segunda-feira, 28 de abril de 2014

Quando a família nos desgasta...

Quando não estamos lá muito contentes com a vida, as forças faltam-nos. Eu, pessoalmente, tenho dias, ou temporadas, um pouco complicadas de digerir. Acho que estou no rescaldo da Páscoa. Tive a casa cheia de gente que veio para ficar durante uma semana. É óbvio que os reencontros familiares são saborosos. Nós vivemos a 300km da família, pelo que quando as visitas aparecem são, naturalmente, para se instalar na minha casa. O que eu daria para ter ou uma casa maior ou uma casinhota, a uma certa distância da minha, para as poder instalar. Mas temos de ser realistas e, obviamente, que não há nenhuma casa nas redondezas para instalar os familiares. Estou completamente desenraizada do meu meio. Sou lisboeta de gema, e vim para aqui por capricho, ou em busca da serenidade do campo, ainda não percebi muito bem.
Há visitas e visitas! Umas que tenho por obrigação por laços de afinidade, e outras que me dão realmente prazer receber. Tenho uma familiar que só gosta de se sentar e comer, e que não contribui em nada com as despesas. Pior, acha que é um atrevimento da minha parte pedir uma contribuição. Afinal, vivo com um rendimentos de 450 euros por mês, e ter 5 ou 6 pessoas a comer não é a coisa mais fácil do mundo! Principalmente se a visita dura uma semana ou mais.
E não me quedo por aqui, pois trabalho que nem uma escrava! Tenho a casa toda para arrumar e duas refeições mais pequeno-almoço para preparar durante esses dias todos. Acho que quando a família se junta todos devemos contribuir com uma quota parte para não sobrecarregar a dona da casa.
Se durante o resto do ano sinto que perco demasiado tempo com a casa, quando podia estar a fazer coisas mais prazerosas, nessas semanas, até os duches são tomados a correr.
Sim, este post é um desabafo. Desabafo de quem não está nos seus melhores dias. Desabafo de uma mulher que tem a doença bipolar e que não consegue resistir lá muito bem ao desvio da sua rotina.
Como diz a minha Mãe, e muito sabiamente, "as visitas são como o peixe fresco, mais de três dias cheiram mal"! Mas há gente que não se manca, mesmo!
Como estou na ressaca da Páscoa, estou obsessivamente a ser dominada por pensamentos altamente derrotistas em relação ao meu papel dentro desta família. Detesto dependências psicológicas e afetivas. Sempre agi com muita independência e não suportaria ser uma adulta dependente de outra pessoa.
A verdade é que cá por casa, o problema é complicado, não tem fim e é endémico. Não aspiro a ser a mãe perfeita, não as há. Mas aspiro a fazer do meu Filho um homem independente. Não falo de independência económica, pois os tempos estão difíceis e nunca se sabe o dia de amanhã. Falo de independência afetiva. Não quero que o meu menino se torne alguém incapaz de levar a sua vida para a frente por se sentir preso a mim. Fomento o mais possível a sua autonomia dentro daquilo que é possível quando falamos de uma criança que ainda não tem três anos.
Não sou daquelas que ficam perversamente à porta da sala do infantário à espera de o ver chorar com a nossa separação. Conheço quem faça sofrer os filhos só pelo prazer de os sentir dependentes. Claro que acredito que tais comportamentos não sejam 100% conscientes. Mas aí reside o cerne da questão: de quando em vez, há que parar para pensar nas pessoas que nos rodeiam. Há pessoas que teimam em manter os seus comportamentos, pura e simplesmente, por egoísmo ou egocentrismo, não sei.
Empatia, a capacidade de saber como agradar as pessoas que nos rodeiam, não só nos torna mais felizes com também torna mais felizes as pessoas à nossa volta.
Não sou a generosa e a simpatia em pessoa, mas pelo menos tenho uma atitude mais humana e saudável com o mundo que me rodeia. Não suporto a lamechice alheia, cujo único objetivo é centrar os outros na nossa pessoa. Sou alguém que, por ter enterrado um Irmão e o Pai precocemente até poderia ter desculpa para lamechice. Mas não é do meu feitio.
Já estou um pouco perdida nas minhas considerações. Escrevo para fazer desaguar um certo ódio que há em mim, por alguém que considero causar mal estar em mim e na minha família. Ai, relações familiares a quanto obrigam...
Neste preciso momento sinto que o meu mundo está viradíssimo do avesso. Sei que é a minha neurose a falar. Mas também acho que tenho uma certa razão para não estar feliz e contente!

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