sábado, 25 de abril de 2015

Fechar para balanço

Imagem retirada da net
 
Ponderação, reflexão e cautela, não me caracterizam. De natureza impulsiva, pouco ponderada e de espírito aventureiro, sou mais do tipo, "bora lá e logo se vê". Raramente páro para pensar no que quer que seja, e, curiosamente, quando o faço sinto uma onda de sofrimento a percorrer-me o espírito. Pensar perturba-me! Ponderar sobre os acontecimentos e relembrar o passado é-me deveras constrangedor.
Do passado não guardo saudosismo. Adorei e odiei cada ano que passei. Não voltaria atrás, por mais que me tivesse divertido. Nunca me arrependi do que fiz mas apenas do que devia ter feito e não fiz! O passado tem um sabor agridoce - adoro-o e odeio-o!
 
Adoro-o porque o balanço é positivo, as memórias que de mim guardo têm mais a ver com riso do que com choro. No entanto, vivo a vida como se de um eterno tempo presente se tratasse. Não tenho planos, não me lembro de ter realizado um projeto. Aquilo que ponderei no passado é, hoje, uma miragem. Os projetos que algum dia cheguei a ter foram levados pelo vento. Pelo vento de um futuro incerto, por um tempo em que as certezas são cada vez mais a eterna incerteza. A lógica é ilógica. Aquilo por que lutei desvaneceu-se. Não porque tenha sido condenado ao fracasso, mas simplesmente porque deixou de fazer sentido. Hoje, as prioridades são outras. A vida tem outros valores, outra importância.
 
Relativizar tornou-se palavra de ordem. Nunca nada é tão mau que não possa estar pior... A morte, o abismo entre eu e o nada abriu-me os olhos para a vida, por paradoxo que isto possa parecer. A força da saudade e a intensidade de um adeus que nunca chegou a ser dito, são cargas demasiado pesadas para que a vida retome o seu sentido. Há um antes e um depois. Em que o antes foi o que foi e o depois nunca mais terá sido o mesmo.
 
Porque parar é preciso, ponderar faz falta, no meu caso, pouca. Verdadeiramente, fechar para balanço é o prelúdio de uma morte lenta... morte lenta da alma. Não quero parar para pensar. Sabendo embora que a vida tomaria um significado diferente, continuo a recusar-me a parar para pensar....
No dia em que me tornar ponderada, refletida e pouco impulsiva, deixarei de ser eu.......
 
 
 
 
 
 

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