sábado, 14 de fevereiro de 2015

De volta ao paraíso

Adoro fazer planos, tudo para mim tem que ser planificado. Desde a ementa do piquenique às viagens, os documentos que estudo têm vez marcada, etc., etc..
Hoje, o meu testemunho surge em tom de desabafo e não tanto em tom de justificação. Não é segredo para ninguém que sou uma mente inquieta e irrequieta, chamam-lhe bipolar com ciclotimia, eu prefiro chamar-lhe, ocasionalmente, um lote no Inferno. Acho, não sei, que não sou pessimista nem lamechas, mas a verdade é que quando o tsunami vem, me torno a pessoa mais triste do mundo!
Sim, esta é a História da minha vida, entrar e sair da toca. Agora bem me posso dar por feliz e contente porquanto as crises vão sendo cada vez mais espaçadas, os tratamentos crónicos fazem destes milagres...
Desta feita ia morrendo por negligência médica. Fui injetada com um fármaco desadequado e o meu mundo ruiu passado nem uma hora. SOS Mother, planos furados e Natal estragado, foi o excelente resultado da sapiência de um lunático que se faz passar por médico no HCB. Adiante... Mas nem tudo nesta vida é negro e mau, aprendi a não confiar nos médicos que desconheço...eles também se enganam, não deviam, mas enganam-se...
Adiante...
Agora sinto-me novamente feliz, retomei os meus hábitos, rotinas, tarefas e alegrias! Pela enésima vez na minha existência, renasci para a vida. Certamente que reformulei algumas escolhas, repensei nalguns hábitos. Habitualmente, depois de um desaire, surge uma nova aprendizagem. São lições que a vida nos vai dando, e mais não tenho do que aproveitá-las. Descobri, ou melhor, redescobri que adoro o meu Marido que me cuidou, vestiu e lavou durante este episódio dramático. Mais do que nunca valorizei a minha família e os meus amigos.
Não tenho a ilusão de ter apenas aprendido, pelo meio houve muito sofrimento psíquico e físico. A verdade é que quando as coisas não correm como gostaríamos infligem-nos sofrimento. Não me alheio dele... lembro-me todos os dias da "lobotomia" que faço tudo para esquecer. Tropeço, embora com cada vez menos frequência, em esquecimentos e baralhação. Ainda não recuperei do baique, mas caminho galopantemente para a minha costumeira vivacidade. Enfim, quase de volta ao paraíso...

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