bastante este último, aventurei-me a adquiri-lo. Já aqui referi que não tenho o hábito de comprar livros de lazer, pois requisito-os na biblioteca, para além de que já doei todos os que tinha (este também já está nas mãos de uma biblioteca municipal). 
A trama, não tendo tido o seu começo na cidade de Barcelona, é nesta cidade, em pleno século XIV, que se desenrola. A construção da Catedral de Santa Maria del Mar, protetora das gentes da cidade de Barcelona, um oásis de sonho e esperança numa Espanha que ainda se compunha de vários reinos dispersos e em conflitos constantes de disputas de poder, serve de mote ao percurso de uma criança, filha dos maus usos medievais, que se faz um homem próspero. A sua prosperidade, como invariavelmente acontece "fora dos livros" desperta ódios e invejas, capazes de lhe segurar a vida por um fio. Apesar de se inserir na categoria do denominado "romance histórico", dentro do género, quanto a mim, para quem dispensa os pormenores historiográficos, vislumbro uma simbiose muito bem concebida entre a ciência e arte literária, sendo que ressalta a trama dos acontecimentos em detrimento da historiografia propriamente dita.
Destaco essencialmente a barbárie inerente aos "gestos" e vivências, o que, para quem é versado neste tipo de leituras passa despercebido, mas para quem se quer aventurar nesta época da História ocidental, tem aqui um contacto muito interessante e realista dessa característica.
Com usos diferentes, conhecimentos distantes, hábitos em desuso, na natureza humana, afinal, há coisas que nunca mudam….
Sem dúvida, um bom mergulho nas águas das praias de Barcelona do século XIV!

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