quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Enfadada da crise...



No passado Domingo, o marido fez anos, 39 para ser concreta. Para o ano já entra nos entas, enfim, dói aqui, dói ali, dói acolá...
Foi dia de neura... não que não me tivesse divertido com a família toda em casa. O R. esteve de folga, a lareira sempre a carburar, o miúdo com as birras de quem esteve o dia inteiro em casa por causa da chuva. Enfim, um dia a mais que passou... O que não passa é esta maldita desta crise troicana. 
Tenho sido muito paciente em relação a esta falta de dinheiro, mas nesse dia, bem... foi a gota de água. O bolo de aniversário foi de chocolate, feito com restos do que havia por casa e um assalto ao mealheiro para comprar 1/2 de ovos, e não, não estou a exagerar! Já para não mencionar as velas, como estão caras e até tínhamos daquelas para quando falta a luz, não nos ocorreu nada melhor do que pô-las a uso!

Por falar em luz, esta semana recebemos uma visitinha dos edp's, imaginem para quê? Cortar a luz! Mas uma mãe faz de tudo para proteger a cria - perdi a vergonha e implorei pelo bem-estar do meu Filho, apelando à piedade dos técnicos. Fiz a minha cara mais lamechenta e consegui um adiamentozito!!

Infelizmente não nos quedamos por aqui - pode dizer-se que à fome não morremos! No entanto, andamos a feijão, couve e batata. Não é que nos faça mal, nos anos trinta ter qualquer um destes ingredientes numa mesa seria um luxo para muito boa gente! Não é isso que me incomoda, embora o bichinho da fome me visite de noite e os assaltos noturnos ao frigorífico façam parte do passado! Normalmente, entre a 6.ª feira e o Domingo planeio as refeições para a semana que se segue. Ultimamente, confesso que a imaginação me tem faltado para engendrar pratos à base de batata (a fartura cá de casa)!

Certa vez, quando os tempos eram bons, ou melhor, quando era rica e não sabia, estava eu em Amesterdão e vi uma dos quadros mais bonitos e marcantes que alguma vez vira - «Os comedores de batatas» de Vincent Van Gog. Há coisas realmente muito estranhas nesta vida. Não há coincidências, dizem as mentes mais crentes. Mal sabia eu, na altura, que um dia, eu mesma me transformaria em comedora de batatas!   

E assim vou andando neste enfado de me ver já um pouco enfadada da crise...

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